As mensagens que não tive coragem de te enviar.

O cerco

Pablo não entendeu minha atitude, muito menos Nove.

Não podia mais ficar mentindo, tinha que falar a verdade logo, sei que perderia ela pra sempre, mas essa situação estava corroendo meu coração.

Com medo que algo acontecesse comigo, fiquei em casa por três dias, faltei na escola e não se importei com as matérias perdidas. Nove me mandou mensagem durante os três dias e claro, não respondi. Não sei como ela não veio até a minha casa.

Minha mãe estava preocupada com meu comportamento, todos os dias batia à porta, insistindo que eu voltasse a escola. Por causa dessa insistência, voltei para a escola, mesmo sabendo que encontraria Nove por lá.

A escola era meu pior pesadelo, não bastava os problemas que enfrentava por minhas responsabilidades, ainda tinha que enfrentar o bullyng.

Na hora do intervalo, como sempre, Lucas estava enchendo o saco de todos, sempre infernizando a vida dos menores e fazendo piadas idiotas quando as meninas passavam em sua frente.

Minha sorte era que Nove não tinha me visto ainda, ela estava conversando com suas amigas que falavam tão alto que dava para ouvir a conversa delas.

Quando o intervalo estava terminando, subi quase antes que todo mundo, já para não ser vítima das "brincadeiras" de Lucas, que sempre subia por último, nesse momento, Nove me viu e chamou pelo meu nome.

- Está se escondendo, é?

- Não, claro que não! - menti, doido para correr.

- Como você está?

- Bem e você? - disse, cumprimentando ela, com um beijo.

- Estou bem. - sorriu. - Na verdade, queria sua ajuda.

- Pode falar.

Ela segurou minha mão e então me olhando, disse.

- Acho que meu pai acabou com meu namoro.

- Como assim?

- Fred estava comigo, em minha casa, aí meu pai teve a ideia de conversar com ele, ao se finalizar a conversa, meu irmão disse que viu Fred sair de casa, apressadamente.

- Será que seu pai brigou com ele?

- Tenho certeza! - confirmou, Nove, passando a mão em seu cabelo. - Queria que você conversasse com ele e descobrisse se meu pai fez alguma coisa.

- Mas como vou fazer isso? - perguntei, quase que negando a proposta.

- Inicie um assunto e aí pergunta como o namoro está, tenho certeza que ele vai te contar algo.

- OK. Vou tentar.

- E ele, já te disse alguma coisa em relação a máscara?

- Não... nada ainda.

- Ah que pena. Estamos sem se falar já faz três dias estava pensando em ir na casa dele, o que acha?

- Não. Pode deixar que converso com ele, prometo descobrir algo.

- Ah, muito obrigada. Ficarei na torcida. E não suma também, percebi que ficou alguns dias ausentes da escola.

- É... estava com um pouco de preguiça. - respondi, sorrindo.

Nossa conversa foi finalizada pelo sinal do alarme da escola, pedindo que todos os alunos voltasse para as salas.

Toda quinta feira tinha aula de artes, apesar de gostar de desenhos e outros tipos de arte, odiava fazer teatro, tinha muita vergonha de se apresentar para as outras salas. Lembro como se fosse hoje, quando se apresentei para a sala de Lucas, ele me humilhou tanto com suas brincadeiras, que parei o teatro e desisti. A professora me deu nota vermelha e não quis compreender meu comportamento.