Capitulo 2: Uma despedida conturbada

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Estava dormindo tranquilamente quando batidas frenéticas na minha porta me fazem acordar, e graças á minha inquieta e, as vezes irritante, cabeça, eu não consegui ter uma boa noite de sono. Segui em direção a porta tropeçando em meus tênis e quando abri vi Helena, com um sorriso de orelha a orelha.

-Bom dia, Boneca. -Disse em um tom baixo em meio a bocejos.

-Bom dia... Marco? -Mesmo em duvida do meu nome, ele ainda mantinha aquele sorriso, que eu particulamente achava muito estranho para alguém que acabará de o noivo. -Bom... Eu vim avisar que eu vou embora...

-Mas já? Deixa eu pelo menos preparar alguma coisa pra você comer e...

-Não precisa. Sério. Eu só quero arrumar as coisas pra uma... Homenagem ao Jean e ir pra casa...

O tom da voz dela abaixou, enquanto ela desviava o olhar e passava a mão na nuca. Dei um breve suspiro apenas balançando a cabeça que sim.

-Só... Toma cuidado, valeu? -Dei um leve soco e gentil no braço dela dando um sorriso.

-Aah, sim. Claro...

Ficou um silêncio enquanto a gente se encarava, tinha algo errado no olhar dela. Olhos grandes, boca contraída, mãos entrelaçadas, as mesmas coisas que Clarissa fazia quando não queria fazer a comida ou quando queria executar algum plano maluco... Ela definitivamente ia me pedir algo, acabei dando um recuada por instinto e disse..:

-V-você precisa de mais alguma coisa?

-Por favor, vem comigo pra Colônia.

Eu falei que tinha merda vindo.

-Colônia é o lugar que você mora, certo?

-Certo.

-E você quer que eu vá pra lá pra te escoltar?

-Não, pra morar mesmo.

-Não.

-EBA... ESPERA, O QUE?!

-Não, não vou.

-Mas por que?

-Porque eu estou esp... Porque eu to ficando bem sozinho.

-Vem comigo. Lá é confortável, tem sempre gente de segurança, as pessoas sempre são amigaveis com quem um de nós leva.-Fiquei quieto olhando ela tentar me convencer. -Quanto tempo você mora aqui?

-Dois anos.

-A dois anos você tem morado sozinho e... E... Você não está a dois anos sozinho, espera... Marco, você não quer ficar porque tem esperança dela voltar quer? -Mas uma vez eu fiquei em silêncio, mas dessa vez eu abaixei o olhar.

-Eu nunca encontrei o corpo dela.... -Acabei dizendo baixo. -Eu vasculhei cada ninho dos mutantes que tem aqui e nunca encontrei um fio de cabelo que fosse. E-eu só queria ter a certeza de como ela está, viva ou morta, eu estaria mais aliviado...

Sinto mãos em minhas bochechas abaixando meu corpo, Helena colocou minha cabeça sobre meu ombro e passou os braços pelo meu pescoço em um abraço.

-Eu não cheguei a conhecer Clarissa, mas pra você uma pessoa boa desse jeito, duvido que ela era uma má pessoa... Você, mais do que ninguém sabe que ela não ia querer que sofresse desse jeito. E-eu não garanto que você vai ser feliz lá, mas não vai estar sozinho... -Ela se afastou dando alguns passos para trás. -Eu vou fazer um pequeno... Memorial para o Jean... Se quiser ir comigo, me encontra nos antigos metros em uma hora. A decisão é sua...

A garota pegou a bolsa que estava no sofá e sai balançando a mão em despedida. Eu apenas suspirei me jogando, que dá um estalo e quebra o engradado, me levando ao chão. Levantei dando uns grunhidos de dor e suspirei.

Uma nova esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora