Capítulo 2

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Carol/Nick

Não consegui dormir durante a noite toda, apenas lendo e relendo a carta do Nick. O papel com sua caligrafia, que, diga-se de passagem, era horrível já estava todo marcado de tanto que eu dobrava e desdobrava o coitado com minhas tentativas de abraçá-lo.

Eu precisava conversar com alguém urgentemente e este alguém era a Dri. Eu precisava contar a ela sobre a carta, pois já não me aguentava mais de tanta ansiedade, mas o maldito relógio no criado-mudo indicava apenas 6h30 da manhã e ligar para a Dri a esta hora era sentença de morte.

Já havia rolado na cama várias vezes, que perdi a conta e não aguentava mais ficar ali. Meu corpo estava cansado, mas eu não sentia sono. Então, não aguentando mais ficar ali parada e aguardando as horas passarem, me levantei, tomei um banho bem gostoso, fiz um café e me sentei na bancada com a carta na mão. Novidade seria me desgrudar dela agora. Com toda certeza, eu estava exibindo uma cara de boba sonhadora.

Ao reler sua carta pela enésima vez, me permiti chorar novamente. Na verdade, eu duvidava que algum dia fosse imune às lágrimas quando se tratasse das cartas de Nick. No entanto, esta tinha um gosto especial, pois ela não trazia apenas a saudade, ela trazia a esperança. Eu realmente estava desacreditada, por milhares de vezes que imaginei que Nick estivesse morto; em outras ocasiões, eu o imaginei voltando casado e com filhos. Pensei até que ele havia abandonado as Forças Armadas e que estava trabalhando com seu pai e havia me esquecido. Mas, então, sua carta chegou, com aquela caligrafia horrenda que eu amava tanto, com suas palavras, sua presença... Aquele pedaço de papel em minhas mãos havia preenchido o meu coração e o aquecido com esperança e força renovada.

Quando seria a sua chegada? Meu Deus, que saudades dele! Peguei-me relembrando tantas coisas enquanto secava meu rosto pelas lágrimas derramadas. A primeira vez que o encontrei ainda na escola. A primeira despedida quando embarcou em missão. E, principalmente, a primeira carta que me enviou. Não sendo mais capaz de conter minha agitação, liguei para a minha amiga. Na primeira chamada, deu caixa postal. Na segunda... Caixa postal novamente. Que merda, será que era muito difícil atender a porcaria do celular?! Tentei mais uma vez. Primeiro toque, segundo toque, terceiro toque... Atendeu, quase gritei de felicidade.

— Pelo seu desespero, eu espero que a sua casa esteja pegando fogo ou a Terceira Guerra Mundial tenha acabado de ser anunciada, porque, do contrário, juro que vou te matar. — Dri é sempre muito sutil! Precisava ser tão ameaçadora?

— Chegou, amiga — praticamente gritei.

— Quem chegou? — perguntou, ainda grogue de sono.

— A carta chegou — respondi, sorrindo.

— Quem... Carta, que carta? — falou impaciente.

— Acordaaaaaaa, Dri, a carta do Nick. Recebi uma carta dele e ele está bem e está vindo para casa — cuspi as palavras. Eu estava muito empolgada.

— Caroline — Começou com uma fingida calma. —, são exatamente 7 horas da manhã de domingo e eu vou te ver daqui a algumas horas para o almoço, você realmente precisava me ligar agora?

Merda, ela realmente estava brava, mas eu não me importei.

— Amigaaaaaa, ele está bem, você ouviu? Ele está vindo para casa.

— Ótimo, amiga, quando ele chegar diz que mandei um beijo, tchau.

— Adriana, não ouse desligar. Eu não sei quando ele vai chegar, ele só disse que está vindo e quando chegar vai me ligar. Amiga, eu estou tão feliz. — Acabei soando como uma adolescente, mas, foda-se, eu realmente estava feliz.

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