VIII - O início de algumas coisas

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Capítulo Oito

O céu estrelado em seu mais escuro tom de azul, mas a noite... aaaah a noite! Estava completamente iluminada pelas milhares estrelas crivando o céu, acompanhadas de uma gigantesca lua brilhante. Deitada sobre a areia Anie observava o mar, a sincronia das ondas, quebrando sobre a areia molhada, uma dança perfeitamente ordenada. Foi quando ela rompeu a água finalizando um mergulho, suas mãos correram os seus cabelos para trás. Estava completamente nua. Completamente molhada, completamente entregue. Ravena andou na direção de Anie, abaixando-se na altura do seu rosto, os olhos fixados nos seus lábios, ela se aproximou o suficiente para que Anie pudesse sentir o cheiro do seu hálito. Tomada pelo êxtase que sentia, em um ímpeto de coragem disse:

— Eu quero você Ravena...

e ela prontamente respondeu:

— ô bela Adormecida, você pretende levantar hoje?

Anie acordou em um pulo. O sol já estava forte e quase ao Centro do céu, o que indicava que eram quase 12h. Era só um sonho.

— Aí meu Deus! Eu ia procurar um emprego hoje, droga...

levantou-se correndo, o acampamento já estava completamente organizado, muitos já haviam ido trabalhar, Ravena já havia lavado as roupas, havia lavado as de Anie também, como um gesto de gentileza.

— Eu daria tudo pra saber o que você estava sonhando...

Ravena devaneava em bom tom, olhando Anie correndo de um lado a outro, tentando se organizar e se possível salvar os planos do seu dia tardio.

— Ah, não queira.

Falou secamente enquanto se vestia próximo da Kombi, nua da cintura pra cima, Ravena demorou o seu olhar mais tempo do que pretendia em Anie, que lhe encarava pelo reflexo na lataria da Kombi.

Atordoada, só queria sair dali.

— Bom, eu vou indo.

— Tudo bem...

— Tchau.

— Ei... — Ravena segurou o seu braço e a puxou pra perto dela, completamente consciente, voluntário, tentador e em tom de provocação.

Com o puxão dela, Anie desequilibrou-se o suficiente para cair em cima de Ravena, mas é claro que Ravena não havia pretendido isso. Imagina!

Olhando em seus olhos disse:

— Tenha um bom dia...

— Ah... hãn... aham... tá... tá bom, eu vou.

Anie respondeu, mais gaguejando do que falando, porém continuava intacta naquela posição. Por um segundo um bug cerebral fez com que ela esquecesse como andar.

— Então tá...

Ravena sorriu com o canto dos labios, do jeito mais lindo que Anie já havia visto alguém sorrir.

— É eu vou, eu vou indo. Tudo bem. Já estou indo.

Graças a Deus conseguiu sair dali andando, quase correndo, rápido o suficiente pra chegar na avenida o quanto antes.

"Mas que merda está acontecendo comigo?"

Pensava enquanto andava olhando o chão.

"Eu não sei... que porra de viagem em busca de respostas, que só me trouxe mais perguntas."

Chutava pedras indignada, o sorriso de Ravena vinha em flashback na sua mente.

"Aaaaaaaa! Sai daqui sua maldita!"

Em alguma esquinaOnde histórias criam vida. Descubra agora