A coisa que eu mais esperava era que debaixo daquele papel brilhante tivesse uma carta do Lucas. Ou um bilhete confessando para mim que ele ainda estava por aí. Que por alguma razão teve que fingir tudo e ir viver disfarçado.
Aqui no meu quarto, Ítalo, Ester e Felipe se juntavam ao meu redor. Quando rasguei o papel de presente vermelho e branco, meu coração batia forte.
Era um videogame, um desses consoles novos. O último modelo. Eu vi na internet por uns quatrocentos dólares.
Ítalo assobiou.
Procurei em todo lugar pela minha carta, meu bilhete, mas não tinha nada. Esse videogame parecia um presente para outra pessoa.
Eu nem gostava de videogame.
O que Matheus queria dizer quando falou que Lucas queria que eu ganhasse um console de videogame?
A mãe do ítalo chamou o filho do andar de cima. Ele tinha que se arrumar para pegar o voo para Londres no dia seguinte. Ele estava triste porque não ia poder jogar no meu videogame novo.
- Helena, eu ainda não te dei o presente de Natal. - Ítalo falou para mim já na porta.
- Como assim?- falei não entendendo nada do que ele estava falando.
Ele se aproxima e eu fecho os olhos pela aproximação. E sou surpreendida por um selinho rápido.
- Tchau, Helena! Até daqui a duas semanas. - Falou enquanto ia andando para as escadas.
***
Pelo resto da noite , eu, Ester e Felipe jogamos o único jogo que veio de graça com o console. Depois que eles foram embora eu tentei jogar um pouco mais, mas não tinha muito interesse.
Em vez disso, peguei um pouco de torta de maçã e abri o livro de pinturas que que meu vizinho David me deu. Meus dedos corriam pela pelas páginas de Tudo Sobre Arte, de Stephen Farthing.
Então, logo depois da meia-noite, fiquei meio pirada.
Arranquei todos os quadros de pinturas que eu tinha na parede e joguei todos no chão. Peguei uma pasta que tinhas todos os meus desenhos e joguei no lixo.
Peguei meus lápis, pincéis, folhas, quadros e tudo que eu fosse precisar.
Eu não tinha certeza se era o açúcar da torta de maçã, se eram as coisas que eu vinha juntando por causa do Lucas, ou se era só porque fiquei acordada até muito tarde.
Mas algo bateu.
Eu não sabia o quê, mas aquilo me deu uma energia louca e a vontade de me desfazer daqueles desenhos e começar a fazer coisas novas.
Algo diferente.
Continua...
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capítulo pequeno porque estou sem criatividade.
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Refúgio em Papéis
Roman pour AdolescentsVivenciando o luto em tempos de ódio, como preencher as partes que ficaram faltando dentro de si? Para Helena, a resposta pode estar em Baucci - a cidade imaginária que Helena desenha com seus pincéis e tintas que ganhou da namorada de sua mãe. A ar...