Capítulo 4

7 0 0
                                    

   Dezembro passou voando, Lucy, a representante da colônia e minha guia, quase todos os dias surge com problemas e coisas que de acordo com ela - temos que adiantar - eu não estou reclamando, muito longe disso, toda essa correria constante me lembra de que isso é real, que eu realmente consegui. Quando não estou resolvendo problemas com visto, passaporte e etc, fico na padaria ajudando meus pais ou saio para me divertir com meus amigos - e com diversão quero dizer tomar sorvete, não existe nada melhor do que isso.

   No momento, estou no meu quarto com meus pais, arrumando minhas malas e encaixotando objetos importantes que quero levar, a Lucy diz que móveis não são necessários, pois a colonia já os fornece, então estou encaixotando todos os meus livros.

   - Filha, você não conseguirá carregar essas caixas, são muitos livros, leve somente os que você ainda não leu. - Faço uma careta, talvez meu pai tenha razão, mas, e se eu ficar com vontade de reler algum? Faço essa pergunta a ele. - Bom, você terá que baixar no seu celular ou simplesmente ler outro.

   - Seu pai tem razão, Juli. - minha mãe intervem.

   - Eu sei. - olho para os meus livros - vou sentir saudades de vocês. - minha mãe bufa e fala:

   - Por que eu tenho a impressão de que ela sentirá mais falta dos livros do que da gente? - ela olha para o meu pai.

   - Porque é o que vai acontecer, não tem como competir, eles são os livros dela, nós só somos os pais. - meu pai responde com um sorrisinho e eu reviro os olhos.

   - Como vocês dois são dramáticos, Hollywood chora sem vocês.

   - Obrigada! Obrigada! - minha mãe começa a agradecer fazendo reverências para uma plateia imaginária, meu pai começa a aplaudir e eu rio histericamente. 

   E assim passamos o resto da tarde terminando de arrumar minhas coisas. Checo as horas no meu celular, que indica ser por volta das nove, depois que terminamos empacotar, meus pais foram para a padaria já que o maior fluxo ocorre a noite, mas chegaram uns dez minutos atrás então jantamos e eu vim para o meu quarto, que esta praticamente vazio sendo ocupado somente pela minha cama, uma mesa e prateleiras vazias e meu guarda roupas com roupas suficientes para apenas três dias e a roupa da viagem. Hoje é dia 29, ou seja, faltam dois dias para dia primeiro de janeiro, o dia em que eu embarcarei em um avião e darei inicio a uma nova fase. Como ambos os meus pais são filhos únicos e os meu avôs moram longe nós decidimos passar o ano novo em casa, para aproveitarmos o resto da companhia um do outro enquanto temos tempo e claro que a Manu e o Diogo foram convidados, mas eles não ficarão por muito tempo já que também vão passar o ano novo com a família.

   Levanto e ando em direção ao meu banheiro, vou sentir falta dele, olho para o meu reflexo no espelho, meu cabelo não está tendo um bom dia - ou noite - olho para o azulejo rosa na parede que foi colocado quando eu tinha uns cinco anos de idade e era impressionada com a cor, no canto da parede vejo uma mancha marrom, hum... Ela não estava ai antes. Merda. A mancha se mexeu. Saio correndo em direção ao quarto dos meus pais no mesmo instante e entro de uma vez já que a porta já estava aberta e grito:

   - Tem uma rã no meu banheiro! - olho para minhas mãos que não param de tremer. Tenho pavor de sapos e rãs desde que me entendo por gente. Meu pai solta um suspiro cansado.

   - De novo Julieta? Se você parar de procurá-las você para de encontrá-las. Vou tirar ela de lá.

   - Eu não estava procurando, mas não tem como não ver. - ele me lança um olhar suspeito e vai em direção ao meu quarto. Começo a me acalmar.

   Não sei o motivo que me faz sentir esse medo, eu sei que sapos não fazem mal a ninguém e são importantes para o ecossistema, mas só de pensar neles já começo a me arrepiar e tremer. Alguns minutos depois, meu pai diz que a tirou e eu volto a minha tarefa anterior, tomo banho e visto meu pijama. Começo a minha leitura antes de dormir, dessa vez não durou muito e peguei no sono rapidamente. 

   Hoje é dia 31 e eu estou nervosamente nervosa

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

   Hoje é dia 31 e eu estou nervosamente nervosa. Sei que não faz sentido mas é o que estou sentindo, olho para minhas mãos, estou preparando o jantar para a virada com o meu pai, minha tarefa é cortar os legumes e preparar a sobremesa (adoro fazer doces), coloco uma playlist aleatória e começa a tocar Hold Me Down e eu simplesmente amo essa música, passo o resto da tarde cantando, dançando e cozinhando.

   Ocorreu tudo bem na virada, muito choro e muita risada, hoje já dia 1 de janeiro e estou me arrumando e me preparando para ir pro aeroporto enquanto meus pais colocam minhas malas no carro. Tudo acontece em um flash, desde caminho até o aeroporto até despachar minhas malas, e agora chega a pior parte, a despedida.

   - A minha querida, não chore. - minha mãe diz e me abraça forte. - Eu e seu pai sempre estaremos aqui pra você independente de onde esteja, a um botão de distância sempre.

   Não consigo responder pois não paro de chorar, realmente não imaginei que seria assim, sabia que seria dificil mas tá sendo mil vezes a mais do que pensei. Sinto meu pai entrar no abraço e minhas lágrimas engordam um pouco mais. 

  - Última chamada para o voo com destino a Boston - EUA - uma voz avisa pelos altos falantes.

   - Acho que é isso. - aperto o abraço dos meus pais e depois me solto. - Amo vocês com todo meu coração.

   - Também te amamos, filha. - meu pai responde.

   - CHEGAMOS! CHEGAMOS! - olho na direção dos gritos e vejo o Diogo e a Manu correndo na minha direção e logo me alcançam pulando em cima de mim para um abraço.

   - Achei que vocês não viessem. - digo sorrindo em êxtase e os abraçando de volta. - Nós nos despedimos ontem!

   - Você é uma louca se acha que deixariamos você embarcar nesse avião sem se despedir adequadamente. - a Manu fala se afastando de mim. - E só pra refrescar a sua memória, se a bonita parar de mandar noticias, arranjar outra melhor amiga ou passar um dia sem dar sinal eu vou até lá pra arrancar a sua cabeça! - ela faz uma pose de durona. - Eu te amo, jurema!

   Começo a rir e a abraço mais uma vez.

   - Também te amo minha pitelzinha!

   - E eu? Tô podre? - o Diogo fala fingindo indignação.

   - Claro que não, te amo muitão seu bobão! - o abraço apertado mais uma vez também.

   - Última chamada para o voo de Boston - anunciam mais uma vez.

    Olho para todos eles e agarro minha malinha de mão, respiro fundo e sigo para o portão de embarque, não sei se quero olhar para trás, se eu olhar eu irei desistir, então respiro fundo mais uma vez, mostro minha passagem para a moça confirmar e entro para a ala que leva até o avião. Então... é isso.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Nov 11, 2020 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

O destino de JulietaWhere stories live. Discover now