21 • sinto tudo.

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Manhã seguinte.

Acordo e vou direta para a casa de banho, tomo um longo banho, e visto o meu vestido rosa, aquele que gosto tanto, mas nunca me permiti usar porque me disseram que era demasiado curto, ou porque mostrava demais.

Pinto os meus lábios de vermelho sangue, contrastando com a minha pele minha morena.

vestida para ninguém, dona de mim.

Desço as escadas, pego no meu livro e sento-me no banco de pedra ao lado da árvore que dá sombra a quase toda a casa.

Aquela árvore está ali desde que me lembro, desde que os meus pais se lembram, desde sempre.

Companheira dos meus pensamentos.

Deito-me no banco, gelado por conta da sombra. Fecho o livro, coloco no chão relvado. Puxo-me para cima, de modo a ficar com a cabeça pendurada no banco, com o resto do corpo apoiado nele, fazendo com que os meus longos cabelos se estendessem até tocarem no chão.

Poderia ficar assim para sempre, com os olhos fechados, ao pé da minha árvore, comigo e com os meus pensamentos.

O som das cigarras a cantar.
O cheiro do calor.
A pedra fria ao longo do meu corpo.
O meu cabelo molhado que pingava para o chão.

Sentia tudo.

you. | ruby roseOnde histórias criam vida. Descubra agora