Aprisionada - BTS

O começo

Capítulo 1

   As ruas são sempre calmas à essa hora da noite, principalmente quando o tempo começa a fechar, com as nuvens cinzas se formando e o anoitecer se aproximando, era ótimo caminhar pelas ruas e sentir o ar fresco e a brisa gélida no rosto. Somente em momentos assim eu podia pensar claramente, sem ter a voz do meu pai pesando na minha mente o tempo todo e todos aqueles instrutores e guarda-costas me dizendo o que eu deveria ou não fazer, onde eu podia ou não ir. 

   Eu nem me apresentei. Sou Samantha Morgan, mas gosto que me chamem de só de Sam. Eu sou filha do grande empresário imobiliário de Los Angeles, Lucian Morgan, tão grande que agora está espandindo seus negócios para a Coréia do Sul. Ele pensa que eu não sei de nada, mas eu sei que seus verdadeiros negócios são ilegais, por mais que ele tente enconder e me achar boba, sou mais espera do que pareço e com certeza é um erro me subestimar. 

   Meu pai é um homem muito impiedoso, quando era pequena costumava ter medo dele, mas ele sempre me incentivou a ser mais forte e superar meus menos, por isso dos instrutores, são pra me ensinarem a lutar, sou muito boa nisso agora. Sempre foi só eu e meu pai, minha morreu no meu parto, ele sempre foi um homem muito ocupado em um tipo de negócio que acumula muitos inimigos, então eu precisava saber me defender. 

   Nós nos mudamos pra Seul, Coréia do Sul, a um mês e já sinto saudades de Los Angeles. Em tão pouco tempo já aprendi a andar pela cidade sozinha.

   Sim, eu sei o que vai dizer. "É muito perigoso andar sozinha por ai por uma cidade desconhecida", meu pai diria a mesma coisa, mas eu não tenho medo, ninguém pode me machucar. 

   É, eu esqueci de mencionar, eu não sou totalmente humana. Meu pai nunca me diz o que exatamente eu sou, ele acha que não estou pronta pra saber a verdade, mas é só um jeito dele me dizer que eu não vou querer saber porque é bem ruim. Eu sempre me senti diferente de outras pessoas, desde pequena, mas levou muito tempo para meu pai finalmente me contar a verdade. Bom, mais pra frente eu conto a vocês sobre isso. 

   Estava passando pela ponte, não tenho ideia de como se chama, ( eu sei, eu sei, eu deveria saber) bom, enquanto caminhava eu vi um garoto de capuz preto parado, ele estava um pouco distante de mim, encostado em um poste de proteção. Parecia distraído e bem pensativo, na hora em meus olhos o encontraram, imediatamente imagens começaram a aparecer na minha mente, então parei onde estava com uma mão na cabeça por conta da dor. 

   Sim, eu tenho poderes também! E, sim elas são bem dolorosas!

   As imagens que eu via eram do garoto parado, coberto de sangue e uma garrafa de vidro quebrada, também com sangue. Eu estava ofegante e de olhos fechados esperando a dor passar, e quando passou eu olhei de volta para o garoto e ele estava indo embora, com um galho na mão, batendo ele no concreto enquanto andava. Eu senti que deveria segui-lo, eu precisava, então o fiz. 

   Andava a metros de distância dele, tentando não perde-lo de vista. Ele nem havia notado que eu o estava seguindo, com certeza deve tá bem distraído em seus pensamentos. 

   Depois de andar bastante, acabei indo parar em um prédio de apartamentos, daqueles nem muito caros e nem muito bonitos. 

   "Será que é aqui que ele mora?", pensei. 

   Parada em frente ao prédio, eu até pensei que deveria ir embora, que o que quer que acontecesse não era problema meu, mas não conseguia me convencer a ir embora. Entrei e vi o garoto no segundo andar, então subi correndo pra não perder ele de vista. Assim que cheguei no andar em que ele estava, o vi parado em frente a porta de um dos apartamentos e também ouvi uma briga vindo de dentro, parecia um casal brigando. Fico ali, parada, o observando, ele estava com cara de poucos amigos encostado na parece ao lado da porta. O vi escorregar as costas pela parede até se sentar e ali ficou por alguns minutos. 

   Eu não sei o que estava dando em mim para continuar ali, mesmo sabem o que pode acontecer a qualquer momento. Eu não tirava os olhos dele, até que de repente ele olhou na minha direção e eu rapidamente me escondi atrás de uma parede e fiquei por alguns segundos, quando voltei a olha-lo ele havia levantado, com uma garrafa de vidro na mão. Arregalei os olhos quando vi a garrafa. Talvez fosse agora que o que eu vi, iria acontecer. Ele adentrou o apartamento com tudo e eu logo corri atrás dele. Eu ouvi o vidro quebrar, mas quando cheguei na porta já era tarde. 

   A mulher estava histérica e o garoto estava apunhalando o homem com a garrafa quebrada. Foi uma das cenas mais aterrorizantes que eu já presenciei, mas não foi a única, mesmo eu tendo travado por um momento eu ainda tive forças pra ir até o garoto e o puxar pelo capuz para que ele parasse de apunhalar o cara. Ele cambaleou pra trás, então o homem todo ensanguentado, já sem vida, caiu no chão. Olhei pra mulher que estava encolhida perto da parede, chorando. Me virei para o garoto que olhava do homem, para suas mãos cheias de sangue, estava totalmente assustado com o que tinha acabado de fazer. Ele se escorou na parede e sentou no chão, claramente, em choque. 

   -- Droga!