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HOJE

Noite de formatura, peço desculpas por não estar ao teu lado. Peço que me perdoe por ter "dado bolo". Peço desculpas também, por ter pedido para minha mãe te entregar a carta, não sei se ela só deixou na caixa de correio, ou se te entregou pessoalmente ou quem sabe se colocou por baixo da porta de entrada. Pedi à ela que não demorasse tanto para entregar.

Clarisse, é difícil mudar. Mudar a aparência, mudar de casa, de estado, de lugar. É difícil deixar para trás tudo e todos. É até poético dizer mas é difícil amar.

É difícil amar e não ser amado. Mas é difícil aceitar isso, eu aceito meus sentimentos por ti, aceito que para ti não passo de uma amiga. Aceito tudo.

Aceito o fato de doer, mas antes a dor passageira do que a perda permanente da nossa maravilhosa amizade. Para mim palavras escritas tem uma carga emocinal menor pois pessoalmente eu não conseguiria conter minhas emoções, talvez perderia a coragem. Assim eu não vejo nada, não escuto e não me preocupo.

Estou indo embora, para bem longe. Um lugar que enquanto aqui é verão, lá talvez possa ser alguma outra estação. Enquanto aqui tu dorme, lá eu me preparo para minha cirurgia.

Finalmente criei coragem de conversar com minha mãe e com meu pai, claro que Ben estava comigo, segurou minha mão o tempo todo. Minha mãe reagiu bem, papai chorou e disse estar orgulhoso por finalmente ter falado com ele honestamente.

A papelada já esta toda pronta, as passagens compradas. Não tem mais volta e se tivesse, eu não voltaria.

Hoje eu estou caindo, mas pela primeira vez eu não quero que você venha me salvar. Estou livre, finalmente livre.

Não escrevo esta carta por que tirei de mim a vida. Não, eu não morri. Apenas sumi. E quem sabe, um dia eu volto para ti.

Querida Clarisse, adeus.
Com amor, Anne.

PS.: Eu amo meu nome.

To you, for me.Onde histórias criam vida. Descubra agora