The 7 Kingdoms

A História do sol e da lua. (Parte 1)

O tempo é uma coisa engraçada. Às vezes tão rápido, as vezes tão devagar, mas nunca para. Nem em teoria.

O décimo sétimo aniversário de Alba estava chegando. A jovem parecia embelezar mais a cada dia que se passava, estava se tornando uma belíssima mulher, e poderosa também. A floresta de Gelo, onde ela e sua mãe Odette viviam, por seu calor, estava pela primeira vez na história tendo a neve derretida em muitos pontos diferentes por onde passavam, especialmente a cabana das duas.

Alba estava fazendo a massa do pão quando sua mãe lhe chamou.

– Alba! – Odette exclama entrando na sala.

– Sim minha mãe? – A jovem para o que fazia e saiu calmamente da cozinha, indo em direção a Odette, e lhe dá um pequeno sorriso.

Odette acaba dando uma leve risada ao ver a bochecha e os cabelos da jovem sujos com o pó da farinha do pão. E então dá um sorriso doce.

– Minha filha, pode ir buscar água no riacho? Acabou. Mas tome um banho antes, está tão sujinha.. 

– Claro mãe – A jovem sorri e tira o avental, e vai se limpar da massa e da farinha. Ao terminar, veste uma capa azul. pega uma bolsa de couro que cruzava o seu peito, para caso achasse algo que quisesse levar, e um balde para a água. E sai, indo em direção ao Riacho.

O riacho era um pouco longe, e Alba era uma pessoa que se distraia com bastante facilidade. Estava anoitecendo e ela ainda não tinha chegado ao destino.

A floresta quando era noite se tornava ainda mais perigosa, então, seria justo que ela se permitisse liberar um pouco seus poderes.

Odette tinha medo que a filha pudesse fazer alguma besteira, então a proibia de o ativar. Mas a jovem tinha uma teimosia sem igual, e o praticava escondido, queria o controlar 100% um dia.

A Jovem criou pequenas bolas flutuantes de fogo, para marcar a volta para casa enquanto ela ainda a conhecia, e continuou seu caminho. A floresta de Gelo era um lugar traiçoeiro, se perder em meio a escuridão era algo que facilmente poderia acontecer. Além disso, os poderes de Alba eram com absoluta certeza, muito chamativos, mas não era algo que a jovem poderia mudar, ou ao menos achava que não.

Durante o caminho ela pegava algumas frutinhas e colocava em sua bolsa de couro.
Não era especialista em plantas como a sua mãe, mas sabia reconhecer aquelas que tinham veneno, e as plantas curandeiras.

Ao chegar no riacho, se ajoelha em meio a terra e as pequenas pedras, e coloca o balde dentro da água, lhe enchendo. Até que, escuta um barulho, vindo de uma moita.

– Tem alguém aí..? – A jovem diz em voz alta, um pouco insegura.

Nada se escuta, além da fria brisa noturna, que batia em seu rosto e balançava um pouco seus cabelos.

Ela suspirou.

– Deve ser minha imaginação.. – Ela ajeita o balde e se levanta com ele, que agora estava mais pesado, e segue suas luzes de volta para a cabana, às apagando uma por uma conforme passava.

Enquanto seguia seu caminho de volta para casa, escutou novamente barulhos, galhos quebrando por conta do que provavelmente seriam passos, e uma sensação constante de que estava sendo observada, estava sendo seguida, com certeza. Mas por quem?

Se sentia insegura, seu coração parecia que iria sair pela boca, sua respiração chegava a pesar. Quando escutou o barulho de garras marcando um tronco de árvore.

Ela olha em direção a escuridão, e engole o seco. Seu coração dispara ao ver dois grandes olhos amarelos lhe encarando, que praticamente gritavam em uma enorme e insaciável sede por sangue.

– ….Olá..? – Diz e sorri nervosa. A criatura pareceu dobrar de tamanho. Era um lobo gigante, que abre a enorme boca para arrancar sua cabeça.

Em um impulso causado pelo medo, Alba ativa seu poder e grita em completa agonia, com suas próprias chamas queimando todo seu corpo de dentro pra fora, como uma explosão em chamas. Seu grito foi tão alto que foi escutado por toda a floresta, assim como sua luz foi vista. Um enorme feiche que ia de onde estava e chegou a atravessar as nuvens.

O lobo grita e se afasta, tinha conseguido fugir a tempo para viver, mas parte de seu rosto foi queimado. Ele olha na direção em que Alba antes estava com ódio. O que sobrou fora apenas um rastro de fogo. A gigante criatura segue o mesmo, assim como seu cheiro pela floresta.

Alba corria, e corria por sua vida.

Aquilo teria chamado a atenção de outras criaturas com certeza, e não poderia arriscar colocar a mãe em perigo ao voltar para a cabana. Sem falar que, isso não seria algo realmente possível de se cogitar naquele momento, não apenas por estar sendo perseguida, mas por seu corpo estar em chamas. Seus cabelos haviam se tornado o próprio fogo, e faíscas se espalharam no ar, um rastro óbvio que estava tentando apagar.

O riacho era sua única alternativa no momento, mas a dor de ser apagada quase sempre era impossível de aturar.

Não lhe restavam opções.
Só faltava conseguir chegar lá viva..

Alba correu, já que se esconder seria inútil, aquela coisa não a permitiria fugir. Ganhou um enorme arranhão em seu braço, mas conseguiu chegar no riacho.

Seu coração se aliviou, e ela sorriu em vitória e alegria. 

Mas, quando ia se jogar no mesmo o lobo a alcançou.

Ele levantou a pata em um simples movimento de ataque que iria arrancar sua cabeça fora.

Alba apenas olhou pra trás, e aceitou, fechando os olhos e se entregando para o seu fim.

Mas..

O ataque não veio.

Ela abriu novamente os olhos, e aquele grande lobo estava no chão, sendo atacado por um outro lobo, um pouco menor e de pelagem negra.

O lobo menor o matou, e olhou para Alba. Seus olhos eram um amarelo que brilhavam como ouro, sua boca escorria sangue e um pedaço de pele, ele rosna baixo para Alba e volta para sua refeição.

A jovem o encara por certo tempo, assustada, mas agradecida, e entra no riacho, se segurando para não gritar de dor, apagar as chamas sempre foi algo doloroso.

Ela fica lhe observando comer enquanto estava dentro d'água.

Mas, sua visão começa a ficar turva, ela sente seu corpo desfalecendo e olha para o braço. "Será possível..? Veneno nas garras de um lobo..?"

Ela olha para o céu enquanto boiava, e sua visão escurece.