02. O grande culpado.

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A turma chegou junto ao portão do seu Kim. Taehyung respirou fundo, estufou o peito e tocou a campainha. A empregada veio atender.

— Seu Kim? Ele não está. — Informou. — Deve estar na prefeitura… — E olhando para os pés de Jungkook, exclamou: — Vocês não pretendem entrar aqui com essa lama toda, né?!

— Eu não disse, ele não está em casa! — Cutucou Yoongi, ignorando o comentário que a mulher fez sobre Gu.

— Com licença. — Era Seokjin, a filha do prefeito, que surgia por de trás da mulher velha. — O que vocês querem? 

Taehyung abriu a boca para responder, e ficou com ali, aberta, totalmente dependurada logo abaixo do nariz, muda e falaram. Mas os olhos dele falavam tudo, pena que Jin-ah nem prestasse atenção, pois Jimin estava explicando o que faziam ali.

— E vocês sabem onde fica a prefeitura? Se não souberem, eu os levo até lá. — Adiantou-se Seokjin, começando a perceber nos olhos de Taehyung algo que a deixava meio confusa, meio vermelha e com muita, mas muita vontade de ver mais.

— Ah, não precisa. — Agradeceu Yoongi. — Eu sei onde é. Bora, galera.

— NÃO! — Era a boca de Taehyung que voltava a funcionar mais rápido do que nunca. — Você nos leva? — Pediu para Seokjin, que timidamente assentiu.

No caminho, Jungkook tratou de explicar o assunto para a filha do prefeito.

— Hum, não sei se meu pai pode fazer alguma coisa, não. Ele vive reclamando da falta de dinheiro também.

A turma foi introduzida na sala do prefeito. Seu Kim parecia desesperado com a cabeça entre as mãos, sentado à mesa com aquele olhar perdido.

— O que vocês querem? — Perguntou depois que a filha o apresentou os novos amigos.

— Asfalto na minha rua! — Começou Jungkook, mostrando o sapato enlameado.

— Transporte decente! — Exigiu Yoongi.

— Médicos no pronto-socorro! — Acrescentou Jimin.

— E energia elétrica. Ah, e também… — Taehyung não continuou.

— E também o quê? — Perguntou o prefeito, paciente. O rapaz calou. O que ele queria mesmo era pedir sua filha em namoro.

Seu Kim se levantou e pôs-se a andar nervoso pela sala.

— Impossível! Não há dinheiro, a arrecadação está baixa.

— Arrecadação? — Estranhou Taehyung.

— É o dinheiro recolhido através dos impostos. — Cochichou Yoongi.

— Neste município todos reclamam. — Continuou o prefeito. — Os comerciantes acham que os impostos são altos e sonegam!

— Sonegar…? — Murmurou Jungkook para si mesmo.

— É. Eles vendem a mercadoria e não repassam o dinheiro para o governo. — Explicou doutor Kihyun, o secretário municipal das finanças, que acabava de entrar na sala. Era um homem alto, bem vestido, a carapinha meio embranquecida.

— Quer dizer, então, que eles embolsam o dinheiro?! — Gritou Jimin, enfurecida, se esquecendo da própria timidez. — Mas isso é roubo!

— Os comerciantes não são os únicos a reclamar: A população reclama tanto quanto eles. — Continuou o prefeito. — Mas também não faz a parte dela, deixando de pedir a nota fiscal ao comprar alguma coisa.

— O que tem a nota fiscal? — Quis saber Seokjin, interessado.

— A nota fiscal é o comprovante de que compramos uma coisa. Toda vez que o comerciante dá uma nota fiscal, ele é obrigado a repassar para o governo o dinheiro do imposto, e quando ele não dá a nota fiscal, ele pode pegar pra ele o dinheiro do imposto que você pagou. — Explicou Kihyun.

— Puts, é roubo mesmo. — Jimin murmurou.

— Afinal, então quem é o culpado? — Jungkook perguntou, olhando os sapatos sujos.

— Os comerciantes que sonegam e da população que não pede nota fiscal. — Respondeu o doutor Kihyun.

Neste momento entrou Hoseok, um rapaz de cabelos compridos, amarrados num rabo de cavalo, e ar esperto. Ele era um faz-tudo na prefeitura. Trazia chá e cafézinho para as visitas.

— Seu Namjoon, o senhor me desculpe a franqueza. — Disse Hoseok. — Mas a administração pública também não é lá grande coisa. Existe muito desperdício e pouca organização.

O prefeito olhou para o rapaz com ar de quem não gostou do comentário.

— Não gosto de admitir, mas a máquina administrativa, nesta cidade, é um dinossauro… Além disso, — continuou o prefeito. — Um quarto da arrecadação do Estado é dividido entre os municípios. Só que o bolo é repartido conforme a arrecadação de cada cidade. Como aqui ninguém pede nota fiscal, nossa arrecadação é baixa e a nossa fatia no bolo é fininha. Não dá pra nada.

Hoseok colocou a bandeja sobre a mesa e comentou:

— Seu Namjoon, imagine o quanto a cidade iria ganhar se encontrassem a mina de ouro!

— Mina de ouro… — O prefeito torceu o nariz como se estivesse cansado de ouvir aquela história. — São Paulo não tem ouro, Hoseok! Quantas vezes já não lhe falei que ouro você encontra em Minas Gerais?

— Mina de ouro?! — Exclamou Taehyung, o único que jamais ouvira falar da lenda.

Doutor Kihyun contou a história para ele.

— Dizem que no começo do século apareceram aqui na cidade dois forasteiros, vendendo ouro. Fizeram um bom dinheiro, foram beber no bar e acabaram revelando que tinham achado uma mina de ouro.

— E onde está a mina?! — Quis saber Taehyung, entusiasmado. — Poxa vida, uma mina de ouro, que história mais super super!

O secretário prosseguiu:

— Não se soube nunca o que aconteceu, nem onde está a mina. Os garimpeiros foram embora e dias depois encontraram o corpo de um deles assassinado, à traição! Na época chegou-se a pensar que o crime se deu por causa de dinheiro, mas o outro garimpeiro nunca mais voltou pra confirmar a história..

Taehyung não cabia em si de tanta vontade que estava sentindo de sair em excursão atrás da mina.

— Aqui, o único que ainda acredita nessa mina é o Hoseok. Nunca ninguém achou nada. — A história foi concluída por Namjoon. — De qualquer forma, se houvesse uma mina de ouro, a cidade enriqueceria pelos impostos que a extração e a comercialização do minério poderiam trazer.

A Mina de Ouro - BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora