Rosas & Escudos

Prólogo • Parte I

- Psiu, fala baixo - repetiu severamente, mais uma vez, Zeled, fazendo brusco movimento com as mãos - Eles não podem nos ver nem nos ouvir!

Parecia difícil, pois o pequeno Killian se afogava em um choramingar triste e sussurrante. Havia posto a mão na boca em resposta, mas nada aquilo parecia servir ou chamar sua atenção para a situação atual. Estava em estado de choque. A dor era tão forte que nem o perigo de um inimigo o traria de volta de seu transe bidimensional, pois seu mundo acabara e sua vida desmoronara até se transformar em ruínas, e não se há como construir esperança com ruínas. Estava ilhado em suas dores, ou assim desejava estar. Ele não entendia como Warexk permanecia calmo e confiante ou, pelo menos, externava parecer assim. Eram milhares de pensamentos que voavam em sua mente, que devia ter ficado com algum durante algum tempo, que responderia a esse questionamento. Mas tal pensamento fora levado para longe, substituído por outros de classificação insana.

Olhou para seu irmão, ao seu lado, abaixado de cócoras sobre os galhos marrons sei uma grande árvore.

"Provavelmente algo maior que a dor o dominasse. Algo como o medo o excesso do.", refletira momentaneamente, enquanto uma oscilação extremamente nítida entre paz e agonia o dominassem.

Suas mãos tremiam nervosamente devido ao alto fluxo de pensamentos digladiando-se em sua mente. Precisava liberar para o externo o excesso de dor em sua alma, mas apenas as lágrimas pareciam cumprir tal tarefa. Era preciso algo mais forte, uma transfusão de sentimentos.

- N..Não consigo - balbucionou, aos sussuros, que quase não foi ouvido pelo seu irmão.

- Agora não é hora... - respondeu o Zeled, com tom mais preocupado do que severo. Mantinha o olhar concentrado por entre o buraco dos galhos, mantendo sua visão diretamente para a casa de barro e palha - Não é a hora nem o lugar...

- Vamos embora... Eu quero su...sumir... - disse baixinho, um pensamento alto que extrapolou os limites da sua mente e vazou por entre seus lábios.

- Isso não ajudará em nada... isso não mudara nada, o mundo não andara para atrás assim como as folhas não subirão do chão até as árvores; por mais que isso seja forte em sua mente a ponto de você sentir ele solidamente. Entenda isso e cala a boca!

"Como as coisas são piores com alguem em seu encalço", resmungou em pensamentos Zeled. Não estava sendo fácil e pelo jeito não continuaria se seu irmão continuasse a falar e a choramingar ali perto. O peso de desistir em suas costas só parecia aumentar e quase o fazia dobrar de joelhos no chão. "Mas não agora... todos os momentos eu poderia fraquejar, mas não agora. Enquanto houver o agora, eu nunca fraquejarei.", seus pensamentos ecoavam alto dentro sua cabeça. Ele precisava pensar em algo, mas não conseguiria se concentrar caso aquele barulho proveniente de seu irmão continuasse a se propagar em seus ouvidos. "Será que é tao difícil dele compreender? Deuses!", pensava e logo em seguida precisava dar um longo e profundo respiro para acalmar. Calma... uma fina linha que é usado para me sustentar...

- Irão nos matar se nos ver aqui! Entende isso? - sua voz era severa, precisava ser assim, precisava que essas palavras esbofetassem sua cara para que marcassem - Vamos conseguir sair dessa, mas precisa colaborar. Você não precisa ser corajoso, nem esperançoso, nem sonhador, nem um sentimento mais importa, apenas um: seja forte. Não escolhemos isso mas podemos escolher o final disso!

"Ou assim espero...assim espero...", refletiu nisso, mas não deixou transparecer em suas feições qualquer sinal de preocupação. Precisava mesmo acreditar em suas próprias palavras, pois ninguém mais daria forças a ele.

Balançou rapidamente a cabeça e piscou os olhos para voltar ao foco por onde olhava e ver se perdia algo do que estava a pouca vendo. De lá de onde se encontrava via claramente o casebre, rodeado por um lago logo atrás e uma orla de terra e e cascalho, cheia de pedras redondas e lisas. Provavelmente ali era, antigamente, totalmente coberto por agua, sendo um lago muito maior, mas secara até o ponto de existir apenas uma pequena porção bem ali no centro. A casa era construída em sua base com pedras (agora enlameadas e sujas de terra e mato que quase não era visíveis), e sua estrutura restante de madeira escura e untadas com cordas e palhas em alguns cantos.