Enfim paz....

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Fico sem resposta pra essa pergunta, desligo o celular e tento dormir já amanheceu e estou precisando fechar um pouco os olhos.
Minha mãe me chama pra poder ajudá-la. Essa madrugada não tive pesadelos, dormi tranquilamente.
Acho que é um mistério porque na escuridão da noite tudo acontece e na luz do dia consigo dormir calmamente e o melhor sem precisar de calmante. Depois de fazer uma faxina sento pra assistir com meu irmão ajudo ele em algumas atividades e logo depois assistimos à um filme e como sempre ele dorme em meu colo, converso um pouco com minha mãe até que ela também cochila.
Levanto pego meu caderno sento em meu lugar preferido para escrever: a cozinha. Coloco uma música alta enquanto os pensamentos vão fluindo tomo um gole de café e dou início a mais uma escrita me deixando levar, isso me acalma me faz bem eu jogo meus pensamentos no papel o sentimento é de leveza de missão cumprida. Me olho no espelho e me pergunto: afinal qual o sentido da vida? Porque existem tantos desafios? Tantas dores? Tem coisas que não consigo entender.
Acordo minha mãe e meu irmão decidimos ir na casa dos meus avós porém não encontro meu avô em lugar nenhum e quando fico ouvindo a conversa da minha vó ouço alguém me gritar no portão.
Com os apelidos que conheço como ninguém e claro não vou dizer quais...
Ele senta comigo na velha casinha que construiu há anos deita em uma rede e começa ler seus livros mais antigos ouço tudo com encanto e magia é tudo tão lindo enquanto ele lê, vejo nele inspiração pra escrever mais histórias. E quando é minha vez de ler pra ele, foco em fazer bonito e ele sorri, com isso já ganhei meu dia. Voltamos pra casa leio um livro, assisto as mesmas coisas de sempre, hoje estou calma não me estressei, não me machuquei, não vi nada de estranho. Jantamos e enquanto isso continuo a escrever porém, fico sem inspiração e deito...

Vejo uma fumaça estranha, sinto um cheiro doce de perfume, ouço barulhos como assim me vejo levantando da cama e meu corpo continua lá? Como assim? Saio andando pela casa sinto dores e uma sensação pesada vejo meu pai doente, e no outro lado vejo coisas horríveis impossíveis de descrever. Tento correr e mais uma vez é em vão, tento acordar mas também não consigo e ja imagino o que vai acontecer ela vem mas, não vem sozinha chega acompanhada com seres que minha garganta trava ao tentar dizer os nomes. Me sinto zonza, não sinto mais o meu corpo e eles ficam sorrindo enquanto ela me observa com cuidado.
Eu sei, eu não deveria mas tenho medo deles e principalmente dela.
Grito, choro me desespero sensações que já viraram rotina. Ela passa sua mão pelo meu cabelo e só consigo gemer de medo eles tentam chegar mais perto, porém caio em um buraco fundo e quando vejo estou gritando no chão do meu quarto minhas mãos estão fechadas, meus pulsos inchados e estão como um X, a dor é insuportável grito o mais alto que posso meus pais tentam me ajudar mas como sempre é em vão. A presença da minha mãe ao mesmo tempo que me acalma me machuca, eu não consigo respirar não consigo movimentar meu corpo e no colo da minha mãe, começo perder totalmente o fôlego. Meu pai se desespera liga pra ambulância mas é muito longe do hospital em meio ao medo de me perder vejo ele indo buscar um amigo pra poder me levar até um médico, meu pai me pega no colo me perguntando se estou melhorando, me dizendo que vou ficar bem que não posso deixar eles mas, não consigo responder. Vejo tantas coisas estranhas ao meu redor, dores e medos tomam conta do meu ser, ao mesmo tempo que quero ser curada desejo morrer. Dentro de mim não tenho forças pra reclamar ou chorar então permaneço calada enquanto as lágrimas vão caindo.
Meu irmão chora passa a mão em minha cabeça no caminho pro hospital não consigo pensar em nada. Aperto forte o braço da minha mãe não consigo respirar tudo fica escuro de repente coloco a mão dela sobre meu coração e ela percebe o que estou tentando dizer: meus batimentos estão parando rapidamente e antes que ela comece a gritar o motorista já percebeu o que está acontecendo, ele para o carro tenta fazer alguns procedimentos mas é em vão eu já não vejo nada e a dor aos poucos desaparece.

A escuridão agora é real. Estava acordada quando todas as luzes do meu ser resolveram apagar.
Quando meu respirar ficou curto demais à ponto de não conseguir prosseguir. Quando aos gritos ouvi naquele momento antes de apagar o Eu te amo da minha mãe o pedido de Fica com a gente do meu pai. Pude escutar o meu irmão perguntando pra minha família se eu estava com muita dor.
E depois disso a única coisa que ouvi foi um silêncio profundo, não vejo ninguém sinto uma paz, diferente de tudo eu precisava descansar naquele momento.

Encontros com a escuridão, com o vale da morte sabe descrever quem passou por eles. A dor se torna cortante mas, chega uma hora que tudo para... o Gemido, o Terror, o Medo e a Dor e foi exatamente nessa hora que o meu coração parou.

A vida oculta de HeidiOnde histórias criam vida. Descubra agora