4 - A revelação

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Eu não deveria, mas estava ansiosa pelo horário que o professor iria aparecer. Ele sempre chegava umas 2 horas antes do fechamento e mesmo que faltasse agora 2 horas e meia, estou nessa mistura de excitação e nervosismo. Não preciso esperar muito e ele logo cruza as portas. Dou-lhe um sorriso tímido que ele me devolve. Logo vai para os fundos da Biblioteca e instantaneamente uma mensagem chega no meu celular:

Consegue expulsar esses alunos e vir aqui atrás? Seja convincente. Preciso falar com você.

Reparo que são 3 alunos nas mesas e 2 nos computadores. Não faço ideia do que posso dizer para irem embora então decido pelo clichê. Chego perto deles e digo:

- Pessoal, sinto muito. Como não tem ninguém para me substituir, vou ter que fechar mais cedo. Não estou me sentindo bem.

Quase que imediatamente, todos levantam e me desejam melhoras e perguntam se eu preciso de ajuda. Dispenso e agradeço e aguardo todos saírem e assim que está seguro, vou na direção que o professor seguiu.

- Conseguiu?

- É claro.

- Como?!

- Disse que precisava fechar.

- E você vai?

- É claro que não, não posso. Mas eles não precisam saber disso. E o que precisava falar comigo?

- Agradecer pela noite maravilhosa que me proporcionou e principalmente não ter dito a ninguém que a convidei ontem.

- Eu nunca diria, até porque não tem o quê contar.

- Aí que tá... Eu não sei como dizer e você obviamente deve ter percebido... Estou profundamente atraído por você e tentei, tentei de verdade, lutar contra isso, resistir... Mas como estou praticamente de mudança, eu senti que já era hora de dizer, eu precisava te dizer como eu me sentia.

- Professor, o que quer que eu diga?

- Nada, não precisa dizer nada! Sei o quanto pode parecer assustador, mas me sinto assim há tanto tempo que ...

- Quanto tempo?

- Desde que te vi pela primeira vez, há 4 anos. Você estava sentada na minha classe, com mais duas pessoas e fiquei desesperado porque naquele dia tinha, sei lá, umas 60 pessoas na sala e eu não tinha como saber seu nome. Por isso que na segunda aula eu pedi aquela tosca (e fora do cronograma) redação sobre sua breve biografia. Foi como eu conheci um pouco da Anna Morgan.

- Então você me stalkeou?

- Sim, indiretamente, mas sim. E me sinto envergonhado por isso, acredite. Mas eu precisava saber quem era você. Era uma necessidade. Acho que me matava mais era você estar tão alheia a mim. Você era a única que não tinha qualquer malícia quando olhava para mim

- Bom, eu tinha namorado. E quando terminei com o Logan, praticamente comecei a namorar a Jess, então... Nem tinha como eu ficar olhando pra ninguém.

- Eu guardei isso todo esse tempo, mas como eu já estou sem tempo, eu precisava te dizer. Eu sempre fui apaixonado por você, desde a primeira vez. Você sente algo por mim? Ou sei lá, pena, medo de mim...

- Não, claro que não, professor. Eu sinto sim atração por você, mas como qualquer garota desse campus, nunca imaginei que poderia dar vazão a isso. Estou surpresa e lisonjeada.

- Acredite em mim, não mais que eu. - Ele olhou para minha mão e a pegou e depois voltou seus olhos para mim - Você se sente à vontade comigo? Não está se sentindo coagida, oprimida, constrangida...?

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