A oportunidade

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Hoje é um dia decisivo para minha carreira, recebi a proposta que vai mudar a minha vida

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Hoje é um dia decisivo para minha carreira, recebi a proposta que vai mudar a minha vida. Não só a minha, mas a de outras pessoas. Quando decidi me especializar de fato na linguagem de sinais meu objetivo era trabalhar com crianças que tinham perdido a audição ou boa parte dela. Como já me comunicava em Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) com meu irmão desde que ele era criança — Josh nasceu com 90% de sua audição afetada devida a uma doença congênita — foi mais fácil para decidir qual caminho eu queria seguir. Mas até eu chegar nesse caminho, passei por várias fases, eu não conseguia entender o motivo, eu me sentia mal por que podia escutar músicas, por que conseguia ouvir o canto dos pássaros e meu irmão e tantas outras crianças não.

Quando entendi que a Linguagem de Sinais era uma língua própria para os surdos meu objetivo mudou, eu podia ajudar as pessoas e crianças a terem uma vida normal. E então veio meu estágio com a professora Lilian, quando comecei a assessorar algumas empresas que contratavam funcionários surdos ou com baixa audição, descobri um mundo desconhecido no meio corporativo e então com ele veio a proposta que iria mudar a minha vida.

Gesticulo um bom dia para meu irmão que acordou mau humorado pois sua namorada — ou ex, no caso — do colegial havia terminado com ele na noite passada.

— Como meu querido irmão está nessa linda manhã? — pergunto tentando ignorar seu humor matinal.

O sinal que suas mãos gesticulam era tão obsceno que até quem não conhece Libras consegue decifrar. Era um belo dedo do meio insinuando algo bem feio, que fofo.

— Mãe, estou indo trabalhar! — grito bem alto e gesticulo um tchau bem amoroso para meu doce irmão.

Apesar de Josh nascer sem boa parte de sua audição, os anos com a fonoaudióloga lhe ajudaram a se comunicar pela fala e leitura labial, mas a linguagem de sinais ainda prevalecia em nossos diálogos. Os palavrões eram as palavras preferidas de Josh, quando abria a boca para falar já podia imaginar — e tapar os ouvidos — pois uma frase bem horrenda iria sair.

Meu trabalho é incrível, atualmente sou professora de letras e interprete de Libras para crianças em uma escola na zona sul do Rio de Janeiro. Também dou algumas acessórias para empresas, um belo projeto começado pela professora Lilian que me converteu para o mundo corporativo. A maior dificuldade de se trabalhar com adultos é que eles se sentem acanhados e muitas vezes não querem sua ajuda, diferente das crianças que se abrem para qualquer conhecimento. Chego na escola e vou direto para a coordenação falar com Flávia sobre a situação da escola.

Só Queria Escutar as Batidas de Seu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora