The 7 Kingdoms

Um lobo solitário

Snowville, era um pequeno povoado de feiticeiros que viviam perto da florestas de Gelo. Um lugar perigoso, onde até mesmo os mais bravos guerreiros já haviam perecido.

Lá, por um bom tempo, foi a casa de Noah Callow. Ou melhor, sua prisão.

Alguns feiticeiro sequestravam, ou compravam, crianças humanas de famílias que tinham uma condição de vida precária. Noah, era uma dessas crianças. Foi vendido aos 4 anos de idade para uma velha feiticeira, que o fazia de escravo.

O garoto sofria e precisava fazer todo tipo de atrocidade por causa daquela velha demoníaca. Ela o mandava floresta abaixo, para pegar seus estúpidos ingredientes. Animais selvagens já quase o mataram milhares de vezes, se ele voltasse de mãos vazias, levava chicotadas, ficava sem comer por 3 dias, ou mais, a depender da importância do ingrediente para a mulher. Já terá passado até 1 semana sem comida e sem água. Era mantido em uma jaula, como um animal. Com o passar dos anos, foi obrigado a matar outros feiticeiros por aquela mulher, pois eles tinham coisas que ela queria.

Aos poucos, a humanidade do garoto foi se esvaziando. Já não se lembrava mais de sua antiga vida. Ou mesmo seu nome.

Tinha agora sido nomeado como "O Garoto demônio"

Até que, um dia, as coisas mudaram.

Agora, ele tinha 8 anos. Quatro anos haviam se passado.

Era uma noite fria. O ar estava pesado, como de costume. A lua estava cheia, uma das mais belas luas que Noah já tinha visto.

Ele estava sentado na sua cela, observando pela pequena janela aquela linda bola prateada no céu, quando ele se lembrou.

Se lembrou de uma mulher, de cabelos longos e prateados, sua pele era morena, e seus olhos um amarelo que brilhava mais do que qualquer barra de ouro, ela estava sorrindo, e abraçando Noah, enquanto eles assistiam a lua cheia, Ela cantava. Aquela mulher, era sua mãe. Quando mais novo, todas as noites de lua cheia, ela levava Noah para ver a lua, e cantava uma canção.

E então, chamava seu nome, mas ele não escutava.

Qual era mesmo?

Ele teria mesmo um nome?

O garoto não lembrava, e quebrava a cabeça para lembrar, até que, como em um sussurro em sua memória, ele escuta.

– Noah.. Callow...

Era isso!!!! Era aquilo!! Noah!!

Naquele momento, um pouco de sua humanidade voltou.

A vontade de viver, de ser livre.

Então, ele decide fugir, naquela mesma noite.

E assim, o fez.

Usando todas as forças que tinha, conseguiu afrouxar um pouco às velhas barras de sua cela. O suficiente para seu corpinho magro passar, e então, fugiu.

Achara que a feiticeira estivesse dormindo. A serpente dormia cedo, mas infelizmente, estava enganado.

Ela o perseguiu, e quando o garoto se declarou livre, foi lhe lançada uma maldição.

Sentiu um choque por todo seu corpo, uma adrenalina que nunca antes sentiu. E uma paixão.. Uma paixão pela lua.

Seu corpo começou a se contorcer, seu ossos a mudarem, crescendo. Sua pele morena estava se infestando de pelos, seus dentes virando enormes presas, suas unhas cresceram e ficaram negras, seu corpo envergado, e um rabo surgiu em suas costas, suas orelhas se moveram para o topo de sua cabeça. Seus olhos, que antes já eram amarelos, ganharam um novo formato.

O garoto, tinha se tornado um lobo.

Então, ele olha para a lua, e uiva.

Nunca havia sentido tanta energia correndo pelo seu corpo, e uma fome, uma fome insaciável.

Noah saiu matando incontrolavelmente, durante toda a noite.

Apenas recobrou a consciência no dia seguinte. Estava deitado em uma caverna, coberto de sangue pelo corpo, e principalmente em seus dentes.

Ele correu para se banhar no riacho, enquanto chorava e se lamentava em completo desespero.

E ali, no riacho, encontrou uma garota, uma garota gentil. Mais velha do que ele.

Ela o levou para o seu vilarejo quando ele lhe disse o que aconteceu. E cuidou dele por um breve tempo, até que a lua cheia veio novamente.

Noah matou o vilarejo inteiro sozinho.

E então, a partir daquele dia, jurou nunca mais viver em sociedade novamente.

E tornou a floresta de Gelo o seu lar, onde viveu como um lobo sem alcateia durante anos.