só uma dança

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É, Mitsuba, talvez eu seja mesmo um otário. Talvez o Hanako esteja certo e eu seja um bobão apaixonado, mas, olha, você não pode tirar os méritos do meu esforço. Porque eu pedi ajuda pro Teru — pro Teru! — pra poder te escrever esse bilhete, então eu espero que você me escute pelo menos uma vez na vida.

É que assim, eu meio que queria te chamar pra dançar, sabe? Sem pretensão nem nada, só um forrózin maroto mesmo. E é, eu sei que você disse que não vai na festa junina nem amarrado, e que acha tudo isso um saco — eu não sei como, na real. Você tem um mau gosto do cão, viu? Festa junina é a melhor coisa do ano, poxa. Tem maçã do amor e prenda, tem pau-de-sebo e milho, tem música boa e gente contente. Você não sabe de nada, Mitsuba.

Mas enfim, eu queria que você viesse na festa pra gente ficar igual sanguessuga, juntinhos, sabe? O Teru disse que essa é uma péssima analogia, mas o Teru é um babaca. Só eu e você, coladinhos ao som da sanfona. Vai, fala aí, até que não é tão ruim. Pode admitir, eu deixo. Bem que você queria dançar agarradinho comigo, né não?

Mesmo que a festa acabe e a gente se separe, eu quero uma dança pra poder me lembrar. Uma música só, nada demais, apenas uma oportunidade pra eu te dizer todo o meu sofrer. E quem sabe, se você me entender, a gente adia essa história da separação, né? Se você gostar, eu danço quantos xotes, forrós e baiões forem precisos, eu juro!

Você é bem cabeça dura, Mitsuba, mas eu tô longe de desistir de te conquistar. Você vai ver só; de repente vai saber todas as letras do Luiz Gonzaga de cor, e não vai querer ir embora nem quando a manhã chegar, eu tenho é certeza.

A festa é esse sábado, e a Yashiro vai com o Hanako, e o Natsuhiko conseguiu chamar a Sakura pra dançar com ele, e até o Tsuchigomori vai! Por favor, Mitsuba, vem comigo. Eu faço tudo que você quiser depois disso — só me dá uma dancinha, vai.

Me deixa te segurar assim perto de mim enquanto o fole vai gemendo. Me deixa te ter, nem que seja por dois minutos, ao som da batida da zabumba. Me dá uma chance, uma chanzeninha de nada, e eu te transformo num amante de forró, de festa junina e de Kou Minamoto de uma vez só.

Eu tô é com uma vergonha danada te deixar isso na sua mesa, mas agora que eu já escrevi tudo isso vou ter que entregar. Eu gosto muito de você, Mitsuba, gosto mais do que de festa junina. E todo tempo quanto houver pra mim é pouco, porque eu sempre vou querer mais de você.

todo tempo quanto houver pra mim é poucoOnde histórias criam vida. Descubra agora