Depois de dias ouvindo reclamações dos seus pais sobre o mundo pervertido em que vivemos, as brigas sem sentido que às vezes acontecia entre eles e minha madrasta — sua irmã — quando ela não concordava com algo ou simplesmente aumentava o tom de voz e os cacarejos das galinhas em plena 6:00 horas da matina, finalmente minha pequena hospedagem havia chegado em seu fim.
O dia da minha partida não fora melancólico e tampouco surpreendente, mas mesmo assim nós aproveitamos ele como se fosse a última vez que nos veríamos.
Você conseguiu novamente me arrastar para a imensidão que era você, para cada pequeno traço esculpido do seu rosto. E eu, normalmente e acostumado com a idéia de que nunca mais pararia de me afogar com isso, fui.
Fomos parar em um rio, onde seus pais costumavam pescar todos os finais de semana. Você retirou suas roupas primeiro que eu e com um sorriso que refletiam dez mil supernovas em seus olhos, segurou a minha mão para que eu fizesse o mesmo. E eu, normalmente e acostumado com a idéia de que nunca mais pararia de me afogar com isso, o fiz.
Nós tomamos banho juntos na água cristalina e gelada, entretanto seu corpo quente fez contraste com o meu ao ponto de eu esquecer até mesmo o meu próprio nome. Nada era o mesmo. Não existia nem mesmo uma água fria em um final de tarde onde o sol já estava descansando e colorindo o céu com tons bonitos de amarelo e laranja.
Eu sentia aquela famosa sensação novamente se aflorando dentro de mim, para me relembrar que eu estava fodido. Enquanto você gargalhava e jogava água para cima como uma criança, eu te admirava em silêncio. Em um silêncio perturbador até mesmo para mim.
E foi até que, por obra do destino, estivesse na hora de voltar para dentro.
Você costumava me perguntar coisas fúteis. Sua cabeça deitava em meu peito e sua mão timidamente traçava círculos pelo meu abdômen. Seus cabelos nesses momentos eram extremamente atrativos e eu não segurava a vontade de acarinciá-los. Talvez esse tenha sido o meu erro fatal.
— Rock, então?
— Definitivamente rock.
— Meus pais falam que é música do demônio.
— Eles também falam que garotos não se beijam. Veja você agora.
Você sorria quando eu dizia algo do tipo, porque provavelmente se sentia menos culpado ao fazer isso. Mal sabia você.
— Eu gosto de... beijar você. Isso não me faz… hum, você sabe.
— Gay?
— Gay.
Então, o assunto morria, o quarto ficava silencioso e você mordia seus lábios perdido em seu próprio mundinho paralelo.
As coisas não eram fáceis para você. Talvez você sempre terá que conviver com a angústia de não poder levar o seu namorado para casa dos seus pais. Não haverá jantares de família e seu pai não irá ensina-lo boas maneiras, assim como sua mãe não irá implicar para que ele seja bom para você como um namorado deve ser. Eu compreendia isso, por isso nunca cobrei que você se rotulasse gay.
Isso também nunca foi da minha conta.
— Romances são clichês, eu acho. Você não pode se apegar a uma idéia mentirosa.
— Amor é mentiroso pra você, hum?
Quem diria, eu estava realmente debatendo sobre amor com um pirralho em plena madrugada.
— Não. O amor é bonito, mas romances são mentirosos.
— Não pode ter um final feliz, Jungkook?
VOCÊ ESTÁ LENDO
trespass | taekook
FanfictionTaehyung sabia muito sobre o mundo, Jungkook teve certeza disso quando ele chegou em sua casa ostentando tatuagens, piercings e uma atmosfera intimidadora. E mesmo que seus pais religiosos lhe dissessem qual era o caminho, Jeon não resistiu a tentaç...