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Mais uma vez o homem consegue satisfazer-me de uma forma que nunca pensei ser possível e o meu estomago reclama....

— Antes de continuar o que começamos ontem vamos comer, toma um duche que eu trato disso.

Coloco o robe de seda que tinha trazido, nunca me senti bem em andar nua por aí ao contrário de Hetick, sorrio e puxo o seu pescoço para que se baixe e me beije, uma atitude que o apanha desprevenido. Passo o corpo por água e ponho umas jeans com uma blusa de alças, sempre tive muita roupa e adoro isso, é o meu mundo, a moda. Na cozinha Hetick falava com três homens, os irmãos Baruc, Átila e Ravi todos falam com descontração...

— Bom dia Kendra!

— Bom dia.

— As mulheres estão loucas para te conhecer. - Ravi declara.

— Ravi contou-nos o que aconteceu. - Baruc olha para mim de lado.

— Resolvemos esse problema durante a noite. - Hetick fica atrás de mim e abraça a minha cintura.

— Quer dizer que agora é só esperar! - Não estava confortável com o a vontade que Hetick tinha em me tocar perto dos amigos.

— Eu darei sempre o meu melhor.

— Do que vocês estão a falar? - Não estava a perceber.

— Saberemos daqui a uns meses. - As suas mãos passam na minha barriga.

oh não!

Fecho os olhos, o meu corpo reage as suas palavras fico rígida, lembro da minha perda, do aborto, por consequência tudo o que passei nas mãos do louco do meu ex namorado, ainda era algo bem presente na minha memória, fico triste no mesmo instante.

Hetick solta um grito angustiado que nos assusta, sinto as suas garras quase se enterrarem na minha carne, afasto-me e percebo que ele está a sofrer, os nossos olhares cruzam-se, a fera mostra o seu lado e percebo que ele leu o meu pensamento, ele viu o que eu recordei, Baruc ordena que vá para o quarto e feche a porta, eu queria ficar e acalmar a dor de Hetick mas não sabia como fazê-lo então entro no quarto e deixo as lágrimas caírem, eu passei um mau momento na minha vida e não sabia se poderia voltar a ter filhos, cada soco, cada pontapé, podia sentir a dor e o sabor do sangue na minha boca quando estava caída no chão frio. Tapo os ouvidos para não ouvir os seus gritos angustiantes, enrolo o corpo na cama e fico assim por horas, ele não podia ter visto, é uma dor só minha, porque logo agora ele tinha de conseguir ler os meus pensamentos? Fiquei ali até ser tarde, a cabana estava em silêncio então comi um pouco, passei os dedos nos objetos feitos por ele, eram pura arte, sempre gostei do toque da madeira, do cheiro das arvores, lembro-me de gastar um dinheirão num conjunto de pratos feitos a mão numa loja do centro da cidade mas comer ali dava um sabor diferente aos alimentos, esperei um dia e depois outro, ele não viria, ele não me queria mais, nenhum outro iria querer.

Peguei numa bolsa grande, coloquei as coisas mais importantes e sai de casa, a porta não estava trancada o que me convidava a partir, não cruzei nenhum deles mas os poucos que me viram partir olhavam para mim de forma estranha, era eu o mostro ali e se antes tinha encontrado a estrada, iria fazê-lo de novo.

O tempo estava a andar rápido e o sol iria começar desvanecer, estava habituada a treinar todos os dias então corri o mais que pude pela estrada, incrível como não há um único carro que passe nesta maldita vila, os pulmões ardiam e as pernas estavam pesadas tal como o coração mas não podia parar, encontrei um velho restaurante de beira de estrada quase vazio mas com linha telefónica. Liguei para a minha tia, a voz esganiçada quando ouviu a minha denúncia a sua preocupação tal como todos os outros, sabia que lhes tinha pregado um susto. Dez minutos depois ela chegou numa carrinha, afinal não estava assim tão longe da sua casa dela e mesmo assim pareciam ter vivido num mundo paralelo.

Não queria contar a ninguém o que se passou então as inventei que simplesmente me tinha perdido. O meu irmão foi o primeiro a quem liguei assim que me instalei, depois de ouvir a minha história ele sabia que estava a mentir mas mesmo que insistisse não ia mudar nada, iria continuar a minha versão.

Sentia a sua falta, Hetick tinha roubado o meu coração sem ter noção disso. A noite era de lua nova, véspera do casamento e decidi ficar na varanda a contemplar as estrelas enquanto no jardim pessoas montavam mesas e cadeiras para a grande festa e amanhã, na minha cabeça eu podia ouvir lobos chorarem, pura imaginação tal como o sentimento de estar a ser observada. As minhas tatuagens ardiam, não como antes mas mesmo assim sentia algo, o que aquele homem fez comigo? Era a primeira vez que via a sua casa, ela enviava fotos mas o lugar era ainda mais bonito ao vivo, uma velha herdade com animais e campos infinitos. Tomei um duche e tentei dormir, o meu coração tinha ficado com Hetick, como ele estará? Sonho com ele desta vez e horrível, consigo imaginar um lobo lutar com outro, há sangue, dor, revolta, morte. Não podia ficar naquela cama, quando a minha cabeça não parava, levanto e aproveito os primeiros raios de sol para correr. A herdade é gigante, corro volta da cerca que delineia o terreno da propriedade, os cavalos correm, mustangues puros e lindos , os pássaros cantam e eu sinto que não estou sozinha. De longe posso ver um homem treinar, sorrio e corro para os seus braços...

Hetick - Spin Off Série Fierce menOnde histórias criam vida. Descubra agora