1. Lying on the floor, you found me.

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- Tomlinson, acho que já chega por hoje. - Bill, dono do meu bar preferido, alertou enquanto tirava o copo de uísque vazio da minha mão.
Ele era um cara legal. Eu tinha certeza que Bill sabia que eu era menor de idade, mas nenhum de nós comentava sobre e ele deixava eu beber só até esquecer parte dos meus problemas, mas não o suficiente para perder a consciência.
Deixei uma nota de vinte libras em cima do balcão, acenei de leve e saí me apoiando em toda superfície que encontrava.
No meu estado, eu provavelmente deveria ir pra casa, mas a última coisa que eu queria era ver minha mãe com aquele olhar de reprovação ridículo na cara, como se dissesse "você está se tornando igualzinho ao seu pai".
O fato é: eu estava diagnosticado com depressão. Não que isso realmente significasse algo, mas acho que era melhor do que dizer que eu era só um rebelde sem causa.
Eu costumava ser um bom garoto, juro, fazia amigos com facilidade e tinha uma boa relação com a minha mãe. Mas então a bebida foi deteriorando meu pai e eu assistia enquanto minha mãe se tornava uma mulher amarga e meu pai só nos dava mais e mais dívidas até finalmente nos abandonar.
Depois disso, minha mãe se afastou de mim e arranjou mais um trabalho pra poder pagar nossas dívidas, e eu passei a visitar o bar regularmente, achando que poderia usar como desculpa que o alcoolismo deveria estar no sangue.
Também me afastei do meu melhor amigo Zayn e de qualquer coisa que pudesse me trazer qualquer tipo de alívio - tirando a bebida, os maços de cigarros e sexo casual de vez em quando. Clichê mesmo.
Caminhei com dificuldade até a praia e depois de cair na areia de forma humilhante algumas vezes, sentei na beirada do mar. Eu estava suando por causa do álcool, mas já começava a sentir aos poucos o vento frio cortante que fazia, ainda mais com a água extremamente gelada agora encharcando minha calça jeans.
Deitei na areia tremendo de frio e sentindo a maré subindo devagar, mas tendo consciência que ela logo iria alcançar minha cabeça.
Fechei os olhos e não tenho certeza quanto tempo fiquei ali batendo dentes, mas só abri os olhos quando senti alguém me cutucar.
- Tá tudo bem? - Eu podia estar morto, porque aquela imagem na minha frente parecia divina, sem exagero. Não só porque o garoto agachado ao meu lado era bonito, mas porque seus cachos castanhos, pele clara como a neve e olhos verdes faziam com que ele parecesse um anjo, ainda mais com a minha visão ainda embaçada.
Eu só consegui resmungar em resposta.
- Você quer que eu te ajude a chegar em casa? - A voz profunda e grave perguntou. Neguei com a cabeça. - Mas se ficar aí vai acabar se afogando, quer ficar mesmo assim?
Neguei com a cabeça mais uma vez. Eu não queria ficar ali congelando, mas não queria ir pra minha casa.
- Caramba, você deve estar morrendo de frio.
Senti seus braços me envolverem e me erguerem do chão com dificuldade. Me encolhi o máximo que pude e escondi o rosto em seu ombro, tentando absorver o calor de seu sobretudo.

Acordei em um quarto que definitivamente não era o meu e em uma cama que não era minha, coberto até o pescoço por uma camada grossa de cobertores. Me sentei, tentando manter a calma.
- Você acordou. - Um garoto de cabelos castanhos apareceu na porta e eu lembrei da praia na noite anterior.
- Hm... Quem é você? - Eu não tinha certeza por onde começar.
- Harry. Eu meio que te salvei de se afogar ontem de noite, é um prazer conhecê-lo. - Ele respondeu, rindo de um jeito delicado.
- Disso eu lembro, mas onde a gente tá?
- Na minha casa. - Quase engasguei com saliva e ele pareceu notar. - Olha, eu não sou um sequestrador nem nada do tipo. Eu perguntei se você queria ir pra sua casa e você disse que não. Perguntei se você queria ficar lá pra morrer congelado e você também disse que não. Então eu te trouxe pra cá.
- Você sempre traz estranhos pra sua casa? Eu podia ser um mendigo ou um assaltante ou sei lá.
- Bom, depois de te por dentro do táxi eu peguei sua carteira e vi sua carteirinha de estudante. A gente estuda no mesmo colégio, por isso achei que podia te trazer pra cá, já que é um colégio particular e tal.
- Hm... - Apalpei o bolso do meu moletom e peguei meu celular, um cigarro e o isqueiro. - Obrigado, então.
Vi as seis chamadas perdidas da minha mãe e coloquei o cigarro entre os lábios, acendendo-o.
- Por nada. Você quer comer algo? Ou beber ou um remédio pra ressaca?
- Não, obrigado. - Falei, soltando a fumaça. - Na verdade, é melhor eu ir pra casa.
- Claro. - Ele sentou ao meu lado na cama.
- Afinal, o que você estava fazendo na praia de noite no frio?
- Salvando você. - Ele ainda tinha o sorriso na cara e eu o encarei como se esperasse uma resposta séria. - Eu não estava na praia, pra falar a verdade. Estava indo pra casa pela calçada, mas eu vi um corpo jogado perto do mar e fui ver se era alguém passando mal ou sei lá.
- Cara, você é uma boa pessoa. - Falei, meio surpreso. Eu provavelmente nunca faria aquilo. - Não me lembro de já ter te visto no colégio.
- Eu entrei esse ano e, na verdade, sou mais novo que você.
- Jura? - Franzi a testa, até porque ele era muito mais alto que eu pra ser mais novo.
- Juro.
- Enfim, agora eu tenho que ir mesmo, mas obrigado por tudo...
- Harry. - Ele respondeu, me guiando até a porta de saída.
- É, Harry. Falando nisso, eu sou o Louis.
- Eu meio que já sabia por causa da sua carteira, mas você se apresentando é mais normal.
Dei mais uma tragada no cigarro antes de acenar e sair em direção à rua.

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Olá, gente linda (se alguém realmente ler isso). Já escrevi umas milhares de fics nessa vida, mas essa é a primeira que eu crio vergonha na cara e coragem pra postar.
Esse primeiro capítulo não diz muita coisa, mas eu devo postar o segundo logo, ainda mais se alguma alma der as caras e disser que gostou!!
Ou seja, comentários são super bem-vindos. Dou uma balinha e uma sextape de larry pra quem deixar comentários super fofos. (Bem que eu queria possuir tal bem lchjkjjjj).
Enfim, beijinhosss.

a silent devotionOnde histórias criam vida. Descubra agora