† you are so right.

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Eu cheguei em sua casa pela primeira vez em uma noite de inverno, junto com minha madrasta — sua irmã — e o meu pai. Eu não sabia o que esperar dos seus pais religiosos, mas tive uma provinha da ignorância de ambos quando eles me olharam de cima a baixo, me rasgando por dentro.
   
Mas amor eu estava acostumado em receber aqueles olhares, por isso não me importei ao cumprimenta-los, sorrindo de orelha a orelha, fingindo o maior cinismo de todos. Eu sabia que meu jeito despojado, minhas tatuagens e meus piercings não seriam bem-vindos em sua casa, afinal você é filho de uma família crente, careta e chata, não é Jeon?
   
Sua irmã parecia feliz enquanto abraçava eles e meu pai mesmo não gostando de estar ali, sorria, por educação. Mas, anjo, eu já havia parado de me importar com o que acontecia ao meu redor, pois no mesmo momento em que pus meus olhos em você senti que estaria fodido durante esses dias em sua casa. Porra, Jungkook, você vestia um moletom duas vezes maior que seu corpo, puxando as mangas para que cobrissem suas mãos pequenas e suas bochechas estavam vermelhas.
   
Estava com vergonha, eu via isso.  Todos viam.
   
Tão lindo que chegava a ser crime contra minha saúde mental. Exalando uma coisa que há tempos eu não via. Inocência.
   
Uma inocência verdadeira e bonita, que arrancou de mim qualquer resquício de moralidade. Porque a única coisa que passei a pensar era em como você ficaria bem sem roupas, em como ficaria bem gemendo meu nome por todos os cômodos daquela casa.
   
Todos pareciam alheios aos olhares de segundas, terceiras, quartas intenções que eu te mandava, mas era melhor assim, não é amor? Ninguém poderia saber.  Eu não prestava atenção em nada, você havia se transformado na minha nova meta de vida particular. Te prender, te morder, te beijar, eram coisas que eu precisava fazer.
   
Não acreditei quando soube que você possuía 17 anos, tendo em vista que sua irmã falava sobre você como se fosse uma criancinha de 5. Doce, gentil e inocente.
   
Eu fiquei sabendo que você era assim por causa de sua educação, era regrado ao máximo por seus pais e tudo que fazia era supervisionado por eles. Você lia todas as noites um versículo da bíblia e frequentava a igreja semanalmente, mas Jungkook, você gostava?
   
Eles confiscavam até seu celular, amor. Mas mesmo assim não se livraram do maior problema.
   
Eu.
   
Afinal fui eu quem fiz tudo, meu bem. Eu que te mostrei o mundo, os prazeres dele. Eu que fiz você implorar por uma noite inteira igual uma vagabunda.
   
Eu era assumidamente gay e não foi surpresa para ninguém, por isso não entendi sua surpresa quando soube, me encarando com os olhinhos curiosos e doces.  Apostaria minha vida para saber o que passava em sua cabeça naquele momento.
   
Acho que você se sentiu atraído por mim sem nem entender, Jungkook, afinal me olhava o tempo inteiro com os olhinhos de jabuticabas tímidos.
   
Eramos verdadeiros opostos e parecíamos um clichê ambulante.
   
— Gguk, ajude o Taehyung a levar as malas para o seu quarto.
   
— Está bem.
   
Então nós levantamos carregando as malas. Você ia na frente me mostrando o caminho e eu apenas te admirava de costas, notando o quanto seu corpo deveria ser lindo sem todo aquele tecido largo.
   
Seu quarto era uma merda, Jungkook. Completamente branco e com um quadro de Jesus Cristo na parede. Não era o quarto de um adolescente normal, e quando eu entrei precisei me segurar para não revirar os olhos.
   
Você era tão certinho...
   
Eu lembro que nós ficamos em um silêncio por um tempo, com as malas já deixadas em um canto. Você ficou tímido estando sozinho comigo e continuou puxando as mangas do maldito moletom, algo que notei mais tarde ser uma mania sua. Seus cabelos castanhos virgens estavam despenteados e você corou quando notou que eu te analisava.
   
Sei bem o porquê, amor.
   
Eu te olhava como um legítimo filho da puta, louco para te foder gostoso.
   
Sentado na cama, de pernas esparramadas e escorado nos cotovelos, eu tinha resolvido que deveria tomar uma atitude.
   
 — Você não precisa ter vergonha.
   
Você suspirou, acanhado.
   
— Não estou com vergonha.
   
Ah, nos dois sabiamos que sim.
   
    Por quê?
   
— Você não gosta de enfeitar o quarto?
   
Eu havia puxado um assunto, apenas para te ver dizer que seus pais não gostavam da ideia. Meu resmungo foi nítido, porque o fanatismo deles claramente te afetava. Mesmo que você dissesse estar tudo bem.
   
 Em contra-partida você era curioso sobre mim. Me encarava de cima abaixo, notando todas as minhas tatuagens e piercings, coçando a língua para me perguntar sobre. Você gostava da maneira como eu me expressava, da forma como eu não era reprimido igual você.
   
Isso me fascinava. Você exalava virgindade, Jungkook.
   
Naquele momento nós tivemos a nossa  primeira conversa. Você teve a coragem que queria para perguntar sobre minhas tatuagens e eu tive para perguntar de volta se você queria fazer alguma.
   
Sua reposta já parecia ensaiada.
   
Não é aceito na minha religião.

Foi o que você me disse, e eu, obviamente, me segurei para não mandar você se foder.
   
Meu pensamento sobre isso não era o mesmo que o seu, anjo. Eu não via tatuagens e piercings como um pecado, muito menos sentir atração por outros homens, entretanto para você tudo era muito intenso e qualquer passo em falso você achava que iria parar no inferno.
   
Novidade então, Jeon. Talvez você vá para o inferno por ter engolido todo o meu caralho naquela noite.
   
Por ter revirado os olhos enquanto gemia que estava quase lá.

Mas não vou adiantar tanto, meu bem, tem mais coisas por ai.
   
Então eu disse para você que poderia me chamar de hyung, por ser dois anos mais velho eu achei que seria uma boa ideia. Você sorriu e concordou, gostando da intimidade que estavamos ganhando. Pensa que eu não notei?
   
A verdade era que ouvir você me chamando de hyung era excitante, para um caralho. Mesmo que não fosse uma palavra com teor de sexualidade, eu era um maluco. Você gritou hyung, você gemeu hyung.
   
Tem ideia do quão satisfeito eu estava?
   
Nós não ficamos muito tempo sozinhos, logo sua mãe apareceu e disse que era a hora do jantar. Contragosto você foi, e eu fui atrás.
   
Mas ninguém havia me contado que teria uma oração antes. Meu suspiro desconfortável foi percebido por você enquanto todos estavam orando, de olhos fechados. Você sorriu bonito e naquele momento eu soube que talvez compartilhávamos do mesmo sentimento.
   
Você não era feliz.
   
Comemos quietos, ouvindo a conversa deles. Em nenhum momento você tirou a cabeça do prato, acho que seus pais não deixavam você participar dos assuntos. Eram coisas de adulto, não é?
   
Mas eles sabem das coisas de adulto que você fez por debaixo do nariz deles?
   
Depois de jantar tedioso que tivemos eu te convidei para ir na varanda comigo, você foi, mesmo com vergonha. Pareceu não se importar enquanto eu fumava um cigarro do seu lado. A vista que nós tinhamos era linda, anjo. Por você morar em um sítio do interior, o vasto campo que nos rodeava trazia paz.
   
— É diferente da cidade grande? — você quis saber, curioso.
   
    — Sim, muito.
   
Eu te perguntei se você queria sair, dar uma volta na cidade grande, conhecer prédios e ruas movimentadas. Sua resposta foi dolorosa.
   
 Meus pais não deixam.
   
Tantas coisas que você se auto privava, tantas coisas do qual era curioso para saber e, o mais importante, eu via como você também me queria. No fundo dos olhos você mentia quando dizia que não era certo, enquanto eu te prensava em uma parede nos fundos de sua casa.
   
Você gemeu quando beijei seu pescoço e agarrou a barra da minha camiseta, mas não me empurrou, Jungkook. Você continuou me trazendo para perto, pensando que talvez nós poderíamos nos fundir um com o outro.
   
Seu peito subia e descia contra o meu, demonstrando seu nítido nervosismo. Ninguém nunca havia te tocado daquele jeito, eu fui o único. Fui o único que tocou sua pele por debaixo de todos aqueles panos, fui único que te fez corar de tesão e fui o único a te beijar com gosto, mesmo com sua inexperiência.
   
Meu cheiro forte de cigarro e perfume masculino parecia te enlouquecer enquanto nos pegavamos. Eu era um homem e você gostou. Gostou tanto que não conseguia se controlar direito.
   
Era o nosso segredinho.
   
Eu arfava pesado contra você e te dizia um monte de sacanagens.
   
— H-hyung...
   
Entretanto essa era sua resposta para tudo.
   
Eu tinha tanto o que te ensinar.
   
Naquela noite, depois de nossa primeira pegação eu resolvi brincar com você. Te larguei ali, prensado contra a parede e entrei, sem trocar uma palavra contigo. Eu queria saber qual seria sua próxima reação.
   
Você entrou logo depois fingindo estar bem e subiu direto para o quarto, me fazendo rir. Tão sensível.
   
Mas havia sido só o começo e eu só estou iniciando.

pra qm n entendeu, o taehyung eh enteado da irma do jungkook, ate o proximo 💜

trespass | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora