𝙋𝘼𝙉𝘿𝙀𝙈𝙄𝘾 // 𝘾𝙖𝙧𝙡 𝙂𝙧𝙞𝙢𝙚𝙨

É uma longa história

Alexandria, final de Novembro, 2015.

JANE POV

O homem parado na sala franze o cenho e depois arqueia as sobrancelhas quando parece lembrar de mim.

— Jane?

— O que você...? — Tento formular uma frase mas mal consigo pensar.

Ouço a porta ser aberta e as atenções vão para Carl, que fecha a porta depois de entrar e acena para mim antes de andar até os outros dois homens na casa.

— De onde a conhece? — Rick pergunta confuso e Carl pega a irmã no colo enquanto Walsh continua estático.

— E-ela... — Ele engole seco. — Onde está a sua mãe?

Ele dá um passo na minha direção e eu recuo.

— Eu me perdi dela há meses. — Respondo com raiva.

— O que está acontecendo? — Rick pergunta impaciente.

— Meu nome é Jane Clarke Walsh. — Olho para Grimes e respiro fundo. — Ele é meu pai.

Carl e Rick arregalam os olhos.

— O que?!

— O que faz aqui? — Shane me encara um pouco irritado.

— Eu encontrei esse lugar por acaso.

É claro que ele não ia me receber de braços abertos.

— Desde quando tem uma filha de dezessete anos, Shane?! — Rick insiste em se intrometer.

Meu pai suspira.

— É uma longa história. — Ele dá as costas e se senta no sofá.

— Ele engravidou a minha mãe enquanto namorava ela, me "acompanhou" — Faço aspas com os dedos. — até os meus seis anos de idade e sumiu.

Os três na sala me encaram.

— Resumidamente. — Falo irônica.

— Deixou sua família pra trás? — Rick o olha.

— Não era minha família, Rick, era minha ex e a menina que nasceu do nada.

Eu arqueio as sobrancelhas. — "Do nada", não, né. Ou você quer que eu te explique como as crianças vêm ao mundo? Não é pela cegonha, papai. — Falo sarcástica e ele fecha a cara.

— Como sabe que é ela? — Carl fala pela primeira vez. — Você não a vê há onze anos. — Eu olho para o garoto.

Shane demora a responder mas logo encara Carl. — Encontrei Jane e Kate há cerca de dez meses atrás quando buscava por suplementos.

— Já faz um ano. — Falo e ele me olha novamente.

— Isso não faz diferença. — Ele fala baixo.

A sala é tomada pelo silêncio e eu apenas passo a mão no rosto antes de subir as escadas. Ouço Carl me chamar mas apenas ignoro e deito na cama depois de trocar de roupa.

Não acredito que meu pai estava aqui todo esse tempo. Pensei que tivesse moto, já que não voltou desde que nos encontramos num supermercado há um ano atrás. Na verdade, eu pensei que ele estivesse morto até mesmo antes de tudo começar, já que ele foi embora. Não sei se me acostumaria em vê-lo ali.

Fecho os olhos, lembrando de momentos em que sofri por não ter um pai presente ou amável e acabo dormindo.

(...)