Maria Julia
- Não gostei dessa baba!
Revirei os olhos.
- Ela só é meio novinha Mariana, dá um crédito. Além do mais, foi a única nessa cidade que cuida de crianças da idade do Biel e de Kaio.
- Essa carinha dela não me engana Maria Julia.
- Ou era isso, ou era nós duas desempregadas, o que você prefere?
Cruzei os braços. - Não é pq nossos maridos ainda possuem dinheiro o bastante para sustentar os bisnetos, que temos que viver as custas deles para sempre, somos formadas!
Peguei minha bolsa de cima da cama e coloquei no ombro. Mariana apenas fechou ainda mais a cara e me acompanhou para fora do quarto. Eu estava trabalhando como enfermeira em período integral em um hospital na cidade em que morávamos e Mariana era auxiliar administrativa de uma empresa enorme e muito bem sucedida por aqui.
- Até mais tarde meus amores. - dei um beijo em Ayla e em Gabriel. - Obedeçam a tia Elisa ok?
Eles assentiram. Mariana se despediu de Kaio beijando sua testa.
- Até mais tarde Dona Maria Julia e Dona Mariana!
- Até Elisa, tenha paciência hoje, eles estão ligados no 220. - Brinquei e ela riu. - Ah, quase esqueci, você não é empregada dos meninos, então, assim que eles acordarem, o almoço está no micro-ondas, avise para eles mesmo esquentarem ok?
Ela assentiu.
- Bom mesmo ela ficar longe do meu marido...- Mariana disse entre os dentes.
lhe dei uma cotovelada.
Mais tarde...
Depois de um dia cansativo, arrumei minhas coisas para ir embora. Me despedi de meus colegas e sai do hospital. Do lado de fora, entre as grades do portão do estacionamento, pude ver um conversível prateado e um cabelo verde que dava pra ver até se eu estivesse no Brasil, só podia ser ele. Me aproximei do veículo.
- Filipe! O que está fazendo aqui? - Ele jogou o cigarro fora e sorriu. Fico fraca com esse sorriso, tá doido.
- Não posso buscar minha mulher no trabalho? - abri a porta e sentei ao seu lado lhe dando um selinho.
- Pode... mas você geralmente faz isso quando vamos almoçar ou jantar fora, e quando isso acontece você quer me falar algo que na maioria das vezes é importante.
- Deus me livre. - ele se benzeu. - Não posso te agradar mais não?
Eu ri. - Pode ué, só achei estranho.
Ele ligou o carro e deu partida.
Almoçamos em meu restaurante preferido.
- Gostou da comida minha princesa?
- Ih, não tô te entendendo Filipe... Desembucha, o que você fez?
Ainda estávamos sentados esperando a sobremesa chegar. Filipe colocou a mão no peito como se estivesse ofendido com o que eu havia dito.
- Te dou comida, te trato bem, e mesmo assim você acha que tem algo errado?
Estreitei os olhos.
- Tá...- suspirou. - Tenho algo pra contar, mas não é nada demais.
- Eu sabia! - ri pelo nariz. - Pode começar.
- Bom... você sabe que aqui onde moramos também existe essas coisas de facção e tudo mais não é?
- Sim, em o todo mundo.
- Pois é... Ontem a noite, eu recebi uma ligação de um dos donos de um grupo chamado Les Méchants.
- Nunca ouvi falar. - fiz careta.
- De qualquer forma, eles estão procurando um substituto para o primeiro dono. Ele morreu em uma queda de helicóptero no ano passado.
- E como eles chegaram até você, se você só é conhecido no Brasil?
- Tenho conhecidos por todo o mundo Maria Julia, não viemos para Paris atoa... Mesmo não sendo mais quem eu era, eu tinha que vir para um lugar que fosse seguro pra mim e minha família.
- Tudo bem... Mas você não faz mais essas coisas, então recusou né?
Silêncio.
- Não é Filipe?
- Eu não tive escolha Maju.
- Oi? Não teve escolha? Está com amnésia ou o que? Esqueceu o que passamos com o Carlos? O que nossa filha passou Filipe! Você só pode estar brincando comigo. Conversamos tanto sobre isso, no começo eu não queria deixar você largar a vida que você tinha só pra me agradar, mas aí chegamos em um consenso de que seria melhor não só pra nós mas também pra nossa família que você não fizesse mais parte do crime, e agora você faz isso?
- Mas amor...
- Cala a boca!
Suspirei pesado.
- Em casa a gente se fala. Te espero no carro. Levantei, peguei minha bolsa e saí do restaurante.
Fiquei ansiosa, tomemmmmmmmmm
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O herdeiro da Favela
Fanfiction"bandido não se apaixona" Esse era o lema de Filipe BARÃO, dono do morro do Vidgal. Bom... Era né? Até Maria Julia aparecer e despertar em Filipe coisas que ele jurou nunca sentir um DIA, AMOR.