2. Soft lips are open, knuckles are pale.

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- Louis! - Ouvi Zayn chamar, desacelerando meus passos na entrada do colégio.
- Oi, cara.
Zayn era o meu melhor amigo do qual eu havia me afastado.
- Vai fazer alguma coisa hoje?
- Provavelmente bar. Tem alguma oferta melhor?
- Sinto sua falta, Lou.
- Bem, você pode ir no bar comigo.
- Você não entendeu. Sinto falta do que você era.
Chegamos na porta da minha sala e eu parei, olhando pra ele com a testa franzida.
- Acho que realmente não entendi.
Ele pareceu magoado. Talvez porque sabia que eu tinha entendido, ele quis dizer que sentia falta de quando eu não passava mais tempo com estranhos do que com meu melhor amigo desde o jardim de infância e de quando eu não era um projeto mal acabado do meu pai. Talvez eu sentisse falta também, mas preferi acenar e entrar na sala.

Quando saí da aula, decidi sentar no banco na frente do colégio pra fumar um cigarro antes de ir pra casa.
- Péssimo hábito. - Escutei uma voz grave conhecida ao meu lado.
- Hm... Harry, certo?
- Certo, Louis. - Ele respondeu sorrindo e sentando ao meu lado. - Como você vai pra casa?
- A pé.
- Eu também. Você mora pra mesma direção que eu?
- Acho que sim.
- Então...
- Olha, obrigado por ter me salvado e tudo mais, mas você não tem nenhum amigo da sua idade pra jogar conversa fora?
Seu sorriso murchou, escondendo os dentes brancos e covinhas adoráveis.
- Na verdade, não. - Engoli em seco, quase engasgando com a tragada que ainda segurava.
Me senti mal por ter sido tão idiota, até porque ele tinha sido legal comigo e eu sabia o quanto era ruim se sentir sozinho.
- Vamos. - Falei, jogando o resto do cigarro no chão e pisando para apagá-lo.
- Onde?
- Pra casa.
- Juntos?
- É, mas não se empolgue muito, não estamos namorando nem nada do tipo. - Falei em um tom divertido.
- O que? - Ele aumentou o tom, parecendo muito assustado com aquilo e eu ri feito um filho da puta.
- Calma, criança, é brincadeira.
- Criança? Sou só dois anos mais novo que você.
- Mas tem cara de criança.
- Mas não corpo. - Foi minha vez de olhar surpreso pra ele e ele corou. - Não foi o que eu quis dizer... É que...
- Aham, sei. Mas você realmente não tem corpo de criança. - Falei, dando uma boa olhada em suas coxas levemente grossas e definidas através da calça apertada, além de pernas extremamente longas. Não que eu estivesse cantando ele, mas era engraçado fazê-lo ficar sem graça.
- Obrigado, eu acho.
- Isso quer dizer que já virou mocinha.
- Cala a boca. - Rimos, até que era divertido conversar com ele. - É aqui que eu fico.
Paramos em frente ao prédio que eu tinha passado a noite anterior.
- Quer sair hoje de noite? - Perguntei da forma mais casual possível.
- Eu e você? - Harry sorriu criando pequenas rugas embaixo dos olhos.
- Se você quiser trazer alguém...
- Não! Pra onde a gente vai?
- Um pub.
- Pub? Não sei se tenho idade pra isso. - Ele pareceu realmente pensar sobre e eu tive que rir.
- Eu também não. Ainda tenho muito pra te ensinar, pequeno.

Passei na casa de Harry no caminho do pub não tão longe e tive que quase o arrastar pra dentro e continuar o puxando pelo braço até o bar.
- Você nunca bebeu nada com álcool? - Ele negou com a cabeça. - Nem um gole?
- Nada.
- Oi. - Falei, chamando atenção do barman com um sorriso simpático e vi o cara sorrir de volta com um pouco de malícia, talvez. - Me vê dois shots de tequila? E pode continuar trazendo.
- Acho que o cara gostou de você. - Harry falou baixo, meio emburrado e me fazendo rir.
- Não precisa ter ciúme, essa noite eu sou só seu, grandão. - Brinquei, piscando pra ele e virando o shot. - Bebe.
Ele pegou o copo e levou pra perto do rosto, franzindo a testa provavelmente por causa do cheiro e tomando um gole.
- Credo! - Harry fez uma careta e eu gargalhei alto.
- Você tem que virar tudo de uma vez. Prometo que fica melhor depois, ou menos pior.
Ele segurou o próprio nariz exatamente como uma criança faria e virou o shot. Era adorável como ele era tão alto, com um corpo um tanto sexy, mas agia como uma criança inocente.
Obriguei Harry a tomar mais dois shots antes de levá-lo pra pista de dança e, como ele nunca tinha bebido antes, era óbvio que aquelas três doses de tequila já seriam suficiente pra fazer ele relaxar e se soltar. E como eu estava certo.
No começo ele só balançou o corpo de leve, mas quando as batidas da música começaram a ficar mais ensurdecedoras e agitadas, ele se soltou totalmente. Quem visse aquele garoto estupidamente lindo e com cara de criança mexendo os quadris daquele jeito incrivelmente sexy, nunca diria que essa era a primeira vez que ele frequentava um pub.
E aquilo era uma provocação e tanto pra minha sanidade mental, porque ele continuava chegando mais e mais perto e se agarrando nos meus ombros. Afastei uma mecha de cacho castanho grudado em sua testa por conta do suor sem desgrudar meus olhos dos verdes profundos e puros de Harry.
Ele virou de costas pra mim em um movimento brusco e, quando eu pensei que ele ia sair andando, ele grudou seu corpo no meu ainda de costas.
Porra.
Apesar de Harry ser mais alto que eu, sua bunda encaixou perfeitamente na minha pélvis, rebolando de um jeito lento e torturante contra mim e eu suspeitava que ele nem fazia ideia de que estava me provocando.
Bem, não precisou muito desse contato pra eu ficar duro.
- O que é...?
Harry virou o rosto na minha direção parecendo confuso e eu realmente não queria ter que falar que eu estava excitado com aquilo, então só segurei seu quadril com ambas mãos e o guiei com firmeza até se chocar novamente contra o meu.
- Louis, eu...
Puxei-o pra cima e pra baixo, gerando uma fricção maravilhosa entre seu traseiro e minha ereção e finalmente fazendo ele calar a boca, exceto pelo gemido estrangulado que saiu dos seus lindos lábios rosados. Graças aos deuses, porque nem eu saberia explicar o que estava acontecendo. Bom, saber eu até sabia.
Apoiei minha cabeça em seu ombro sem parar o movimento, gemendo baixo em seu ouvido e agradecendo mentalmente pelo lugar estar cheio e a música estar alta, disfarçando nosso próprio showzinho. Vi Harry morder o próprio lábio e fechar os olhos com força, empinando sua bunda mais pra trás contra mim.
Eu quis beijar seus lábios cheios, quis prensá-lo contra uma parede qualquer, abaixar suas calças e simplesmente fodê-lo até que nós dois perdêssemos os sentidos. E então eu recobrei minha sanidade.
Não porque eu quis, obviamente, mas porque Harry se desenroscou de mim e sumiu no meio da multidão, me deixando com cara de paisagem e uma ereção dolorida.
Tentei procurá-lo feito um pateta no meio daquele monte de gente por, talvez, uma meia-hora até desistir, pagar nossa consumação e sair. Sentado no meio-fio todo encolhido bem na frente da saída do pub, estava Harry.
- Ei, tá tudo bem? - Perguntei, me sentando ao seu lado.
- Claro, eu me diverti muito! - Seu sorriso inocente apareceu trazendo as covinhas consigo, me fazendo suspirar aliviado.
- Se divertiu, né? - Sorri malicioso por conta do grinding, mas ele pareceu não perceber. - Então por que você saiu do nada?
- Eu fiquei meio mal. - Harry respondeu, apontando pro próprio estômago e me fazendo rir. - É uma sensação estranha.
- Você vai ver a sensação de amanhã. - Falei, imaginando Harry com ressaca.
E então ele desabou no meu colo. Não desmaiou nem ficou desacordado, só deitou o corpo mole em cima de mim e eu gargalhei do quão fofo ele é.
- Vamos. - Falei, passando um de seus braços pelo meu ombro pra dar apoio e levando-o para o carro.

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