QUANDO VOCÊ VOLTAR

Capítulo 3

Carol/Nick

Eu estava completamente apavorada e não sabia se saía correndo para a rodoviária ou se ligava para o SAMU vir me socorrer, pois eu estava prestes a ter uma parada cardíaca. Eu não esperava que a chegada do Nick fosse de forma tão repentina. Fiquei tão absorta com a notícia da sua chegada que não me atentei que ele mencionou que esperava que a carta chegasse antes dele. Burra! A carta demorou tanto para chegar que o prazo para sua chegada ficou menor. Queria me estapear sempre que tinha esses surtos de burrice, pois com eles vinha uma avalanche de insegurança e medo, que tomava conta de mim. Essa minha insegurança estava relacionada com o fato de ter sido abandonada pela minha mãe e isso, por mais que já tivesse tentado apagar da minha memória, era algo que me perseguia sempre e sempre.

Ele chegou! Ele chegou! Eu corria de um lado para o outro, dando aqueles pulinhos de alegria ridículos que só criança faz quando está empolgada com um presente novo. Forçando a adulta interior voltar à ativa, repeti a mim mesma como um mantra: "Calma, respira, o Nick está te esperando na rodoviária; você precisa ir até lá".

Corri! Na verdade, voei até o meu guarda-roupa. Nenhum segundo perdido seria aceitável. Ele havia chegado, e eu só precisava estar lá o mais rápido possível. Eu queria estar linda, poderosa e sexy, mas também não queria parecer vulgar, necessitada e oferecida. Resultado: acabei de calça jeans, camiseta branca e sapatilha vermelha. O cabelo estava molhado do meu recente banho e, como não tinha tempo para secá-lo e deixá-lo apresentável, o coitado acabou preso em um coque frouxo.

Dirigi como uma louca. E o trânsito, para variar, estava caótico, o que acabou me deixando muito irritada. Tudo o que eu queria era apenas chegar à rodoviária o mais rápido possível e viva de preferência. Quarenta e cinco minutos depois, eu estacionei o carro de qualquer jeito e saí correndo em direção aos portões de desembarque. Ele não estava lá; então corri para as salas de espera e nada também. Meu coração estava saindo pela boca e eu estava ofegante, suando e puta da vida por ter demorado tanto. Será que havia acontecido algo com ele? E se ele tivesse cansado de me esperar e ido embora de qualquer jeito? Cacete! Olha minha insegurança de novo me sufocando!

— Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah — A louca aqui estava literalmente gritando no meio da rodoviária e chamando toda a atenção para mim mesma. Morri de vergonha, claro! Por fim, abaixei a cabeça e comecei a seguir em direção ao estacionamento me sentindo completamente derrotada quando uma voz rouca, forte e extremamente gostosa soou em meus ouvidos.

— Esta moça linda está procurando por alguém especial?

Virei-me lentamente e ali estava ele. Meu Deus! Depois de mais de um ano sem colocar os olhos nele, ele estava... Perfeito! Aquele sorriso doce, mostrando seus dentes brancos e perfeitos, aquele corpo — Senhor, ele havia ganhado mais músculos! —, com ombros largos, pernas longas e, tinha certeza, definidas. Ele ainda estava de uniforme — calça camuflada e coturno —, com os óculos de sol, no estilo aviador, pendurado na frente de sua camiseta preta.

Eu não conseguia me mover; o meu corpo estava ardendo de desejo. Isso não podia ser possível, pois eu não poderia amá-lo daquela forma, afinal, éramos apenas amigos, não é mesmo? A verdade era que, além de amá-lo com todas as minhas forças, eu ainda estava morrendo de saudades.

Acordei do meu delírio no momento em que ele soltou sua mala ao lado do corpo e abriu seus braços perfeitos para mim. Tudo explodiu em minha mente e eu não fui capaz de me conter por mais tempo. Uma lágrima escorreu por minha face e eu fiz o que qualquer mulher em sã consciência faria: eu corri para ele. E, quando notei que seu sorriso se alargou, só juntei mais forças e me lancei sobre seu corpo. Ele não me desapontou, nem perdeu tempo, me segurando com força. Pulei sobre ele, envolvendo minhas pernas em sua cintura e os braços em seu pescoço. Seu corpo era como um porto seguro onde eu me sentia, protegida e bem-vinda.