Sangue Ruim

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"Tic Tac Tic Tac" eu observava o relógio da sala de poções enquanto o professor Slughorn explicava algo sobre as propriedades da poção, era interessante, até demais, mas eu estava muito cansado. Havia dormido tarde na noite passada conversando com os garotos da Sonserina, e isso tem consequências, é óbvio, pelo visto estou pagando a minha bem agora.

Estávamos sentados juntos, eu e as meninas, as mesas da sala de poções eram grandes e cabiam seis pessoas, o resto da sala estava disperso nas outras mesas. O professor Slughorn é o diretor da minha casa, e por esse motivo, eu não caia no sono imediatamente. O tempo passou, após ele explicar o básico de poções, ele disse que já estávamos prontos para tentar uma poção muito simples e úteis para adolescentes em crise, a poção de curar furúnculos. Após coletar todos os ingredientes, conseguia picar tudo direitinho, separar por uso e em ordem, controlava o fogo como um verdadeiro mestre de poções.

– Como consegue triturar corretamente e fazer com tanta confiança? – Pergunta Letícia.

– Ué! É simples na verdade. Poção é como cozinhar, digamos que um molho.

– Sua poção tá com uma consistência muito grossa, senhor Frost. – Disse Slughorn atrás de mim, me dando tapinha nas costas para confiança.

Eu me olhava um pouco decepcionado mexendo aquele líquido de consistência horripilante. Até que algo chamou minha atenção, uma respiração ofegante, como uma surpresa, vindo do meu lado eu pude observar Letícia completamente encharcada pela poção que Umbridge havia derramado, e pela a atuação que ela vinha fazendo, estava fazendo de tudo para parecer que foi sem querer.

- Sua... – Letícia tentava falar alguma coisa, porém, sua pele começou a coçar e ela não conseguia fazer mais nada direito, além de se coçar até se machucar.

– Essa não... Uma poção mal feita, senhorita Umbridge. Isso causou a coceira na senhorita Wade.

– Você vai continuar falando o óbvio ou vai levá-la para a enfermaria? – Disse Cynthia se mostrando furiosa e desesperada tentando ajudar a amiga.

– É claro! Aconpanhe-me, senhorita Wade.

Eles saíram da sala, Ayla, Cynthia e eu olhamos imediatamente com os olhos em chamas para Débora, que sorria ao ver o que causou. Ela se virava e saia andando para sua mesa como se nada tivesse acontecido, mas não por muito tempo.

– Aí sua vaca mimada! – Digo, ganhando a atenção de todos da sala, especialmente a de quem eu queria.

– Do que você me chamou? – Ela fala se virando lentamente.

– Eu gaguejei? Você sabe muito bem que isso foi de propósito sua mentirosa.

– Você tem provas? Caso não tenha, sou tão inocente quanto todos dessa sala, isso foi apenas um simples acidente.

– Um simples acidente vai ser a nossa volta! – Falou Ayla, que estava furiosa junto comigo.

– Tomem cuidado com quem vocês estão se metendo, ou vão...

– Acabar que nem o Gabriel? Você o traiu na primeira oportunidade que teve, tudo isso para vencer e se sair superior, querendo suprir seu próprio ego. – Digo.

Nesse momento Gabriel entra, escutando tudo o que eu falei. Ele apenas entrou e se sentou em uma mesa junto com seu amigo que o acompanhava, bem longe de Umbridge.

– Você, especialmente você, seu sangue ruim, irá se arrepender das suas palavras.

Ela fala se virando de costas para mim, enquanto eu sorria ao ouvir o que ela disse, mas todos me olhavam boquiabertos por eu aceitar ela ter me chamado daquilo. "Sangue Ruim", eu não fazia ideia do que era aquilo, mas depois que Cynthia me explicou, comecei a ficar olhando para Débora com olhares fulminantes até o final da aula. Após a aula de poções, tivemos a aula de herbologia, aprendemos um pouco sobre a base e o início, a última aula é sempre a menor, então não me preocupei em ficar pensando em um plano para deixar Umbridge no lugar dela.

E finalmente terminei o meu primeiro dia de aula de Hogwarts e eu estava profundamente aliviado. Fui deixar meus pertences na sala Comunal, no dormitório, e como era cansativo andar até às masmorras todos os dias. Eu estava no pátio, pois ainda estava bastante claro, na mesma árvore que eu estava lendo o livro horas atrás, eu me sentava e me degustava com um pouco de história da magia, fascinado. Porém, sem eu perceber, umas três sombras cobrem a claridade e quando eu fui ver, três garotos altos que pareciam ser do quinto ou sexto ano de Sonserina, me olhavam tentando me intimidar.

– Pois não?

– Você é o sangue ruim que entrou na nossa casa não é?

– Sim... Eu acho. – Digo comparando o emblema das nossas vestes. – Por que a pergunta?

– Você... – Ele me pega pela gola da blusa e me tira do chão, me jogando contra a árvore. – Não deveria ter manchado o nome da sonserina com o seu sangue trouxa.

– Me desculpa! – Eu falava fechando os olhos, com medo tentando não olhar para eles.

– Por isso, tente andar na linha e seja o melhor bruxo nascido trouxa que a sonserina já teve. – Ele me fala me colocando no chão.

– Nossa o que rolou? – Pergunto.

– Apenas uma boa recepção. Sangues ruins tendem a não ser tão bons quanto bruxos, mas você veio para a Sonserina, trate de dá orgulho a sua casa.

– Tudo bem...

Após isso, eles saíram. Eram os valentões mais bipolares que eu ia vi na minha vida, pareceu que eles estavam tentando me intimidar com ofensas e ameaças, mas ao mesmo tempo me ajudando com isso de orgulho para a casa. Rapidamente eu volto a minha leitura pelo livro, porém, mais uma sombra aparece na minha frente, de saco cheio e respirando fundo eu olho para frente, era Gabriel que não parecia querer me ameaçar ou me bater como na outra vez que nos falamos.

– Oi? – Ele fala um pouco tímido acenando de leve com sua mão.

– Oi.

– Posso me sentar?

– Claro, por que não? – Após isso, ele se senta ao meu lado e vê o que eu estou lendo.

– Já tá fazendo o dever de casa?

– Estou, e acredite, eu estou tão surpreso quanto você. Mas o que você quer comigo? Pedir para eu não falar com a Débora daquele jeito na frente de todo mundo?

– Não... Na verdade eu vim te agradecer, você meio que clareou a minha visão.

– De nada. – Eu fechava o livro e olhava para ele. – E como você está?

– Bem melhor. – Ele fala colocando a mão no curativo na sua cabeça. – Se o professor não tivesse me ajudado a tempo eu provavelmente estaria...

– Morto. É eu sei. Que bom que está bem.

– Eu também vim aqui te pedir desculpas, pelo que aconteceu hoje mais cedo na hora do almoço, eu meio que extravasei demais.

– Não tem problema, eu sinceramente não liguei para o que você disse naquela hora. – Nós dois sorrimos e após pararmos...

– Parceiros? Colegas? Amigos? – Ele pergunta estendendo a mão.

– Colegas. Se eu fosse você tomaria cuidado para não ser picado por outra cobra.

– Você não é assim, é apenas um sistema de defesa.

– Tá me analisando? – Pergunto.

– Minha mãe é psicóloga, meu pai é bruxo que trabalha com esportes trouxas.

– Interessante, mas não responde a minha pergunta.

– Sim, desculpa. Mas então, acho que já vou indo, vou me encontrar com alguns amigos antes do jantar, até mais.

– Até.

Eu via ele saindo e ria do jeito que ele caminhava, era um dos mais baixos do primeiro ano, sei que isso parecia errado, mas agora que a gente era colega, poderíamos se tornar mais amigos, e eu senti algo legal vindo dele, parecia ser sincero. Após isso, foi escurecendo rápido demais, e então entrei no castelo o mais rápido que eu pude junto com os outros estudantes. Comi uma excelente refeição na hora da janta e consegui terminar a primeira tarefa de História da Magia. Meus amigos do dormitório estavam tão cansados quanto eu, então já bem cedo, adormecemos em um sono pesado e profundo.

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