Capítulo II - A Laranjeira

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[15 de dezembro de 2305, Schwäbisch Hall]

Uma das poucas cidades alemãs que se conservou durante o tempo, com cerca de vinte mil habitantes atualmente, metade do que já teve um dia. Hoje a cidade era como um enorme asilo, para se dizer, com a maioria da população idosa, mas onde estavam os jovens? Restou tão poucos... 
Muitos foram embora com diferentes objetivos em mente, em busca de metrópoles para exercer um emprego melhor do que atendente de mercadinho, cervejaria, ou cuidar da biblioteca ainda muito frequentada da cidade. Muitos deixaram seus pais e avós para trás, sabe como é um jovem universitário, não é? Ambiciosos para ver suas vidas finalmente começarem. E assim Schwäbisch foi sendo deixada para trás aos poucos, e quase trezentos anos depois tudo andava aparentemente pacato, aparentemente apenas.

Com uma ambientação rural, casas centenárias e algumas até milenares, charmosa e única, é uma cidade difícil de se encontrar nos dias de hoje. Portas e janelas em formato oval, cores opacas, telhados com pinturas antigas quase inteiramente apagadas pela chuva e pela luz irradiante do Sol. Um rio cortava de um extremo a outro, pontes de pedra ao longo do  percurso, árvores espalhadas para onde os olhos pudessem alcançar, e onde não pudessem, haveria montanhas cercando a cidade juntamente com nuvens branquinhas nublando a vista. É, eu sei que você está imaginando algo tão bonito, mas quer saber? Mais um charme a parte, havia gatos por toda parte, cada casal de idosos possuía pelo menos um gatinho de estimação, fato que tornava tudo tão mais calmo, afinal, pessoas cuidadosas, vividas, com histórias próprias para contar, você não adoraria passar uma tarde ouvindo uma senhora falar sobre como conheceu seu marido há mais de sessenta anos atrás? Adorável, inspirador, romântico. 

Esse era o ar daquele lugar, parecia intocado pela maldade do mundo. Mas lembre-se do que foi dito desde o início; Seja cauteloso, olhe mais de perto para descobrir a verdade. 


⋯ ۞ ⋯

Pele flácida, mas as bochechas permaneciam intactas, olhos azuis. Como você imagina, e quem você imagina? Cabelos alvos e macios, um broche rosa de borboleta prendendo a lateral de seus fios. A cor de suas madeixas onduladas foram se perdendo com o tempo, o que particularmente na minha opinião a deixou mais fofa ainda, se é que é possível. Estou falando da mulher mais doce que Jimin teve a sorte de conhecer. Ela teve uma vida difícil, nem se você tentasse adivinhar conseguiria imaginar uma parcela do que ela passou, mas mesmo assim, ela se manteve tão carinhosa com todos, ela sempre acreditou que a bondade de seu coração poderia compensar toda maldade que o mundo a proporcionou. Ela nunca esqueceu tudo que a aconteceu, mas estava disposta a nunca mais deixar aquilo acontecer novamente, com ninguém! Principalmente com seu neto, Park Jimin.

Parece que foi ontem que ela estava radiante de felicidade por ver o nascimento de seu único netinho, claro que ela o encheria de todos os mimos possíveis, principalmente todos os doces gostosos e comidas típicas coreanas e alemãs, o garoto já era tão amado. Ela esperou tanto por isso, tantos anos para enfim ter sua primeira filha e mais tantos anos para ter seu neto, ela diria que estava com sua vida realizada e poderia morrer feliz, exceto por aparecer mais um plano em sua lista, mais uma missão para concluir. 
Arriscado, muito arriscado, ela tinha força e experiência, e muito otimismo se quer saber, mas também seria preciso ajuda de algumas pessoas, consultas em livros tão raros, materiais na limitada e quase escassa natureza. 
E caso você esteja incrédulo, por favor, tenha um pouco de fé na avó de Jimin, ela vai se provar a mulher extraordinária que é.

⋯ ۞ ⋯

Alheios a qualquer outra coisa, eles se encontravam em frente a uma das margens do rio, sentados em silêncio, apenas o barulho satisfatório do vento soprando leve as folhas das árvores aos arredores. O contraste do verde da grama e as vívidas laranjeiras se tornava agradável a visão dos dois. Calmante para o coração, um acalmaria o outro mesmo perante uma guerra, no sentido mais literal que você possa imaginar. O loiro tinha tantos poderes sobre o de cabelos escuros, bem mais do que o amor de quaisquer casais por aí, o que eles tinham era tão raro, um em um milhão, vale tanto.

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⏰ Última atualização: May 17, 2020 ⏰

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