Capítulo III

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Assim que o sinal tocou, todos começaram a guardar seus materiais em suas bolsas e saíram da sala. Quando eu passei pela porta, me assustei ao ver Camila parada esperando por mim.

- Você quer passar o horário do intervalo comigo? - perguntou a moça de cabelos negros.

- Pode ser. Só preciso guardar essas coisas antes. - Fomos até meu armário, guardei todo o material de Matemática e peguei o da próxima aula: Biologia. Coloquei tudo dentro da mochila e fomos juntos até o refeitório.

Se eu dissesse que prestei atenção em alguma coisa do que Camila estava falando, eu estaria mentindo. Eu só conseguia pensar em uma coisa. Um alguém na verdade: Noah Urrea.

Mas por que esse menino está na minha cabeça? Por que ele está envolvido em meus pensamentos? Fiquei um pouco mais curioso em saber quem ele é e resolvi procurar ele no Instagram. Ele realmente é popular. Tem mais de 5 mil seguidores, faz vídeos cantando para postar no youtube e ainda foi seguido por nada mais, nada menos que Jão??? Esse garoto é demais.

- Posso saber o que você está fazendo no meu perfil do Instagram? - na mesma hora reconheci a voz grave de Noah e me assustei. Bloqueei o celular e o coloquei em meu bolso.

- Eu não estava no seu perfil. - respondi meio fraco e sem conseguir disfarçar.

- Não? E por que guardou o celular tão rápido? Desbloqueie ele e veremos onde você estava. - disse Noah junto com um de seus amigos. Ele aguardou por um tempo e viu que eu não iria pegar meu celular. Ele pegou o próprio celular e em segundos, o meu vibrou no meu bolso. - Pronto. Agora estou te seguindo. Stalkear é feio. Na próxima vez, pergunta pra mim que eu respondo, ok? Boa refeição. - e simplesmente saiu.

- Eu não acredito que o Noah estava do meu lado esse tempo todo. - gritou Camila desesperada. - Eu sei que ele não falou nada comigo, mas mesmo assim. A sensação de estar ao lado dele é incrível.

- Acho que agora eu entendo o que você quis dizer. Ele é incrível mesmo. - disse pensando no que havia acabado de acontecer. Peguei meu celular novamente e vi a notificação de que ele realmente me seguiu. Abri seu perfil novamente e cliquei no botão "Seguir".

[...]

O sinal tocou avisando que a última aula havia acabado, então guardei todo meu material e fui em direção à saída da escola. Camila me deu tchau bem rápido e saiu correndo. Quando passei pelo portão, notei que Noah estava encostado na parede à frente esperando alguém. Ele acenou com a mão, mas eu não sabia para quem. Olhei ao redor, mas ninguém correspondia o aceno. Então voltei a olhá-lo mas ele já não estava mais lá. Fui até o ponto de ônibus e coloquei uma música aleatória para tocar.

Passados alguns minutos, um carro virou a esquina da escola e parou em minha frente. Um HB20 preto, com vidro fumê, e rodas lindas. O carro dos meus sonhos. O vidro abaixou e quando olhei quem estava dentro, fiquei surpreendido.

- Quer uma carona até em casa? - perguntou Noah.

- Você dirige? Quantos anos você tem? - perguntei surpreso ao vê-lo dirigindo.

- Tenho 18 anos já. Repeti o último ano, por isso ainda estou na escola. Vai querer a carona ou não? - perguntou mais uma vez.

- Se não for te incomodar.

- Claro que não. Entre aí. - puxei a porta do carro que Noah já tinha aberto por dentro e entrei. O carro era lindo. O painel todo preto com um som embutido com muitos botões em todas as partes do carro. - E aí, onde você mora?

- Moro no bairro Itaim, perto da Bravox.

- Certo. Não faço a mínima ideia de onde fique isso, mas ok. Sabe o endereço? Pelo menos dá pra colocar no GPS. - peguei meu celular o coloquei o endereço de casa no Waze. Noah ligou o carro novamente e começamos o caminho até minha casa. - Como foi o primeiro dia de aula? Gostou?

- Gostei muito. - respondi alegre. - A escola é enorme, tem muitas aulas diversificadas, a comida é maravilhosa e os alunos são super legais.

- Que bom que gostou. E você vai ficar por aqui definitivamente ou vai voltar pra São Paulo?

- Eu e meus pais viemos pra Sorocaba por conta do serviço do meu pai. Não sei se quando resolver o caso iremos embora ou se vamos ficar. Ainda é uma dúvida para nós.

- Entendi. Espero que você fique! - disse Noah. Fiquei meio corado e ficamos em silêncio por alguns minutos. O clima ficou tenso e quando Noah percebeu, ligou o som do carro. Começou a tocar Rockabye, minha música favorita. Me concentrei nela até passar todo aquele clima.

Ficamos em silêncio até chegar em casa. Nós dois ficamos envergonhados com a frase que Noah soltou.

- É aqui que você mora? - perguntou Noah maravilhado com a visão que estava tendo.

- Sim. - respondi.

- Uau. Sua casa é linda.

- Obrigado. E obrigado mais uma vez pela carona. Até amanhã na escola. - disse já abrindo a porta do carro e saindo. Fechei a porta e fui até a entrada de casa. Quando abri a porta, Noah buzinou e saiu cantando pneu.

Fui até a cozinha e vi que não tinha ninguém. Chamei por meus pais mas ninguém respondeu. Presumi que eles ainda não tinham chegado em casa. Subi até meu quarto, joguei minha mochila em algum canto e deitei em minha cama. Fiquei pensando no dia que eu tive. Fiquei pensando em Noah e em como aquele garoto é incrível e realmente muito popular. Mas eu não estava entendo uma coisa. Por que eu estou pensando em tudo isso se nem gay eu sou? Ou será que sou? Bom, mesmo se fosse, não teria chance alguma. Noah é hétero e pelo que Camila me disse, já pegou a maioria das meninas da escola. A última foi a Sina. Uma menina alta, magra, loira e linda. Descendente de alemães.

Meu celular tocou de repente e quando vi a notificação, não acreditei. Era uma mensagem do Noah via Instagram.

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⏰ Última atualização: Apr 10, 2023 ⏰

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