Capítulo 33

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No momento que Emily ficou em pé e ereta na concha, sentiu uma dor cortante em seu

coração. Ela apertou o peito e gritou em agonia. Era o momento. A morte. Estava prestes a ser

queimada viva.

Um momento depois, chamas brilhantes e enormes saíram de seu peito. A explosão de fogo e

energia preencheu o Templo com uma luz branca e se espalhou como se fosse grandes ondas

na água. Voando em todas as direções, ele saiu do Templo e se espalhou por todo o Olimpo. O

fogo saía de cada pedacinho dela, a consumindo e sendo lançados de cada poro de seu corpo.

Parada no meio daquelas chamas, a dor foi diminuindo aos poucos até desaparecer

completamente. Emily olhou em volta procurando por sua mãe. Ela sempre tinha ouvido que,

no momento que uma pessoa morre, a família vai buscá-la. Mas onde estava sua mãe? E o seu

avô? E todos os outros que já tinham partido?

Tudo o que ela via era o fogo e a luz brilhante. Emily sentiu-se dominada por uma crescente

sensação de paz.

Emily esperou, mas não sabia por quanto tempo. Tudo o que sabia era que, de algum jeito,

ainda era ela mesma. Podia pensar, sentir e se lembrar de todo o amor e de todas as memórias

que tinha. Lembrava-se de tudo a respeito de sua vida, os anos felizes com a mãe e o pai em

Nova York, a doença da mãe e sua morte. E apesar de haver certa dor naquela memória, Emily

sabia que não era tão grande quanto antes, mas ela também sabia que a mãe estaria esperando

por ela do lado de fora do fogo.

Ela pensou em Joel, o doce, bravo e ferido Joel e a primeira vez que subiram as

intermináveis escadas de seu prédio. Aquilo parecia ter acontecido há muito tempo. Prometera

a si mesma que encontraria a família dele e contaria tudo o que ele tinha feito por ela. Então se

lembrou do sorriso torto de Paelen e de sua esperteza e de Diana, a bela e poderosa Diana

chorando por seu irmão morto, mas mais do que tudo, Emily se lembrava de... Pegasus. Pensar

no garanhão trouxe um sorriso aos seus lábios incandescentes. De todos os novos amigos em

sua vida, Emily sabia que, ao morrer, era dele que sentiria mais falta.

Depois do mais curto dos momentos, ou talvez da mais longa eternidade, Emily sentiu algo

mudar. As chamas estavam retornando. Logo, ela podia enxergar de novo e, de alguma forma,

sabia que era hora de sair do fogo.

Uma nova jornada a esperava. Emily tinha certeza de que a mãe estaria esperando por ela.

Quando se moveu até a ponta da concha, pôde ver por entre as chamas, e o que viu trouxe mais

alegria do que ela poderia imaginar... Pegasus.

Ele não era mais marrom e preto. Pegasus era novamente de um branco brilhante e nenhuma

pena estava fora do lugar em suas belas asas. Majestoso e orgulhoso, ele era perfeito.

Emily se abaixou e segurou na beirada da concha para se apoiar, percebendo que a

rachadura tinha desaparecido. Não só isso. Ela não estava mais no chão do templo. De algum

Pegasus  e o fogo do olimpo Onde histórias criam vida. Descubra agora