Secret.

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Não há segredos que o tempo não revele.

Meu despertador grita, É dia de aula! E me arranca das poucas horas de sono que consegui ter. Não foi uma das minhas melhores noites.

Estou no chuveiro quando seongwoo bate na porta.

- Jimin anda logo, Jay quer usar o banheiro. - grita.

- por que ele não usa seu banheiro? - pergunto gritando no mesmo tom.

- porque o papai esta lá, corre senão o Jay vai se atrasar para a escola.

Por que ele está aqui em casa as 6:45 da manhã? ele tem um casa na mesma rua, e seu próprio banheiro. Será que eles realmente não consegue ficar sem te ver antes de ele ir dar aula e seong ir para o trabalho?

- saio daqui a um minuto - berro de volta.

Os banhos mantém minha sanidade e me dão paz, parece que hoje eu não vou ter nem um dos dois.

Mas é melhor evitar brigas com seongwoo, então engulo a frustração de ser apressado pelo Jay, e troco o chuveiro pelo meu quarto.

Entre roupas e sapatos familiares e as coisas da minha infância, com binky, o elefante, eu me sinto melhor com o caderno cheio de rabiscos do fim do ensino fundamental. Meu velho quadro mágico. O macarrão do acampamento especial. Nada disso tem objetivo a não ser me consolar, por isso eu guardo tudo.

Assim como guardo meu segredo.

Hoje de manhã, o segredo tem garras. E está subindo pelas paredes do meu estômago, retorcendo minhas entranhas, parece um ácido vermelho-quente no fundo da minha garganta, pronto para explodir.

E eu tenho que impedir que esse ácido atinja minha vida toda.

Mas eu me pergunto por que eu sequer tento controlá-lo. Eu devia ter raiva dele.

Eu devia querer arrancar suas bolas e servi-las em uma bandeja de prata.

"sua masculinidade, seu babaca", diz meu eu imaginário.

Mas não digo isso, nem tenho mas fantasias malignas sobre castração.

Na verdade costumo ser legal com ele quando conversamos. Ele provavelmente acha que eu não me importo com o que aconteceu. Já que, depois, na única vez em que falamos da situação eu ignorei o assunto.  Eu disse um monte de baboseira como "está tudo bem" e "eu entendo" e " podia ter acontecido com qualquer pessoa", então ele provavelmente acha que me deu o presente da experiência.

O problema é que eu não tenho raiva dele, não estou com raiva dos meus pais, nem do seongwoo, nem dos meus amigos, e não é culpa da escola.

É minha.

- você é o idiota burro. Ele fez isso porque você deixou. Você deixou. - agora minhas unhas apareceram, rasgando minha pele vulnerável do meu ombro e nuca. - você deixou. - as feridas que precisaram de uma noite para se curar estão sob minha unhas outra vez.

Não importa o quanto aranhe, as palavras continuam na minha cabeça.

O sangue mancha a gola da minha camisa. Não vou deixá-la no cesto de roupa suja pra minha mãe lavar.

- Ele fez isso porque você deixou. Você deixou. - Meu Deus queria extirpar esse cara da minha vida.

Se ao menos eu conseguiste fazer o lado de fora doer mas que o de dentro.

Para me impedir de coçar mais e mais, abro um pouco a porta do closet e encaro o teto do meu quarto. Minha respiração falha e os números começam automaticamente. A compulsão é mas forte que eu. Tenho que contar.

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⏰ Última atualização: May 01, 2020 ⏰

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vinte e três- [ jjk + pjm ]Onde histórias criam vida. Descubra agora