02 | A. M.

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Como de costume, o parque estava vazio e nenhuma alma viva passava perto o suficiente para identificar uma sombra sentada no balanço, ou o pequeno ruído de ferro enferrujado, disputando com o vento para ver se o brinquedo permaneceria parado apena...

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Como de costume, o parque estava vazio e nenhuma alma viva passava perto o suficiente para identificar uma sombra sentada no balanço, ou o pequeno ruído de ferro enferrujado, disputando com o vento para ver se o brinquedo permaneceria parado apenas sustentando o peso da criança, ou se rendia ao balançar do ar.

Albert passava a mão em seu coelho de pelúcia bege, que ao decorrer dos anos e pela falta de lavagem, estava encardido, com um olho faltando e pequenos fiapos de algodão saindo nas beiradas da frágil costura. Mas não deixava de ser perfeito aos olhos que, naquele momento, eram inocentes.

Suas roupas desgastadas eram compostas por uma calça jeans larga, uma camisa vermelha G e sua capa de chuva cinza, que não o protegia tanto dos pingos da frágil chuva devido aos buracos localizados em quase todo o tecido. Em seus pés, apenas meias furadas os aquecia e protegia das inúmeras pedras que cobriam quase todo o chão do parque.

Uma melodia saia de seus lábios em pequenos assobios, às vezes acompanhada de sorrisos e batidas em sua perna. A Christmas Carol sempre fora sua cantiga favorita, rodeava a sua mente durante toda noite, enquanto, eventualmente, balançava para frente e para trás.

Ao longe, escutou um barulho de sirene do corpo de bombeiros, ao qual suas luzes vermelhas e brancas refletia no teto das pequenas casas ao redor, ocultas pelas sombras das árvores e a precária, se não nenhuma, iluminação na rua.

Cachorros e gatos perambulavam ao redor do parque, mas nenhum chegava perto para espiar a fonte do severo assobio ou do choque entre correntes, por medo do que encontrariam ou pelo simples fato de saber que era algo ou alguém insignificante, ao qual não valia a pena perder tempo.

Com o badalar da antiga igreja, soube que já era meia noite e seu horário estava acabando. O amplo sorriso, que antes permanecia em seu rosto, diminuiu, deixando apenas rastros de sua vasta diversão. Seu coelho rapidamente foi parar dentro de sua vestimenta, assim como suas mãos dentro dos bolsos da precária capa.

Levantou relutante de seu brinquedo e saltitante, partiu em direção a sua casa para descansar, afinal, quem iria assobiar a melodia amanhã?

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