Prólogo: Peão de meia tigela.

68 7 0
                                    


Uzumaki Naruto tinha um grande problema; não era aquele caminho de terra e de pedras que tinham acabado com as rodinhas das suas preciosas malas e com seus belos tênis brancos, não, não era sua carreira, a qual havia dado lágrimas, sangue e suor para construir, indo por água abaixo por rumores sobre sua sexualidade, muito menos eram seus fios mal tingidos de preto que acabaram com o seu lindo cabelo loiro para fugir dos paparazzis, mas sim, um peão de meia tigela que estava cavalgando em círculos à sua volta.

— Onde o playboy acha que vai? — ele perguntou com o sotaque carregado, enquanto olhava o outro de cima a baixo. — Ou melhor, projeto de patricinha de Beverly Hills — corrigiu-se ao reparar as roupas alheias.

Okay, talvez aquela calça cintura baixa — justa por sinal, até porque tinha que valorizar seu trabalho duro na academia — de lavagem clara acompanhada de uma corrente prata usada como cinto, junto do cropped branco — que favorecia a exposição do piercing no umbigo —, somado a correntinha de prata no pescoço, mais os óculos escuros sobres fios agora pretos, dessem um ar de patricinha. Só talvez.

— Projeto não, se duvidar eu sou uma delas! — O ex-loiro soltou as malas de rodinhas que segurava nas mãos e cruzou os braços. — Você quem deveria me dizer, quem é você? — O tom era de exigência; ele batia o pé no chão olhando sério para o outro rapaz.

— Pessoas estranhas que devem respostas! — o caipira rebateu, puxando de leve a rédea do cavalo fazendo com que o animal parasse.

— “Pessoas estranhas”? Olha aqui seu peãozinho de quinta, é bom tomar cuidado com as palavras! — alertou furioso, descruzando os braços e apontando o dedo na direção do rosto alheio.

— Se não o quê? — perguntou curioso.

O desconhecido pulou do cavalo com facilidade, era alto, tinha cabelos lisos escuros que chegavam na altura do ombro, possuía um chapéu de palha preso ao pescoço, estava vestindo uma blusa branca, esta com alguns botões abertos — o que acabava expondo seu peitoral bem trabalhado —, as mangas da peça estavam dobradas; suas calças tinham um tom desbotado e nos pés uma botina.

Antes que o Uzumaki pudesse responder, o barulho de um automóvel se fez presente no local, atraindo o olhar de ambos: uma caminhonete vermelha entrou pela porteira levantando a poeira. O motorista brecou assim que viu uma figura conhecida, mas que a muito tempo não pisava ali; ele abriu a porta e saiu do veículo, assim como outras duas pessoas.

O motorista era um homem que aparentava ter entre cinquenta ou sessenta anos, seus cabelos longos e grisalhos estavam presos em rabo de cavalo e ele vestia uma camisa listrada de cor branca com azul, uma calça jeans surrada e calçava algo que parecia ser um sapatênis; o senhor estava paralisado e seus olhos cheios de lágrimas. A moça ao seu lado tinha cabelos curtos e pretos — de vista a mais nova entre os três —, estava de vestido longo e florido; nos pés uma sandália simples e na face uma expressão de surpresa, exibida enquanto mexia as mãos sem parar. A outra mulher — loira e alta — estava vestido uma blusa xadrez verde aberta, expondo a camisa branca que usava por baixo, uma calça jeans escura e sandálias de salto; calçado que não a impediu de correr até Naruto como se a sua vida dependesse daquilo, desabando em lágrimas enquanto apertava o corpo do mais novo contra o seu.

— Meu neto… Meu netinho voltou! — ela dizia entre soluços, chorando ainda mais.

Os outros se aproximaram depois, também emocionados com a presença do rapaz, e foi então que o sujeito não muito distante, se desesperou um pouco.

Não é possível.

A frase rondava a cabeça do moreno, ele havia insultado o único neto do dono da fazenda em que trabalhava; estava na rua.

O homem, cuja presença quase não fora notada, arrancou o chapéu do pescoço, colocou na frente do peito e passou a curvar-se diversas vezes.

— Mil perdões, patrão, não reconheci seu neto. — Ele parou de mover-se e desculpou-se.

— Está tudo bem garoto, não precisa se desculpar. — A mulher de cabelos negros afagou a cabeça dele e sorriu, juntando-o ao abraço consigo.

— Não tinha como, você não me conhece — o Uzumaki resmungou.

— Ai que o patrão se engana. Seus avós falam muito de você — declarou, voltando a colocar o chapéu sobre seus fios escuros.

— Não me chame de patrão, prefiro o projeto de patricinha de Beverly Hills — debochou e o rapaz fechou a cara.

— Tenho coisas para resolver, até mais! — Após montar no cavalo, acenou com a cabeça e sumiu.

— Que cara estranho, quem é ele? — perguntou o ex-loiro, curioso.

— Aquele é Uchiha Sasuke, tem quase sua idade. Ele faz tudo da fazenda e mora aqui com o irmão mais velho já tem um bom tempo — a mulher de cabelos escuros, que parecia ser a mais nova, respondeu.

— Shizune, você mora aqui também? — perguntou Naruto, vendo o rosto dela tomar a coloração vermelha.

— Ela é minha esposa — Tsunade comunicou rapidamente, deixando a outra envergonhada, escondendo o rosto entre as mãos enquanto o Uzumaki a encarava com os olhos arregalados. — Eu, Shizune e Jiraiya estamos oficialmente casados — explicou.

— Você nunca me enganou, vovó! — Deu uma risadinha cutucando a loira com o cotovelo. — Parece que preciso me atualizar sobre muita coisa.

— Vem, vamos entrar, vou fazer seu prato favorito para o jantar — a loira dizia enquanto puxava o neto para dentro de casa, sendo acompanhada pelos parceiros que levavam as malas do recém-chegado. — Como você está magrinho. Kakashi está deixando você passar fome? — perguntou incrédula.

— Jamais! — respondeu — Eu que não tenho me alimentado direito mesmo — sussurrou, recebendo um puxando de orelha.

— Pois aqui não tem essa, não. Vai comer tudinho! — Ele sabia disso e coitado dele se não comesse.

— Naruto, pelo amor de Deus, o que tem nessas malas? Pedras? — O homem dos cabelos grisalho reclamou do peso.

— São só umas roupinhas, vou ficar por um bom tempo. — A última frase saiu em tom triste; os mais velhos sabiam que tinha acontecido alguma coisa.

— Pare de reclamar! Você sabe que modelo tem que se vestir bem, não importa onde esteja. — Shizune piscou para o garoto. — Naru, por que você não toma um banho e veste uma roupa confortável!? Quando terminar a comida já vai estar pronta. — sugeriu e o rapaz confirmou com a cabeça.

— Certo! — Subiu as escadas dando pulinho, sumindo do campo de vista dos moradores.

— Algo não está certo… — Tsunade foi a primeira a falar.

— Tenho o mesmo pressentimento, mas sinto que ele está seguro enquanto estiver aqui — A morena, parou em um dos degraus da escada.

— Sinto o mesmo. Vamos esperar que ele fale, não vamos forçar nada. É melhor que o Naru se sinta confortável para falar e não forçado — Jiraiya comentou recebendo confirmações.


capítulo betado graça a lenda YnraZero

se leu até aqui, até a próxima!<3

Estrela Que Não Brilha (SasuNaru)Onde histórias criam vida. Descubra agora