Sobreviver

3 0 0
                                    


— Não deixe aqueles médicos estúpidos encostarem um dedo no seu corpo. — Disse com firmeza olhando o rapaz saindo para seus afazeres.

— Sim, mestre. — Ele assentiu e continuou seu caminho seguindo pelo carrasco que antes o levava para o castigo e agora o conduzia até a saída.

A alma de Hongbin agora corrompida e transformada, precisava voltar ao seu corpo original e seguir a missão que Asmodeus havia passado na Catedral. As condições de sua volta seria a obediência, a fidelidade, a discrição e a deserção do plano terreno. Hongbin queria ver as coisas consertadas antes de partir para sempre e para que isso acontecesse teve que fazer pacto com o demônio, então pelo seu ótimo caráter admitiu que teria obrigação de cumprir o que lhe fora passado.

Asmodeus arrumou a coroa de ossos tombada de lado olhando seu mais novo servo partir, sabia que se ele viesse dar trabalho a primeira coisa que faria seria sugar sua essência da maneira mais dolorosa possível, pois o preço da traição é a morte. Hongbin percorreu o mesmo caminho com o carrasco, desta vez nenhum diabrete ou criatura sobrenatural ousaria a chegar perto de alguém como ele, sua aparência infernal em si era bela mas ainda sim superior e no inferno todos respeitam a hierarquia. Todos tinham medo dos protegidos de Asmodeus.

Os grandes portões se abriram, libertando com um grande sorriso a alma que um dia, lamentará ter entrado.



O hospital estava um pandemônio, o quarto com o paciente em coma chegava a dar nos nervos do médico responsável. Enfermeiros faziam de tudo para acalmar a mulher aos prantos perto do corpo do filho, o pai preocupado discutia sobre as condições atuais e financeiras para conseguir pagar pela sobrevivência de sua criança.

— Não posso fazer nada Sr. Lee — Disse com a expressão triste. — Foram ordens de cima.

— Por favor Doutor, meu filho ele pode voltar a vida. — Disse o pai começando a expor as lágrimas de angústia.

Eu queria, mas é o protocolo. — Colocou a mão nos ombros do pai transmitindo tranquilidade.

O Doutor não podia fazer nada vendo a situação dos pais, decidiu uma última tentativa e conversar com o diretor a respeito, mas antes de proferir uma sentença, o quarto foi invadido por dois homens com expressões sérias. Não pediram licença nem terminaram de ler o protocolo, apenas desligaram a máquina e a bomba de oxigênio deixando o quarto todo em silêncio. Os homens não disseram uma palavra, assinaram o papel do protocolo e saíram sem ao menos prestar satisfação aos pais ou ao Doutor responsável.

A mãe correu em direção a cama aos prantos, inconsolável pela perda do filho. O pai só conseguiu se sentar em uma cadeira com ajuda dos outros, seu corpo estava em choque com tamanha a crueldade daquelas pessoas. O Doutor sem saber o que fazer, consolou os pais, abismado com a atitude das pessoas na administração. A confiança que tinha na política do hospital de salvar as vidas em perigo, não existia mais, somente o desprezo.

— Mãe, porque a senhora tá chorando?. — A Voz do rapaz quebrou o silêncio do quarto em luto, todos levantaram desesperados pela situação. O Doutor correu até o paciente checando os sinais vitais e pressão cardíaca. — Estou bem... — Forçou-se a levantar no mesmo instante que o médico havia colocado a mão em seu pulso. Lembrou das palavras de Asmodeus e sentiu um pânico tomando conta de si, puxando seu pulso da mão do Doutor automaticamente.

— Bin-ah! — A mãe chorava desesperadamente, agora aliviada, abraçou o filho como se não o visse a anos.

— Me perdoem, isso não vai acontecer de novo, prometo ser um filho melhor. Não vou decepcionar vocês, eu prometo. — Olhou no fundo dos olhos da mãe e do pai que estava em pé a sua frente com a expressão de choque, retribuiu todos os abraços de uma forma carinhosa.

Como seduzir um deusWhere stories live. Discover now