Capítulo 48

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MANUEL

Eu tinha o plano perfeito. O lugar, o dia e um lindo anel de noivado, secretamente escondido entre as meias na gaveta. Mas percebi que meu pedido de casamento para Bia teria que esperar – mais um pouco – assim que abri a porta da sala.

Mãe! – Pelo tom da minha voz dava pra perceber o quanto eu estava realmente surpreso. Ela estava uma semana adiantada.

— Eu sei, eu sei. Acabei vindo antes, é que eu estava com tanta saudade. – explicou com um sorriso tímido. — Olha só pra você! Como pode crescer tão rápido? – ela me puxou para um abraço apertado.

— Que bom que está aqui, mãe. – murmurei contra seus cabelos ruivos. — Eu senti sua falta.

Eu estava tão feliz por vê-la. Conseguia sentir as maçãs do rosto doerem pelo tamanho do meu sorriso. Não tem comparação poder olha-la nos olhos, mesmo que falando com ela ao telefone, não é a mesma coisa que poder abraça-la, vê-la sorrir ou sentir seu perfume.

— Ah, meu amor, eu também. Não sabe a saudade que você deixou quando voltou pra cá. – ela segurou meu rosto com as mãos. — Você parece tão feliz. – diz ela com um sorriso de admiração. — Mas imagino que não seja apenas pela minha chegada. Onde está a dona desse sorriso? Onde está a Bia?

Ela me conhece tão bem. Deve ser coisa de mãe.

— Vem! Entra. – a puxei para dentro e encostei a porta. — Bia está lá dentro. – ela me encarou com testa franzida. Acho que o nervosismo na minha voz me entregou. — Mãe, eu... nós precisamos te contar uma coisa... – ela me olhava com atenção. — Bia e eu... nós...ela...

— Filho, você está me assustando. – ela me interrompeu com a voz preocupada. — O que aconteceu?

Abri a boca para começar a gaguejar novamente, mas fechei quando Bia entrou na sala. Minha mãe seguiu o meu olhar e eu vi quando seu olhos verdes se arregalaram de espanto.

— Ah meu Deus, Bia...- murmurou levando a mão a boca, em seguida se virou para mim, chocada. — Manuel Quemola Gutierrez! – Ela gritou da mesma forma uma vez quando quebrei seu vaso de flor favorito. A diferença é que eu tinha sete anos na época. Ela estava me repreendendo como se eu fosse um garotinho que acabara de aprontar. — Acho que você esqueceu de me contar um pequeno detalhe. Não acha? – disse com sarcasmo. Ela apontou pra mim e depois para Bia. — Vocês tem muito o que explicar. – advertiu.

— Você não imagina o quanto. – murmurei com um sorriso nervoso.

Bia se aproximou lentamente, com o rosto vermelho.

— Oi Lucia. – disse ela com um sorriso tímido. Mamãe piscou os olhos ainda em choque, mas em seguida um enorme sorriso traçou seu rosto.

— Oi, minha menina a quanto tempo. – disse ela puxando Bia pra um abraço. — Olha como você está linda! Meus parabéns, Bia. – com os olhos carregados de lágrimas ela se virou para mim. —Por que não me contou? Eu teria vindo antes.

— Desculpe, eu não queria contar por telefone. Queria falar pessoalmente e como você disse que viria me ver, achei melhor esperar você chegar.

Ela me encarou por um instante e depois segurou as mãos de Bia com carinho, focando a atenção em seus olhos.

— Tenho certeza que será uma mãe incrível, Bia. – disse com um sorriso emocionado. — Já sabem o que é?

Bia já era uma mãe incrível. Eu a admirava muito por isso, ainda mais por ter encarado esse papel sozinha.

— Obrigada. – Bia também estava emocionada. — É um menino ,cheio de saúde e muito inquieto. – respondeu ela com um sorriso divertido.

— Ah meu Deus. Um menino? – ela olhou para mim sorrindo e com os olhos brilhantes. Mamãe estendeu a mão sobre a barriga de Bia. — Posso?

"Conte a Ele" - BinuelOnde histórias criam vida. Descubra agora