Capítulo 1

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- Vamos Rafa, levanta – Era a quinta vez que Vivian passava pelo quarto chamando-a – Manu já está chegando – Sem sucesso tentou motiva-la

- Deixe a entrada liberada – Voltando a se afundar entre as cobertas. O dia havia amanhecido cinza, o céu do Rio de Janeiro estava tomado de nuvens escuras, o tempo nublado e a friaca lá fora refletia o que havia dentro de si.

- Não vai levantar? – A ex BBB colocou as mãos na cintura – Não me obrigue arrasta-la daí até o banheiro – Vociferou

- Não amiga, eu não quero sair daqui, só me deixa... – Choramingou amolecendo o coração da outra

- Talvez a Manu consiga tirar você daí, já que me trocou! – Tentava mais uma vez descontrair, mas falhou

- Ocê sabe que não... – O desânimo em sua voz era cortante, faz exatos quinze dias que havia saído do reality e o decorrer dos dias isso vinha piorando, ainda mais quando se deu conta de alguns comentários e histórias aqui fora, mas até ela não entendia o motivo, todos estão sofrendo com a pandemia e com o crescente número de óbitos, o isolamento social – Deve ser ela, porque não vai lá atender? – A missionaria sugeriu ao ouvir o som estridente da campainha.

- Porque não vai você atende-la? – Tentava indiretamente tira-la daquele quarto incansavelmente

-Vivian...- Logo deu meia volta dando-se por vencida seguindo pelo longo corredor, atravessou a sala sobre o carpete cor palha até finalmente chegar à porta

- Bom dia, Manu! Entre – Vivian abriu espaço mantendo uma distância considerável para que a minúscula garota entrasse, evitando qualquer contato físico, pediu para que deixasse sua famosa papete no tapete higiênico descartável ao lado da porta – Você está com frio? – Observando o sobretudo preto que era quase o dobro de seu tamanho e de quebra um chapéu de pescador na mesma cor e uma mascara rosa pink

- Bom dia! Não, apesar do clima frio, estou cozinhando aqui dentro, mas tinha que me proteger desse vírus exterminador de seres humanos – Já se desfazendo da peça que mais parecia engolir seu corpo do que a proteger – Onde posso colocá-lo? – Perguntou ao terminar de dobra-lo – Seria bom um saco, né? – seria cômico se não fosse trágico toda a situação caótica com surto pandêmico pós BBB – E esse chapéu aqui também, mas não quero amassa-lo, foi presente da Bianca – E ali se iniciava um monologo sendo divertidamente observado pela outra – Eu comprei alguns milhares de litros de gel álcool – começou tirando da bolsa que tinha passado desapercebida e se perguntou o que mais poderia ter por baixo daquele sobretudo – Queria lavar minhas mãos – Finalmente levantou a vista passando rapidamente pela sala em busca da pessoa que deveria está lhe recebendo – Cadê a Rafa? – Encarou-a – Está ruim assim? –

- Tá meio ruim, não levantou por nada, talvez você consiga – Vivian fechou a porta atrás de si – Vem, tem um banheiro no corredor e a porta em frente é a do quarto – A menor dos sete anões seguiu-a até que encontrasse o lavabo – Fica a vontade, vou está na cozinha preparando algo para o café –

- Valeu – Depois de uma demorada lavada de mãos e um banho corporal em álcool gel, foi para o quarto que estava de porta encostada – Tô sabendo que não quer se levantar...- Deu uma rápida averiguada e notou um leve desorganização – Estou de roupas leves e tênis, prontinha para me enfiar ai com você – Percebeu que a amiga não fez menção em responde-la – Não coloquei minha vida em risco para ser ignorada Rafaella! – Aquilo pareceu funcionar, finalmente tirou a coberta do rosto revelando grandes olheiras de pós festa e um cabelo que mais parecia um ninho de passarinho de tanto nós – Você está horrível –

- Obrigada pela parte que me toca – Voltou a cobrir o rosto

- Pensei que ficaria feliz em me ver, levando em consideração que dividimos a mesma cama durante três meses – Pontuou- Esperava no mínimo uma recepção calorosa, estamos há 13 dias sem nos vermos – Se aproximando da cama sem qualquer intenção de manter um contato maior

Duas IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora