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•Maju•

Contratei um carro de frete do morro mesmo. Minha malas já estavam prontas. Coloquei todas no portão pra esperar o frete. Mariana tava igual uma criança choramingando.

- Garota, para de drama. É só descer o morro pra me visitar, não tô indo pra Paris não. - falei e ela riu.

- Você é um insensível, af. - ela disse fungando. - tem como você vir me visitar todo dia?

- Que carência é menina? Você não tá namorando? Ou sei lá com aquela criatura?

- o nome dele é Henrique Maria Júlia, e não estamos namorando ainda.

- Ah, você entendeu.

- Nojenta. - ela me deu língua.

- também te amo- respondi. E ela riu.

•Filipe•

Hoje não quero fazer nada. Essas semana foi osso pra mim. Tô cansado e estressado. Sem ânimo pra porra nenhuma. Levantei pra fazer um café e sentei no sofá pra ver o que tinha de bom na TV.

Rádio

- Barão? Tá na escuta?

- Ih qual foi? Falei que hoje era meu dia de descanso.

- Pô chefe, só achei que deveria ficar sabendo de um bagulho

- fala logo o que é caralho.

- Aquela novinha lá, Maria Júlia, ta colocando um monte de coisa no carro do frete

- e?

- ué achei que precisava saber pô acho que vai se mudar sei lá

- Não me importo.

Desliguei o rádio e continuo assistindo a TV

Não ligo. Que ela vai pra puta que pariu.

Não pera... Quem eu quero enganar? Claro que eu me importo, porra. Eu não acredito que essa garota tá fazendo isso com a minha cabeça. O que eu não consigo entender, porque ela? Foi apenas uma noite, o que ela tem?

Automaticamente eu já tinha vestido qualquer coisa que achei jogada pela casa e subi na moto. O que eu tava fazendo? O que eu ia falar quando chegasse la? Não faço a mínima ideia.

Cheguei na rua onde ela morava. Havia algumas coisas pra fora da casa, e Maria Júlia estava conversando com o dono na mercearia em frente. Fiquei distante observando. Assim que ela entrou em casa, eu desci da moto e fui até lá.

- Filipe?! - ela se assustou quando me vou no portão.

- Oi...- coloquei as mãos no bolso e olhei pra baixo.

- O que faz aqui?

- Tá de mudança?

- Isso importa pra você? - perguntou com desdém.

Ela estava tão linda, com um body preto, uma calça jeans clara e um tênis. Cabelos em um coque, deixando nem visível seus lindos cachos cor de mel. Foco Filipe.

- Eu me importo...- falei

- Tá vendo você só se importa com vo...- deu uma pausa. - Você se importa? - perguntou incrédula

-Maju, você não foi só mais uma, eu não sei o que eu tô sentindo, eu só sei que é por você. A gente pode tentar se entender?

- Filipe, por mais que seja recente, passei uma borracha em tudo que aconteceu. Tô indo embora justamente por isso, quero começar uma vida nova.

- E essa vida não pode ser aqui? Comigo? Eu prometo mudar pra te conquistar, por favor Maria Júlia... Eu imploro, vamos começar de novo?

- Não Filipe...- nessa momento, meus olhos encheram de água. Eu sabia que o motivo dela ir embora era culpa minha. Entrei na vida dela igual um furacão, fiz tudo errado e nesse rolo todo eu me apaixonei por ela, e tão difícil eu me apaixonar e quando isso acontece, acabo com tudo. Ela estava com os olhos marejados e rapidamente deixou uma lágrima cair, secando pra que eu não perceber, mas eu vi.

- Maju...- murmurei.

- Não Filipe, eu tô decidida, só entrei pra pegar minha bolsa, tô indo embora. Me deixa passar. Por favor. - Deixei uma lágrima escapar mas logo sequei pra ela não ver. Dei espaço pra ela sair e fiquei um tempo parado no portão molhando a provavelmente mulher da minha vida ir embora. Filipe tu é um merda.












O herdeiro da FavelaOnde histórias criam vida. Descubra agora