Fui na Espetacular Doceria na quinta, porém, quando cheguei, a Manuela também estava e, isso foi até bom, pois com ela lá nós não falaríamos de assuntos pessoais que eu precisava resolver, mas estava procrastinando.
Conversamos por um tempo e eu acompanhei a Manu até em casa quando fomos embora. Meus amigos e eu moramos bem perto – o que sempre achamos ótimo – Rodrigo é o que se localiza mais distante e, consequentemente, frequenta com menos regularidade os mesmos ambientes que eu e os outros.
No fim da tarde, Távio chegou de surpresa pra uma visita e eu fiquei ligeiramente nervoso ao pensar que essa era a oportunidade de falar sobre o tão adiado assunto.
Evitei tanto aquele momento que ele resolveu vir até mim.
- Eai, Miguel – cumprimentou sentando no sofá da sala depois de entrar sem precisar de recepção na porta.
- Já diz o ditado 'Quem é vivo sempre aparece'.
- Pelo menos eu apareço. Quanto tempo faz que você não vai lá em casa sem um convite de honra?
Sorri sem uma resposta plausível.
- Na adolescência quer estar com os amigos 24 horas, aí cresce e os deixa de lado. Nem acredito que se entregou a essa fase – disse negando com a cabeça.
- Já disse que não tem essa de fase. Nem todo mundo adquire um mesmo padrão de vida conforme envelhece. – Afirmei
- Adquire sim! Vai acontecer comigo e eu aceito. São regras da vida. NÃO É VERDADE, TIA LAURA? – falou mais alto para que minha mãe ouvisse da cozinha.
- É SIM! – Gritou de volta
- Vai me dizer que não tem exceções?
- Claro que tem. Mas tu faz parte da regra e não da exceção.
- Tá. Tanto faz... – Tentei encerrar aquele assunto totalmente sem nexo.
Antes de ir para seu quarto, minha mãe preparou para nós uma vitamina de banana. Ela nunca deixava minhas visitas irem embora sem um lanche.
- Então, como vai a vida? – iniciei uma nova conversa
- Vai muito bem. Estou a procura de emprego. A Ju anda me inspirando a fazer isso.
- É, já está na hora. – Sorri fraco e um pequeno silencio se instalou – Falando nela... – hesitei – É...
- Fala logo, Miguel! – me apressou.
- Eu só quero saber como andam as coisas entre vocês. Digo...
- Como assim cara? – eu não sei se ele estava confuso ou só se fazendo – Na mesma. A amizade de sempre. Não é isso?
- Sim, sim... – eu deveria ter treinado como iniciar esse diálogo – Acho que não estou sabendo me expressar bem.
- Definitivamente – entortou os lábios
Me joguei na cama e fixei meu olhar no teto. Talvez, não ver o seu rosto ajudasse.
- Bom, vocês têm se visto com frequência...
- Assim como antes – me interrompeu
- Eu sei, mas... Ah, cara! Você não é idiota. Deve saber o que estou perguntando.
- Depois de todo esse sacrifício em se expressar, sim, eu entendi. – o olhei de relance e, apesar de estar BEM mais relaxado que eu, ele também parecia um pouco tenso – Só estranhei porque nunca falamos sobre ela nesse quesito – sorriu sem graça – Na verdade, falamos uma vez. Você se lembra? A gente tinha uns 12 anos.
- Agora que você disse, eu lembrei. Foi quando combinamos que quando fôssemos mais velhos ela não seria uma opção. – Achei graça ao recordar tal lembrança. Duas pobres crianças iludidas achando que poderiam controlar seus sentimentos.
- E desse dia em diante, não se falou mais nisso.
- É...
Um outro silencio se instalou em nosso meio até que Gustavo resolveu falar alguma coisa.
- Miguel – começou – eu sempre confiei em você pra contar sobre as garotas que passaram pela minha vida. Mas já faz um tempo que não tenho tido coragem de te falar – o ouvi respirar fundo – E tem um motivo... Depois desse nosso trato, acho que meu cérebro entendeu que era errado ter sentimentos por ela e que seria perigoso arruinar nossa amizade, afinal, foi por isso que fizemos esse combinado. Me perdoe por não te dizer algo tão sério.
- Puxa – passei as mãos no rosto esperando a ficha cair – Eu não achei que fosse ficar tão surpreso – me esforcei em acreditar que fosse obter uma outra resposta, mas foi um esforço em vão – Mas ta tudo bem. Esquece aquele acordo idiota.
- Você não se importa mesmo?
- Relaxa, não é como se você fosse culpado por gostar de alguém – disse com sinceridade
- Valeu, cara – agradeceu – Isso é um alívio.
- Faz muito tempo?
- Só alguns meses. Não é que eu esteja amando-a e tals, só passei a vê-la com outros olhos ultimamente. Ela sempre foi especial pra mim, e agora pode ser mais.
- Entendo. Vai nessa, quem sabe não tem uma chance pra você. – fingi não saber que ele tinha TODAS as chances
- Você acha?
- Claro. E se der errado, saiba que já somos bem grandinhos e não precisamos agir como se isso fosse o fim do mundo e da nossa amizade. Se der erro, é só fingir que nada aconteceu – conclui nos fazendo rir.
A noite caiu e meu amigo foi embora, provavelmente com um peso a menos nas costas – um peso que parece ter sido passado pra mim – Por mais maduro que alguém seja, não da pra levar uma coisa dessas 100% na boa como se não magoasse nem um pouquinho.
Comecei a me perguntar o que iria fazer agora que tinha uma resposta do Távio. Sei que disse que iria embora, mas desde a conversa com minha mãe, já não tenho tanta certeza disso.
Resolvi aproveitar os últimos dias do mês para tomar essa decisão. Julia ainda terá 5 dias comigo e eu não creio que ela vá mudar nesse curto período de tempo e nem eu tenho mais o direito de tentar convence-la.
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Finalmente a tão aguardada conversa... Quem imaginou que o Guto tinha sentimentos assim pela Ju??
Tadinho do Mi. Agora ele não precisa mais se iludir, não é?
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Atenção para a data!! Nosso conto tá acabandooooo....
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Deixem a 🌟 e o que acharam dos acontecimentos de hoje!!
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E feliz dia das mães, minhas lindas😘😘
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28 Chances
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