3 - O convite

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Depois de uma semana, a dor começou a amenizar. Eu encontrava Jess esporadicamente, e nessas vezes, ela só me dava um sorriso solidário, um aceno ... nunca mais tentou conversar comigo de novo. Pelo que eu soube, ela estava ficando com a garota com quem me traiu. Eu continuei minha vida normalmente como se nada me abalasse.

Encontrava também o professor Clark com mais frequência. Ele vinha praticamente todos os dias à Biblioteca e eu me perguntava como ele conseguia ler tantos livros tão rápido. Bem verdade que nem todas as vezes ele os levava, mas sempre era o último a sair do local.

Como hoje. Faltam 10 minutos para a hora de fechar e ele ainda está aqui. Levanto da minha mesa e começo a arrumá-la, colocar os livros em suas respectivas estantes sutilmente, sem parecer que estou querendo expulsá-lo. Mas, se parecer também, que se dane, está na hora de fechar.

- Senhorita Morgan? – Ouvi a voz dele atrás de mim e me virei.

- Sim?

- Estou meio nervoso e não sei bem como dizer isso, mas você gostaria de jantar comigo hoje à noite?

Minha cara de choque deve ter sido tão óbvia que ele começou a se desculpar repetidas vezes, eu nem tive tempo para assimilar tudo.

- Eu não queria te assustar, me perdoe.

- Ok, mas por que está me convidando para jantar?

- Acho que podemos ser bons amigos, mas por favor, não se sinta na obrigação de aceitar, prometo que não irei mais incomodá-la.

- Onde e a que horas ? – E isso faz ele ficar em choque.

- Como ?! Você aceita?

- Sim, só me dizer onde quer ir.

- Me passa seu número de celular que te mando uma mensagem com todas as informações.

Ele me deu o celular e anotei meu número. Na minha cabeça não parava de escutar ''isto está errado'', mas ignorei. Eu não estava fazendo nada do que pudesse me arrepender depois.

- Você quer que eu venha te buscar? Eu tenho uma moto e podemos marcar num ponto não muito longe da universidade, até para evitar boatos e especulações, aí eu...

- Não precisa, obrigada. Eu posso ir no meu carro, só depois me passa o endereço.

-Claro, claro. Obrigado e até mais tarde.

E saiu apressado como sempre. Enquanto eu trancava as portas e descia as escadas, chegou a mensagem de um número desconhecido. Eu não fazia ideia de onde era o restaurante, mas pelo maps, ficava a 25 minutos de carro e eu tinha só 2 horas e meia para me arrumar. Corri para o meu dormitório e fiquei naquela dúvida do que vestir. Não queria vestir algo formal demais ou casual demais. Opto por um vestido verde escuro e meu cabelo solto do melhor jeito que ele conseguir ficar. Coloco meu celular para carregar um pouco antes de sair e vejo que tem uma mensagem:

Não desistiu, né? Ou pior, vai furar comigo?

Ok, vou parar de mentir para mim mesma. Não é uma saída inocente e sem nenhuma pretensão, porque se fosse, ele não estaria tão nervoso. E também, não sei como me sentir sobre isso. Nunca me passou pela cabeça me envolver com nenhum professor. Enfim, decido responder.

Saio em meia hora.

Mal posso esperar para te encontrar lá.

Eu realmente não sei como agir. Não vou responder. Arrumo minha bolsa, pego as chaves do meu carro, tiro meu celular do carregador e agradeço mais uma vez por praticamente não ter colega de quarto.
Quando chego ao restaurante, fico meio intimidada, porque esse é um lugar muito chique. A iluminação é baixa, mas só pelo naipe dos clientes vejo que aqui é frequentado por quem tem dinheiro. Procuro o professor com o olhar e não o encontro, então me dirijo ao maître e com todo cuidado, dou o nome do professor Clark. Ele me guia até os fundos, onde parece haver uma sala privativa e com a iluminação ainda mais baixa. Tento não transparecer meu nervosismo ao ver quando o professor Clark se levantar para me receber e beijar meu rosto. Ele está muito elegante, de terno e muito lindo.

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