PRÓLOGO

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      O mundo parecia ser muito mais bonito antes de todas as cartas começarem a ser escritas. Antes de viver cada história contada nelas. Antes de conhecer pessoas, fazer escolhas. Antes de todas as primeiras vezes. Antes de tudo. Sei do clichê que diz: "ninguém nunca disse que seria fácil", mas só a eu de agora – que está escrevendo neste instante – e a eu de antes, para quem escrevo, sabem como foi difícil.

      Sim, duas pessoas. E sim, duas pessoas completamente diferentes. Qual a nossa diferença? É que depois de tudo, aprendi. Aprendi com os erros, com alguns acertos, com pessoas, com as chegadas e partidas – que não foram poucas. Aprendi com cada pedaço que se perdia em meio a tantos acontecimentos. Não, acontecimentos não, vou corrigir: aprendi com cada pedaço que se perdia no meio de toda essa loucura que é a vida.

      Mas, para ser bem sincera, não me arrependo de nada. Doeu na época e carrego comigo algumas cicatrizes, porém, tenho a consciência tranquila de que, naquele momento, era a decisão correta e que se não fosse por tudo o que precisei passar, não chegaria até aqui. Não teria crescido. Não teria levantado após cada tombo, e muito menos me reerguido após cada abandono, cada lágrima. Não teria evoluído. E, com toda certeza, não seria essa pessoa que está escrevendo agora apenas para te dizer: aguenta firme.

      Queria ter tido alguém para me dizer isso antes que a vida se tornasse o furacão que foi – e que, provavelmente, ainda será – para que eu pudesse me preparar. Contudo, entendi o porquê de tudo acontecer tão de repente e inesperadamente: nunca se está pronto. É uma verdade dolorosa, sabe? Mas tão real quanto cruel. Nunca estaremos cem por cento prontos. Eu não estava e mesmo se soubesse, jamais estaria. Então, aguenta firme.

      Eu senti orgulho da pessoa que me tornei depois de viver e escrever todas essas sessenta cartas que nunca foram entregues aos destinatários, mas que foram sentidas, doídas e guardadas – na memória e no coração. E agora, são suas.

      Estou te entregando as minhas cartas, para que você possa ver como as coisas mudam e como as pessoas que passam pela nossa vida, podem nos influenciar pelo resto dela – mesmo quando elas já não fazem mais parte de nós. Estou te entregando elas porque, hoje, pode não fazer diferença na vida dos destinatários, mas pode mudar todo o seu mundo.

Cuide bem das minhas cartas. Elas são, literalmente, a minha vida.


Com amor, 
a Stephanie que viveu tudo isso.

Cartas Nunca EntreguesOnde histórias criam vida. Descubra agora