Os teus olhos nos meus.

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"Quem ama de verdade vê muito mais do que só aparência. Vê a essência."

(A FERA)


AFEGANISTÃO,

Não tinha como esconder nas estruturas da cultura procedente, a nítida miséria pelas ruas daquele país. Todos buscavam ganhar o seu sustento do jeito que conseguiam, até chegando ao limite de ter que pedir esmola aos outros moradores.

Empurrado a cada passo que dava, o homem tinha os cabelos grisalhos e as vestes que iam dos ombros até os pés num tom amarronzado pela sujeira em decorrência do cotidiano. O muçulmano movia-se com dificuldade, decerto tentando aproveitar dos poucos segundos que ainda lhe restava para pensar em alguma escapatória da atual situação em que se colocou por um deslize na fuga anterior.

Obrigado, o velho chegou finalmente em uma casa pequena e totalmente destruída, mais semelhante a uma gruta do que um lar. Lá, os homens o cercaram com pressão, o impondo a ir em direção á porta.

Transparecendo pobreza, o lugar parecia ainda estar em construção ou simplesmente era apenas um ambiente tenebroso por natureza. Quando se deparou com os conhecidos nada íntimos, o homem se jogou ao chão, suplicando:

― Tenha piedade, meu senhor! ― Rogou com a voz chorosa.

Arrogante, o dirigente na frente do velho estava sentado sobre tijolos altos, tinha as roupas limpas e estava rodeado por seguranças com artilharias em mãos, a expressão no rosto era de pura fúria.

― Eu avisei que não sou de falar duas vezes. A chance foi dada, eu deixei bem claro que te daria uma semana para arrumar o dinheiro e me pagar o que deve, mas você insiste em me aborrecer ― disse. ― Eu não tenho tempo a perder, seu mercador de peixes.

O homem piscou rapidamente, estava tremendo dos pés a cabeça, segurando-se firme nas vestes em suas coxas e afundando os dedos em desespero.

― Sou pobre, meu senhor, eu não tenho nada. Como pode ver, até mesmo minhas roupas estão se deteriorando.

― Isso não é assunto meu, quando precisou de dinheiro para sua mercadoria, eu tive bom coração e lhe dei, e é assim que me agradece? ― A voz se enraiveceu. ― Fugindo como uma presa astuta? Não seja tolo, você é um merda!

O devedor pensava intensamente, seus neurônios torravam. Ele precisava negociar ou acabaria sem a própria vida e a morte nunca lhe pareceu um galardão por todos os anos que passou trabalhando, a maior parte do tempo na venda de suas mercadorias.

Assim que a ordem derivado de um movimento rápido de mão do dirigente foi feito, os seguranças ao redor ajustaram suas armas, prontos para darem o tiro certeiro no corpo ajoelhado no chão. E foi quando a única filha veio em sua mente, mesmo que fosse a futura promissora de sua família já que a rebeldia do filho e a insistência em utilizar as jóias e maquiagens da irmã quando ele não estava em casa, não era algo que o orgulhava.

― Eu posso te dar algo em troca, algo que todos desejam ter ― comentou apressado, assistindo os homens se aproximarem. ― Uma serva, senhor, a mais pura que irá conhecer. Por favor, senhor!

O mandante levantou uma das sobrancelhas em desdém, desacreditado naquele que já tinha o enganado por duas vezes seguidas.

― Esperem! ― Ordenou com a voz firme e os homens cessaram os passos para cima do mercador. ― De qual idade estaríamos lidando?

Apreensivo, o aprisionado engoliu a saliva e mentiu tentando fazer sua melhor expressão de veracidade:

― Dezoito.

ANÁLISE SOBRE TEUS OLHOS | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora