Sonho

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Um verdadeiro assassino de sonhos.

Assim eu definiria o rapaz o qual, à primeira vista, parecia de caráter duvidoso, cabelos bagunçados, terno amassado e com o nó de gravata mal feito que, inescrupulosamente, acabara de derrubar meu último sonho, fartamente recheado com creme sabor baunilha, salpicado com creme de confeiteiro e canela.

Não obstante, levou junto meus post-it, o teclado do computador, minha caneca do Star Wars e meu grampeador com formato de hipopótamo azul.

Mas, a julgar pelo modo que se desculpava e tentava ajeitar tudo em cima da mesa, mesmo sob os protestos do nosso chefe que insistia para que todos voltassem à maneira robótica e insana de trabalhar do ambiente corporativo, ele não era tão ruim assim, aliás, não era nada mau.

Parando para pensar, talvez, só talvez, não seja ele o destruidor de sonhos aqui — haja vista nosso trabalho no departamento de R.H. em meio a crise da empresa —, e sim o rapaz de olhos doces que me acordou do coma da rotina no mesmo momento em que me encarou antes de bater o joelho na cadeira e desencadear essa série de fatos desastrosos em plena segunda-feira.

Contos - Copa dos Contos Edição 2020 -AOnde histórias criam vida. Descubra agora