"Aos tolos que anseiam pela ação, sem pensar na razão, apenas vos resta o fundo do poço." -
"Erros acontecem não por incompetência, mas sim porque houve margem para isso, quando se reduz a margem de erro para um valor quase nulo, se erra menos." -GILBERTO CRUZ
I
O sol cintilante pairava impetuoso perante todos. O vapor efluía do asfalto das ruas e dos telhados, feitos comumente de fibrocimento naquele bairro. Defronte a um bar, do outro lado da rua, assentava-se uma casa, metade feita de eucalipto e o restante de tijolos. O pátio era quase todo preenchido por grama, exceto o estreito corredor de britas que se estendia do pequeno portão de madeira e arame até o alpendre na parte lateral traseira da casa. Por trás da porta localizava-se a cozinha, o chão era coberto por azulejos brancos, à direita logo pela entrada havia um armário alaranjado, centralizada ao cômodo se estendia uma mesa da mesma coloração. Seguindo em frente adentrando o próximo cômodo, logo pela direita podia-se ver a porta para o banheiro, à esquerda, encontrava-se a sala de estar, era a divisa entre a madeira e o concreto. O sofá marrom com listras brancas, posicionado na lateral esquerda, centralizado de fronte para a televisão LCD preta suportada por um rack amarelo. À direta da televisão podia-se ver a entrada para um quarto, sem porta, em seu interior jazia um jovem desnudo em sua cama, de costas para a porta.
- Por acaso você sabe que horas são? – Vociferou a garota baixinha de cabelos cacheados.
O jovem abriu os olhos vagarosamente, curvando-se em direção a garota. Fitou-a por um breve momento, movendo seus lábios ao produzir sons que expressavam sua raiva.
- Aparentemente é a hora em que você invade minha casa e interrompe meu descanso. –
- Já são quase duas horas da tarde e você ainda em cima da cama. Não é por acaso que vive nesse casebre caindo aos pedaços. –
- Presumo que o assunto seja urgente. – Levantou-se e caminhou em direção a garota. – Pois se não for... – Levou a mão direita ao seu rosto. – Lembre-se que você está dentro do meu território. –
A garota regalou os olhos, pasma. Torcia para o que estivesse escrito na carta, que fora lhe designada a entregar, coubesse no conceito de urgência.
- Toma! – Ela retirou o envelope do bolso e bateu-o com a mão em seu peito. –
Deslizou sua mão sob o braço dela até o envelope.
- Vejamos. – Murmurou ao abri-lo. Terminou de lê-la - Tenho absoluta certeza de que isso não é urgente. – Arremessou a carta sobre a escrivaninha com seu computador, e pôs em direção à jovem.
A garota percebera que já não havia para onde correr, estava encurralada na parede. – Jonny, o que pensa que vai fazer? – Indagou-o com a voz tremula.
- Espero que suas mãos saibam... – Guinou prontamente para à esquerda, indo rumo ao banheiro – Preparar um café bem gostoso, estou com fome. – Jonny levou sua mão até a cabeça do gato deitado sobre o sofá. – Olá Graves. – Acariciando-o.
A garota corada gritou. – Jonny, seu... –
- O quê? – Virou-se dando de ombros. – Achou que eu ia...? – Gargalhou. – Devia ver sua cara. –
- Eu não sou sua empregada! – Cruzou os braços e virou o rosto para o outro lado. – Cubra logo essa coisa aí, seu tarado. –
- Eu estou na minha casa, lembre-se que você a invadiu para começo de conversa. Ainda por cima, interrompeu meu precioso sono, nada mais justo do que você me preparar um café, enquanto eu me banho. – Adentrou o banheiro, trancando a porta.
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Ordem das Sombras: O Dragão Adormecido
FantasiaUm jovem mercenário aceita uma proposta arriscada de adquirir poderes para que possa exercer melhor o seu trabalho, no entanto, acabou adentrando em uma situação que o levou a um caminho sem volta. Agora é fazer ou morrer.