Capítulo II

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Eram 6h00 da manhã e o alarme estava soando. Abri meus olhos e de começo, estranhei o lugar onde estava, fiquei assustado. Até meu cérebro relembrar de que eu estava numa casa nova, numa cidade nova. Fiquei mais calmo e fui até o banheiro para tomar um banho. Depois de pronto, com o uniforme da escola, que é uma camiseta branca com detalhes azul-marinho e uma logo com um castelo e "Escola Prudente de Moraes" escrito logo abaixo e uma calça no mesmo tem de azul com umas listras brancas nas laterais, desci até a cozinha para me encontrar com meus pais. Tomamos café da manhã e fomos até nossos compromissos. Fui o primeiro a ser deixado enquanto meus pais partiam para o serviço deles.

Assim que desci do carro e vi meus pais saírem, virei meu corpo de frente para escola e a encarei por um tempo. Eu estou super nervoso, com frio na barriga e sem saber como as pessoas são aqui. Na minha antiga escola, todos eram muito educados e éramos todos muito amigos. Então era bem difícil de acontecer alguma briga ou discussão. Será que aqui vai ser da mesma forma? Ou será que aqui os alunos não querem saber de nada, só de bagunça e festa?

Em meio aos meus pensamentos, um garoto passou por mim e me empurrou. Não lembro de ouvi-lo chegar, nem nada.

- Sai da frente, Novato - a voz dele era grave. Seu cabelo era um pouco grande e dividido ao meio. Seus olhos eram claros e seus dentes eram bem brancos e retos. Estava com uma mochila vermelha nas costas e usando fone de ouvido. Assim que passou por mim, começou a rir e conversar com seus amigos. Um grupo de 5 meninos. Já vi que essa escola não vai ser fácil!

Assim que soou o sinal, fui até a diretoria pegar a minha grade escolar e a chave do meu armário. O diretor Caio me entregou o papel e uma chave branca. Chamou sua secretária e disse para chamar o aluno Noah Urrea, pois precisava falar com ele. Passados alguns minutos, ainda na sala do diretor, o aluno chegou e quando olhei seu rosto, não acreditei no que vi. Era o mesmo menino que tinha me empurrado há alguns minutos atrás na entrada da escola.

- Bom dia, diretor Caio. - disse esse tal de Noah. - Queria falar comigo?

- Sim. - respondeu levantando-se. Veio até meu lado e continuou. - Esse aqui se chama Josh Beauchamp. Ele veio de São Paulo e vai estudar aqui com a gente durante um tempo. Você vai ser o responsável e o guia dele. Vai apresentar tudo pra ele, onde fica cada lugar e como funcionam as coisas por aqui. Espero não ter escolhido a pessoa errada para isso, certo?

- Pode deixar, diretor. Vou ser o melhor guia que o senhor poderia escolher.

- Muito bom ouvir isso. Agora podem ir. - O diretor Caio olhou para e me disse: - Bom tour.

Eu passei pela porta e Noah veio logo atrás de mim, fechando a mesma.

- Ora, ora se não é o novato que fica parado na frente do caminho. - disse Noah com um pequeno sorriso no canto de sua boca.

- Noah, não é? - comecei a falar. - É meu primeiro dia aqui e não quero causar nenhum problema pra ninguém. Se não quiser me mostrar a escola, não tem problema algum. Eu me viro pra achar tudo sozinho.

- E eu levar uma bronca do diretor Caio depois? Obrigado, mas não! Agora vamos que tem muita coisa pra você conhecer.

Começamos andando entre os corredores onde ficavam os armários. Haviam um total de 35 salas para nós estudarmos. 28 comuns com mesas e um quadro negro na frente e as outras eram laboratórios de química, ciências, robótica, informática, marcenaria, entre outras. Noah me mostrou onde ficavam os banheiros, o refeitório, a cantina, as quadras (sim, duas quadras. Uma de basquete e uma de futsal), a piscina pra aula de natação, a enfermaria, o auditório e muitos outros lugares que eu nunca imaginaria que teria em uma escola.

- E finalmente chegamos a ele: - disse Noah. - Armário 26, que para sua sorte, é ao lado do meu. - Como assim para minha sorte? O que ele estava querendo dizer com aquilo? Abri o cadeado e dentro do meu armário estavam todos os livros e materiais que eu iria usar na escola. - Qual é a sua primeira aula?

Olhei para o papel que estava em minha mão e estava escrito "Matemática - Sala 12".

- Parece que é Matemática. - disse meio baixo.

- Beleza. Pegue suas coisas e vamos porque já faz um tempo que a aula começou. - Andamos mais um pouco e finalmente chegamos à sala 12. Noah bateu três vezes na porta e ela foi aberta por uma mulher alta, magra, com cabelos loiros e olhos verdes. Essa era minha professora de Matemática? Parecia mais uma Barbie.

- Oi, professora Ana. - começou Noah. - Esse aqui é o aluno novo, Josh, e eu estava mostrando a escola pra ele à pedido do diretor Caio. Desculpe pelo atraso.

- Sem problemas, Noah. - disse a professora Ana. - Obrigado por trazê-lo até aqui. Agora pode voltar à sua sala.

- Beleza. Antes eu posso falar com o Josh rapidinho?

- Seja breve. - Noah me puxou um pouco distante e começou a falar:

- Bom, agora tenho que voltar pra aula. Me enganei sobre você, Novato. Até que você parece um cara legal. Quem sabe a gente não se tromba por aí? Boa aula! - disse e saiu andando, virando um corredor.

O observei por alguns segundos e não entendi nada do que ele disse. Voltei minha atenção até a professora Ana e entrei na sala. Todos aqueles olhos me encarando me deixou mega nervoso. Minhas mãos estavam tremendo e minhas pernas estavam travadas.

- Pessoal, - começou a professora Ana. - deem boas-vindas ao Josh. - todos começaram a falar "Seja bem-vindo" de uma única vez. - agora fale um pouco sobre você, Josh.

- Ann... É... - eu estava muito nervoso e parecia que eu ia vomitar. - Meu no... nome é Josh e eu vim de São... São Paulo por conta do serviço do meu pai. Tenho 17 anos e que... quero estudar Medicina.

- Muito bom, Josh - continuou a professora Ana. - Espero que dê tudo certo com seu futuro e que você consiga ser um médico excelente. - agradeci com a cabeça. - Agora pode se sentar. Tem um lugar vazio logo atrás da Camila.

Olhei para a carteira vazia e fui até ela. Me sentei e comecei a tirar o meu material da mochila enquanto a professora continuava a falar sobre a matéria antes de eu interromper. Quando arrumei meu tronco no encosto da cadeira, Camila se virou para trás com um sorriso amarelado e meio torto. Seus olhos eram fundos e seu cabelo era negro. Haviam manchas em seu rosto, mas não sabia se era por conta de espinhas ou se era outra coisa.

- Ei - disse ela. - Não acredito que você estava andando com o Noah. De onde você conhece ele?

- Como assim? Por que? - perguntei meio confuso.

- Noah é simplesmente o garoto mais popular e o mais gato da escola. As pessoas matariam para andar ou trepar com ele.

- Sério? - disse meio surpreso.

- Claro que é sério. E então, de onde você o conhece?

- Conheci ele hoje na verdade. O diretor Caio chamou ele para me apresentar a escola.

- Não acredito que você foi premiado com esse presente. Faz anos que eu sonho em trocar uma palavra apenas com ele, mas ele nunca me deu nem oi. Sempre me ignorou.

- Não acho ele tudo isso.

- Então você é o único. Todos aqui amam o Noah. Todos querem ser amigos dele. Todas querem transar com ele.

- Ainda bem que não sou todos então. - rebati. Camila me encarou por uns segundos e disse:

- Gostei de você. Você é diferente dos outros. Vamos ser amigos. Muito prazer, me chamo Camila. - disse estendendo sua mão para um cumprimento.

- Josh. - disse pegando em sua mão e balançando-a. Camila soltou minha mão e voltou a olhar para frente. Fiquei imaginando o que Camila disse. Eu fiz amizade com o cara mais popular e gato da escola? Impossível! Parei com meus pensamentos e voltei minha atenção à aula de Matemática.

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