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Clarissa

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Clarissa

"Clarissa,

Eu escrevi, apaguei, reescrevi, joguei fora, tentei novamente e repeti essas ações inúmeras vezes, na tentativa de conseguir colocar em palavras tudo que eu senti quando descobri que você é a menina que povoa meus pensamentos desde sábado à noite. A noite que mudou a minha vida.
Saber que você, de uma forma tão sutil e desinteressada, se instalou em meu coração, foi um choque pra mim. Um choque de uma forma boa, é claro.
Antes de qualquer coisa, quero deixar claro que eu vou me revelar pessoalmente a você, mas eu queria propor um tipo de cortejo. Vamos nos comunicar por cartas durante um mês. Após esse período, marcaremos um encontro onde nos veremos face a face e finalmente poderemos dar continuidade a essa história. Claro, caso você queira.
Você deve estar se perguntando o motivo de minha ocultação por esse período. Não se assuste, quero apenas provar ainda mais a veracidade do que Antoine Saint-Exupéry escreveu em "O pequeno príncipe":

"Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos."

Sabe, Clarissa, às vezes o que vemos não nos deixa enxergar o essencial. Eu preciso que você veja a minha essência antes de ver minha aparência. Preciso que consiga captar nos meus olhos, quando finalmente me vir, a veracidade de tudo que vamos compartilhar nesses 30 dias.

A minha proposta é: eu te enviarei as cartas todos os dias pela manhã, a colocarei no campo de futebol debaixo do último banco, do último andar da arquibancada 1, e caso você queira me responder, coloque no mesmo local antes das 13h do mesmo dia em que receber a minha carta mais cedo. Assim, vamos nos falar todos os dias úteis. Toda segunda-feira será um dia musical. Ao invés da carta, te enviarei um pen drive com a música que definirá o que estou sentindo naquele momento e, caso você não se importe, peço que faça o mesmo. Você pode me escrever sobre o que quiser, serei seu amigo, confidente, ouvinte ou qualquer coisa que me faça ter uma resposta sua. Pareço desesperado? Estou mesmo. Não quero sufocá-la com meu jeito, espero que entenda, por isso teremos sábado e domingo para respirar, tudo bem?

Aceita minha proposta?

Sim ou com certeza? Do seu aprendiz de Ian Clarke."

Eu reli cinco vezes no primeiro tempo da aula de hoje a carta que o garoto Austen colocou no meu armário. Sim, ele me encontrou e me escreveu!

Caramba! Preciso dar uma resposta antes das 13h, mas o que eu escrevo?

"Aceito sim, e aí, como você está?". Não.

"Aceito, claro, também estive procurando por você". Não.

"Aceito, só não me decepcione!". Horrível.

Calma, Clarissa, você consegue.

Enquanto eu pensava no que responder, voltei mentalmente até aquela noite incrível, quando nos conhecemos. Foi como se eu pudesse sentir tudo novamente, seu toque, seu aroma suave, sua voz abafada pelo som da festa, porém grave. Seu beijo e sua essência. Sim, lá eu conheci a essência dele, mesmo não olhando em seus olhos.

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