2. Phillipe

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A necessidade de senti-lo perto de mim me obrigou a ficar sentindo meus dedos tocarem sua pele. Como um refúgio da realidade tirar suas roupas após um tempo ali parados fez meu corpo reagir rapidamente as provocações contidas de Joe. Tal quais trazia aquela velha vontade de sorrir ao vê-lo se sentir confortável em me puxar para perto antes mesmo que estivéssemos sem roupas e uma sinfonia entre seus gemidos e suspiros fosse feita.

O olhando desejei aos Deuses que tivessem misera piedade do meu ser assim que morresse e admite amar aquele homem da mesma maneira que fazíamos aquilo em meio a sala, sem qualquer preocupação de que os vizinhos ouviriam ou deixaram de ouvir ao preservar seus orgulhos bom samaritanos.

- Eu te amo. – Em cinco anos ao lado dele descobri que aquelas três palavras se tornavam uma arma contra Joe. A calma que lhe dava toda vez que eu falava isso um dia me fez questionar se o mesmo duvidava disso. Parecia, já que seus olhos brilhavam intensamente quando era dito isso para sua pessoa. Quando vinham de mim sem que eu precisasse de um motivo para dizer.

Os próximos segundos foram baseados exatamente nisso. Um olhar, uma dúvida respondida e um beijo. Mais um entre tantos que seria guardado na sua memória e que um dia ele me contaria na esperança de me fazer lembrar desse exato momento em que estávamos despidos em meio a sala.

Já era tarde quando ocorreu, nos dando uma desculpa perfeita para procrastinar um pouco mais antes de voltar aos nossos afazeres e deveres, tomando todo nosso tempo e paciência antes que a noite virasse dia e tudo recomeçasse.

Em uma rotina já pré-programa sabia que ao acordar, o acordaria e iria em direção a cozinha. Preparando um café preto sem açúcar, pensaria nas matérias que teria na faculdade e a roupa que vestiria. Era sempre assim.

- Eu ainda não acredito na coragem que você tem de tomar isso. – Digo ao ver Joe com um café ao leite, açúcar e creme em mãos. Com os olhos franzidos, sabia exatamente a reação que teria, me fazendo sorrir de canto quando dada.

Revirando os olhos, ele mostrou a língua e se aproximou. Uma bela criança eu diria se não o amasse o suficiente para rir daquilo antes de novamente olhar em direção a sua xicara e o fazer a distanciar com medo de que eu a pegasse.

- Sua mania de criticar minhas bebidas favoritas foi exatamente o motivo pelo qual me apaixonei por você. Só pode ser isso. – Comentou ele com um ar convicto de sua fala, me fazendo o olhar antes de concordar.

- E eu achando que havia sido minha beleza, minha Inteligência... – Digo. – Quer dizer, como não se apaixonar por esse rostinho bonito?

Perguntei ao tocar minha barba e por fim piscando. Culpava Joe por isso. Por uma trazer essas brincadeiras à tona e junto minha infantilidade de dizer aquilo como se eu falasse de tal modo todos os dias de minha vida.

Em um murmúrio quase inaudível, que decifrei sendo um “Vai se foder”, esperei que ele pegasse sua bolsa e que tudo em volta voltasse a ter tanta importância quanto o fato de incomodá-lo em plena manhã de segunda.

Naqueles momentos eu tinha certeza que via um sorriso bobo se formar em seus lábios antes que ele dissesse um de seus palavrões e me ignorasse, não dando dois segundos para que estivéssemos juntos novamente.

Era sempre assim. Uma rotina pré-programada.

E se eu fosse você?Onde histórias criam vida. Descubra agora