O Mísero Diário da Escritora

Capítulo quatro - O detestável e mísero diário de Carol

02/05/2020

Detestável e mísero diário,

Meu nome é Caroline, mais conhecida como simplesmente Carol. Sempre quis ser chamada de Carolina, mas isso me trouxe várias dificuldades, ninguém pôde me encontrar nas redes sociais e, claro, sou desesperada por curtidas e atenção. Certo, creio que isso seja descartável, desnecessário relatar aqui, vamos aos fatos.

Minha irmã sempre foi mais famosa, mais bonita e mais querida por todos. Ah, mas se ela fosse modelo, seria incrivelmente favorável para mim! Mas a querida top model fugiu da agência, pouca gente sabe disto. Resolveu seguir carreira de escritora e deu no que deu, acabou com meus sonhos e com minha vida pessoal! Fama, dinheiro, sucesso que ninguém esperava vir de uma mísera e pobre escritorinha. Nunca entendi como um amontoado de papel branco, novo em folha, vendia mais do que meus patrocínios na web!

Resolvi jogar sujo, óbvio, previsível demais, não é? Sou uma serial killer e assassina de aluguel, mato por prazer, mato por dinheiro e pela sobrevivência de cada dia. Cada passo meu carrega um odor de fim. Eu sou o meu, o seu e o vosso fim! Parece conveniente? Talvez seja, talvez não. O único fato que me carrega é a morte.

Fingi que matei meu amor, Marcos. Coloquei as sujas digitais de minha irmãzinha LC na arma, depois paguei algumas testemunhas e pronto, surpresa! Infelizmente, aquele desgraçado aparecera vivo na minha frente, totalmente intacto e sombrio. Disse detestar meus planos e ameaçou entregá-los, mas a paixão tomou conta do seu beijo, seu ser ferveu e eu consegui matá-lo de verdade.

Impossível! Ele sobreviveu. Sobreviveu e ameaçou me entregar para a polícia, desta vez de forma definitiva. Entramos num acordo e viramos cúmplices novamente, prontos para destruir a vida de LC e toda sua Editora. Aquela Editora lucra horrores! Faço minha irmã acreditar que eu ganho mais, pobrezinha, não sabe quanta grana eu consigo com "trabalhinhos extras" e sua autoestima fica claramente abalada. Só queria ter a riqueza limpa dela! E não precisar correr dos policiais a cada dia. Ah, mas se ao menos eu pudesse mudar minha personalidade doentia! Não, nem penso nesta possibilidade, minh'alma depende disso! Diário, seu miserável portador de palavras e consciências, retiro o que disse neste instante.

Fiquem com uma poesia minha e da LC, antes de brigarmos feio nesta jornada literária. Ah, mas se eu assumisse que sinto saudades de sua amizade, vocês acreditariam? Claro que não!

SANGUE SOBRE DERRAMAR

Derramar sombrio, dias sem fim.

Desalinho e alinho, saberes, por fim.

Final arrependido, negar e vendar.

Vendas cegas, cegueiras do ar.

Vento que me leva, carrega ao sarar?

Doença e velas, acender ou apagar?

O nítido sangue jamais derramará.

Agora, num relance, preciso me despedir, diário infeliz! Espero que goste dos poemas a seguir, também desta história livre de amores sinceros, mas repleta de obscuras confusões.

Com muita miséria de sua querida,

Carol