15 Mentiras

Me and the Rhythm

Kelly acordou na manhã de uma segunda já pronta para começar o dia. Não era uma pessoa que gostava de esperar pelos outros, não gostava de deixar que o dia fosse decidido por pequenas coisas. Não era uma pessoa que você chamaria de baixo astral. Muito pelo contrário. Estava sempre pronta para ajudar seus amigos, conhecer pessoas novas, encher um copo de cerveja ou de caipirinha e dançar até seu corpo não aguentar mais.

- E é isso que quero fazer na sexta. - Disse para si mesma quando entrava no banho para cantar e dançar como se nada a atingisse.

***

Eram nove horas da manhã e Anderson estava acordado. Ou, pelo que ele saiba, nem dormira. O trabalho da faculdade que apresentaria na parte da tarde era o menor de seus problemas.

Ele teria um encontro.

Tá. Não era um encontro em vias de fato, já que o Lucas não tinha deixado claro que seria e um café não quer dizer nada.

Mas, de qualquer forma, ele decidiu ir arrumado para a faculdade, pois não teria tempo de sair de lá para se trocar novamente.

Ou levaria uma muda de roupa na mochila para se trocar no vestiário?

- Porra, Anderson. - Disse para si mesmo saindo do banho - Quando que você ficou tão confuso assim? Você sempre foi decidido.

***

Mariana estava feliz por ter conversado com Anderson a noite inteira de ontem. Ok. Não a noite inteira, mas até a hora que pegou no sono.

Tanto que, a primeira coisa que ela fez quando acordou foi pegar seu celular e sorrir ao ver o "bom dia" de Anderson.

Se apaixonar à primeira vista não era do seu feitio e ela sentia que estava perdendo a racionalidade de seus sentimentos, como sempre fora.

"Mas, mesmo assim, não quero colocar os cavalos à frente dos bois e estragar tudo com..." Ela riu de si mesma por errar o ditado.

- Ai, Mari. - Disse a si mesma terminando de se secar. - Se controla, menina. Ele pode nem estar afim de você.

Os três não sabiam, mas saíram de casa no mesmo momento e os celulares receberam mensagens que os fariam sorrir.

Capítulo 2 - Me and the Rhythm

- E aí, Ex! - gritou Kelly ao ver Anderson descer do ônibus.

Ambos se davam muito bem e faziam faculdade no mesmo lugar, porém não o mesmo curso. Como estavam no último ano, passavam muito tempo na biblioteca ou no Starbucks próximo à faculdade fazendo seus TCCs. Muitos se perguntavam porque eles ainda eram amigos se tinham namorado e terminado, mas Kelly e Anderson sorriam e respondiam sempre "Foi amigável".

Não era um assunto fácil de tratar e era muito íntimo, por isso preferiam manter a discrição dos motivos e somente os dois - e alguns amigos mais próximos - sabiam.

A diferença dos dois era muito crucial: Kelly queria todos os dias e Anderson não tinha essa vontade com muita frequência.

Ambos entendiam que, na sociedade que viviam, Anderson não ser o homem que está sempre pronto para fazer sexo lhe renderia vários apelidos que Anderson não gostaria de ter que aguentar. Por isso, como um pacto de amizade, eles mantiveram o sexo casual quando Anderson está afim e terminaram o relacionamento em comum acordo.

- E aí, doida. - Respondeu Anderson com um sorriso. Aquele sorriso que Kelly e tantos outros gostavam.

Ela já tinha dito e repetia sempre que podia. O sorriso de Anderson é o que ganhava as pessoas, pois era tão verdadeiro, tão lindo e tão envolvente. Seus lábios eram bem delineados e formavam como se fosse uma boca de desenho animado e, quando ele sorria, o Sol parecia apagar por um segundo e somente aquele brilho ficava.