O Rasgar do Papel

Impulso Ilícito

Sentiu um calor insuportável. Ainda de olhos fechados, não sabia o que estava acontecendo. Escutava estalidos, um barulho que se assemelhava a uma fogueira. Ousou abrir os olhos mesmo que estivessem muito pesados. Olhava para o teto. A iluminação avermelhada por todo o lado o fez se abalar. Tossiu um pouco e tentou se levantar. Seu corpo estava tão pesado quanto seus olhos. Precisou fazer muita força para se sentar. Olhou em volta e viu que tudo estava em chamas. Se amedrontou verdadeiramente. Havia algo muito errado e não era só o fato de que o lugar em que se encontrava estava pegando fogo com ele dentro, mas a atmosfera daquele ambiente... E o lugar onde se encontrava ser um lugar conhecido para si... esse era o real motivo de aquilo estar tão errado.

Tossiu novamente sentido suas vias respiratórias se fechando aos poucos. Se levantou e caminhou até a porta. A maçaneta, quente demais, o impossibilitou de abri-la. Foi até a cama e pegou um cobertor que estava ali em cima. Conhecia aquela manta... Só não se lembrava de onde a tinha visto. Enrolou na mão e abriu a porta. Conhecia aquele lugar. Conhecia. Sabia disso. Desceu vários lances de escada que estavam prontos para desabar, assim como o resto da estrutura. Se dirigiu até a porta principal e a empurrou com toda a força que tinha. Caiu no chão já do lado de fora, tossindo bastante. Quando enfim estava mais estabilizado, se permitiu olhar para o lugar de onde havia conseguido escapar com vida.

Seus olhos se arregalaram tanto que chegaram a doer. Suas mãos foram para sua boca. Não queria acreditar. Seus olhos se encheram de lágrima. Seu coração se apertava no peito. Uma sensação inexplicável de perda.

Sentiu quando aquilo subiu por seu tronco e não pôde impedir o grito de agonia. Só um nome ecoava em sua mente...

"Sasuke..."

                                         .   .   .

Já iria completar uma semana desde o ataque ao seu castelo e nada de progredir quanto a busca dos culpados. Havia falado com seus conselheiros, mas eles disseram que o foco de suas buscas ainda seria Orochimaru mesmo que tivesse dito a eles o que Sai sabia. Disseram que ele estava debilitado demais para que desse qualquer informação coerente. Ainda que fosse a Rainha, o conselho era o órgão de grande relevância pelo fato de serem pessoas influentes. Entraram em um consenso e a maioria resolveu que fazia sentido o que havia sido dito sobre a debilitação de Sai.

E é claro que havia saído daquela reunião muito chateada e frustrada. Sai estava sim bem debilitado, mas ele conseguiria passar uma simples informações como aquelas sem se enganar.

As curandeiras disseram que ele estava dormindo ainda, então ela decidiu ir para o ponto mais alto de seu castelo para respirar e pensar. Lá tinha uma vista bem bonita. E ela adorava aquilo.

Mesmo não querendo que Sai se esforçasse mais do que deveria, resolveu que tentaria pegar mais informações com ele quando acordasse.

Sorriu ao perceber no que havia pensado mesmo em um momento tão complicado como aquele.

Lembrou-se de que ainda não tinha viajado para longe com Sai, um sonho que tinha já fazia um tempo. Prometeu que assim que ele melhorasse, encontraria uma maneira de realizar esse sonho, que acabou se tornando um pouco de Sai também.

Naquele momento, estava mais relaxada do que estivera em toda essa semana. A brisa batia levemente em seus cabelos, levando parte de suas preocupações com ela.

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Não soube em qual momento havia deitado por cima do outro, assim como não sabia que um beijo, mesmo sem sentir nada pela pessoa, podia ser tão bom. Talvez fosse Shikamaru que soubesse beijar muito bem ou talvez fosse só pelo fato do perigo de serem pegos. Não sabia, mas preferiu abafar aqueles pensamentos.