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Era verdade, os dias eram mais longos, tudo tinha intensidade, os toques, os beijos, os risos: o seu riso. Talvez tenha sido apenas um sonho? Será que foi real.

Me lembro de tudo, desde o dia em que meu pai cumprimentou o pai dele, quando vi o carro parado na frente do quintal e quando vi pela primeira vez seu sorriso entreaberto. Naquele momento ele era uma tela em branco, não havia nada que eu pudesse odiar ou gostar nele. Deveríamos de ter a mesma idade, ele era um pouco mais alto, soube imediatamente que meu pai nos apresentaria, ele iria sorrir orgulhoso por ter conquistado uma amizade, para ele era fácil ter amigos, fácil conhecer pessoas e fácil simplesmente falar. Era mais uma das coisas diferente entre nós.

Naquela manhã Bianca me convidou para nadar, decidi ficar em casa e notei seu desapontamento pelo outro lado do telefone: "tudo bem". Ela sempre tinha algo para fazer, como todos, o verão servia para isso. Ir para praia, nadar em um rio, correr, jogar. Escutava sempre os turistas falando sobre como todos os dias acordava com coisas novas a conhecer, diziam entusiasmado como se quisessem sair correndo para a praia e ficar o dia inteiro lá.

Estava no meu décimo quinto ano de vida, e passei os quinze anos naquele lugar: meus pais alugavam uma das casas durante todo ano, às vezes pessoas que eu nem conhecia da nossa família nos telefonava dizendo que estavam passando pela ilha e queria me conhecer. Eu gostava de morar lá, gostava de como o céu ficava rosa nos fins de tarde, do som do mar, de como os dias eram mais longos.

Sendo sincero, não sabia como estava me sentido assim porque eu nunca cheguei a me sentir como eu estava. Estava infeliz, não gostava nem um pouco de chorar, então apenas ficava olhando para a minha estante de livros enquanto me afundava cada vez mais nesse sentimento: ficar triste.

Odiava como tudo me lembrava ele, o pensar me deprimia. Ei! Pare de pensar um pouco! Vamos, o dia está quente! Talvez tenha sido por isso que eu disse para Bianca que não queria nadar, percebi na hora pelo seu tom estranho; "tudo bem", e desliguei o telefone. Tudo que eu queria naquele dia era me teletransportar para dentro de algum livro naquela estante e virar outra pessoa, mais enquanto isso eu continuava deitado vivendo o meu protagonismo. 


Texto não corrigido.

Abstrato como amarOnde histórias criam vida. Descubra agora