Só queria não estar aqui...

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  Silencio meus pensamentos e deixo me levar dou mais um passo e quando tudo finalmente parece estar chegando ao fim....
Ouço uma voz distante, fico confusa penso ser alguém querendo me pregar uma peça mas aqui não vejo ninguém além de mim... respiro fundo novamente e quando tento me jogar sinto uma dor de cabeça muito forte sento e começo a chorar um choro que estava preso o choro que escondo em meio as madrugadas vazias, meu peito dói, parece que o mundo acabou sem que eu precisasse me jogar.
Pego meu caderno e volto a escrever meus olhos insistem em molhar cada página e sem saber o que fazer desço daquele alto e volto pra casa.
Mais uma tarde normal brigas, discussões por bobagens e mais xingamentos. Entro pro meu quarto ouvindo tudo que não queria ouvir, não nesse momento.
Em meio ao choro adormeço, acordo já é tarde da noite e como disse tudo normal não almocei, não jantei, pego um salgadinho e vou assistir um pouco.
Já é 1 da manhã todos estão dormindo e a insônia como sempre chega para me fazer companhia procuro um canal mas não acho nada. Minha mãe acorda e senta pra assistir comigo os olhos estão inchados já até me acostumei parece que minha mãe sofre mais do que eu com toda essa situação.
Ela me olha, me pergunta se estou bem insiste em me fazer tomar o calmante pra dormir pois é, tenho apenas 14 anos e só durmo com remédios.

  __Mãe deita comigo?

  __Pelo amor Heidi, deitar, vou ficar aqui na sala qualquer coisa me chame.

  Vou pro meu quarto deito, abraço meu urso (Companheiro das minhas noites) e tento dormir.
O calmante parece não fazer efeito algum, viro de um lado pro outro já são quase duas e meia e o sono não vem. Minha mãe vai pro quarto e percebo que mais uma vez, sou a única acordada, e assim durmo rapidamente.

Sinto calafrios, dores, e uma vontade de sumir sinto um perfume adocicado e vejo que não estou sozinha... me vejo flutuando com uma força inexplicável ouço passos, sinto uma presença que me causa o desejo de morrer naquele exato momento. Tento acordar, tento fugir, não consigo, grito e quando ela diz o que queria dizer eu consigo acordar. Grito mais alto que eu posso pois ao abrir meus olhos vejo ela em minha frente chamo pela minha mãe ninguém acorda me debato na cama, ela sorri, quando já me vejo sem forças ela repete mais uma vez o que deseja e sai do meu quarto tranquilamente.
Eu grito, choro, todos em casa acordam minha mãe me abraça chorando, meu pai me olha com pena e, isso me machuca ainda mais, meu irmão tão pequeno chora vendo tudo aquilo, ele me pede pra ficar bem e vai dormir com meus pais.
Passo o resto da madrugada inteira acordada como faço há alguns meses. Mais uma vez, meus pais não vão trabalhar para ficar comigo. Durmo somente quando o dia amanhece, mesmo com sono tomo banho pra ir pro colégio é uma das piores partes do meu dia estou com dores no corpo, manchas roxas espalhadas e minha cabeça parece que vai explodir. Entro no ônibus e ninguém absolutamente ninguém quer sentar ao meu lado além de uma velha amiga que me ajuda quando não me sinto bem.
Ao chegar no colégio ouço grupos falando de mim, na realidade sou o assunto mais comentado, todos os professores me evitam dizem que finjo não estar bem só pra fugir das aulas, seria tão bom se fosse assim tão simples. Ainda bem que ninguém é capaz de sentir a dor do outro na mesma intensidade que ele sente.
Observo atentamente todas essas pessoas que diziam ser meus amigos fugindo de mim e fico me perguntando aqui no canto sozinha independente do ser humano seja ele quem for, não consigo imaginar onde fica sua paz.
  Continuo sem fome mas sou obrigada a comer. Acaba o intervalo volto pra sala e os barulhos começam a me incomodar... um bate o pé na cadeira, outro o lápis na mesa, um fala alto, grita, faz brincadeira, joga papel, rabisca o caderno peço para ir ao banheiro porém, não posso acabei de voltar do intervalo tento me concentrar no que o professor diz mas não consigo começo tossir, minha garganta parece queimar sinto dores péssimas na nuca começo vomitar, fico sem ar e vou parar no posto de saúde mais próximo.
E tudo que me dizem é: a pressão dela caiu.
Não quero voltar pra sala, mesmo assim tenho prova preciso voltar.
No entanto começo a sentir mais uma vez falta de ar, tento me controlar o máximo que posso mas, ao entrar novamente no ônibus caio no meio de todo mundo meu corpo todo dói minhas mãos estão machucadas, não sinto minhas pernas e é preciso o motorista mudar todo o roteiro para que eu chegue em casa rápido. E só sei que acabei de acordar no sofá de casa, minha mãe está do meu lado a casa está cheia de pessoas o som toca algumas músicas falando de Deus, tento levantar mas tudo parece rodar não consigo mexer minhas mãos, estou com braços e pernas arranhados um amigo me levanta e me dão água aos poucos vou reconhecendo todos que estão aqui. Peço para que tirem minha mãe de perto de mim, estou cansada de causar tanto sofrimento nas pessoas que amo. Quero sair mas ninguém deixa e a solução é ouvir os hinos que eles insistem em cantar.
Eu só queria ter me jogado e não estar aqui agora....

A vida oculta de HeidiOnde histórias criam vida. Descubra agora